Entrevista:O Estado inteligente

sábado, outubro 10, 2009

VEJA Recomenda


EXPOSIÇÃO


VIVA VILLA! (a partir de segunda-feira, 12 de outubro,
no Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro)
Homenagem aos cinquenta anos da morte de Heitor Villa-Lobos, a exposição apresenta o maestro em suas diferentes facetas: o compositor que concebeu uma linguagem musical com acento brasileiro, fez canções infantis, criou o bloco de carnaval Sôdade do Cordão e ajudou a introduzir o canto orfeônico no currículo das escolas brasileiras durante a ditadura de Getúlio Vargas. Serão exibidos objetos pessoais, fotos, manuscritos e partituras que vieram do Museu Villa-Lobos e de instituições estrangeiras como a Biblioteca do Congresso Americano e a Biblioteca Nacional da França, país onde o compositor viveu nos anos 20. A maior atração é a réplica em tamanho real de um trem com cinco vagões, alusão à obra Trenzinho Caipira. Ao percorrê-la, o espectador vê, através das janelas, cenas de concertos, imagens domésticas da família de Villa-Lobos e cenários que inspiraram sua obra, como o sertão e a Amazônia.

Acervo Museu Villa-Lobos

EXPOSIÇÃO
Villa-Lobos: a vida apresentada
em vagões de trem


LIVROS

FEITIÇO DE AMOR E OUTROS CONTOS, de Ludwig Tieck (tradução
de Maria Aparecida Barbosa e Karin Volobuef; Hedra; 224 páginas; 22 reais)
Expoente da primeira geração do movimento romântico na Alemanha, Ludwig Tieck (1773-1853) era um admirador dos contos folclóricos de seu país e das peças mais fantasiosas de William Shakespeare – como A Tempestade, que ele traduziu para o alemão. Os seis contos desta coletânea atestam esse gosto pela narrativa mais extravagante: são histórias de terror, eivadas de detalhes lúgubres e até sórdidos – incesto, assassinato –, mas que ainda assim conservam o encantamento luminoso dos contos de fadas. O Loiro Eckbert, que abre o livro, é um bom exemplo: começa com uma situação típica das histórias infantis – a menina abandonada tentando se achar em um bosque – e vai progredindo por uma série de crimes gratuitos, até a revelação monstruosa do final.

CENAS DA VIDA NA ALDEIA, de Amós Oz
(tradução de Paulo Geiger; Companhia das Letras; 184 páginas; 38 reais)
Na juventude, o escritor israelense Amós Oz viveu em um kibutz – uma fazenda coletiva. Hoje, ele mora em Arad, pequena cidade do Deserto de Negev. A experiência da vida em localidades pequenas e isoladas transparece nesta coletânea – sete dos oito contos têm lugar em uma aldeia fictícia, Tel Ilan. Não é uma visão compassiva: são contos muitas vezes amargos, com personagens que buscam a aldeia não pela suposta vida simples do interior, mas para se refugiar de vilezas e mesquinharias do passado. Um dos maiores escritores de seu país, Oz, de 70 anos, é conhecido como uma personalidade atuante – e uma voz moderada – no conturbado cenário político de Israel. Mas se irrita com os críticos que tentam ler alegorias políticas em seus contos: "A ação do livro transcorre em Israel, mas ele não trata da condição israelense, e sim da condição humana", disse em entrevista ao jornal Haaretz.

DISCO

ALL IN ONE, Bebel Gilberto (Verve)

Henrique Gendreo/divulgação

DISCO
Bebel Gilberto: uma voz suave
para todos os estilos


Lançado em 2000, Tanto Tempo vendeu 900.000 cópias no mundo todo e lançou Bebel Gilberto como a grande intérprete da bossa eletrônica – versão moderninha da bossa nova que teve seu pai, João Gilberto, como um dos pioneiros. Os ruídos eletrônicos combinados com ritmos brasileiros se fazem presentes em All in One – especialmente em Chica Chica Boom Chic, música do repertório de Carmen Miranda. Mas o novo disco é mais diversificado. Traz uma bossa nova com arranjo muito tradicional, Bim Bom (composição do pai da cantora), e duas canções de contagiante levada pop: The Real Thing, de Stevie Wonder, e Sun Is Shining, versão para uma música de Bob Marley. Bebel exibe seu talento de compositora em músicas como a preguiçosa Port Antonio. All in One mostra que a voz de Bebel vai bem com mais de um estilo.



DVDs


I LOVE LUCY – A PRIMEIRA TEMPORADA

(Estados Unidos, 1951. Paramount)
Durante seis anos, entre 1951 e 1957, a ruiva Lucille Ball conjugou várias revoluções em um mesmo programa de TV – invadiu o clube masculino da comédia americana, pôs abaixo o conto da carochinha da mulher em estado beatífico com o casamento (o seu próprio, com o marido em cena e na vida civil, Desi Arnaz, era uma bagunça) e, o mais interessante, destilou a fórmula seguida até hoje pelas sitcoms, as comédias de situação. Os 35 episódios da temporada inaugural de I Love Lucy, assim, não carecem de interesse histórico e antropológico. Mas, exceto o piloto da série, um rascunho sem muito rumo, merecem ser vistos por uma razão bem mais elementar: Lucille era uma comediante de imenso talento e capaz de resistir ao mais duro dos testes – cinco décadas de mudanças sociais que poderiam ter desatualizado completamente seu humor, mas mal chegam a arranhá-lo.

Divulgação

DVD
I Love Lucy: a avó de todas
as séries cômicas americanas



SHORT CUTS – CENAS DA VIDA (Short Cuts, Estados Unidos, 1993. Lume)

Divulgação

DVD
Short Cuts: a tragédia dos
pequenos acontecimentos


Depois de uma longa fase em que parecia ter perdido a capacidade de se comunicar com o público e também com a crítica, o diretor Robert Altman (1925-2006) reencontrou seu prumo e renasceu artisticamente – primeiro com O Jogador, de 1992, e de forma gloriosa com Short Cuts, no ano seguinte. Ao adaptar contos do escritor Raymond Carver, um dos ícones do minimalismo literário americano, Altman arma uma rede de pequenas histórias, vividas por diferentes personagens, que não se cruzam propriamente, e sim apenas se tocam. Tudo muito simples, mas devastador na sua concepção dos acontecimentos que, inofensivos para uns, ressoam de forma trágica para outros. É emblemático o enredo do padeiro que atormenta uma freguesa que não foi buscar um bolo de aniversário, sem saber que o dono da festa acabou de morrer.

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