O GLOBO
PANORAMA ECONÔMICO
O ministro Guido Mantega disse que será técnico e neutro no político ano de 2010. “Deixei a camisa de militante quando assumi o cargo de ministro.” Ele disse que vai subir o primário para 3,3% em 2010. “Não vai ser fácil, porque isso significa frustrar alguns projetos.” Afirmou que falará com todos os candidatos para que defendam os fundamentos econômicos. “É o projeto do Brasil.”
Conversei com Mantega no programa Espaço Aberto, da Globonews, que foi ao ar ontem à noite. Perguntei a ele qual será o comportamento no ano eleitoral.
Ele lembrou que em 2006 também não teve um comportamento de militante na direção da pasta: — Os juros chegaram a subir. Fizemos o que tínhamos que fazer. Serei técnico e neutro e vou, inclusive, fazer uma campanha junto a todos os candidatos para que sejam mantidos os fundamentos da política econômica, porque o que nos salvou nesta crise foram exatamente os fundamentos.
Serei o propagandista disso, porque esse é o projeto do Brasil — disse ele.
O ministro admitiu que desistiu do projeto de taxar a caderneta de poupança, por falta de apoio político.
— A ideia era taxar a poupança porque os juros estavam caindo e havia o risco de uma migração em massa dos recursos dos fundos, que estão hoje em R$ 1 trilhão, para a poupança.
A gente trabalhava com a hipótese de que os juros continuariam em queda — disse Mantega.
Perguntei se ele já não trabalha mais com essa hipótese, e ele disse que jamais desistirá de querer juros mais baixos, mas que isso ocorrerá quando o Banco Central decidir: — Por enquanto, o BC não está dando sinais de que vai continuar derrubando as taxas.
Por isso, ele acha que o problema foi um pouco adiado, já que os fundos continuam com uma rentabilidade maior do que a poupança, até porque alguns administradores derrubaram as taxas de administração.
Mas admite que o calendário eleitoral interferiu: — Estamos em ano préeleitoral e os nossos parlamentares, a nossa base, estão resistindo a qualquer mudança. No começo do ano, me reuni com os parlamentares e expliquei que a medida abriria espaço para queda maior dos juros.
Eles concordaram. Na véspera de mandar o projeto, os líderes disseram: “Peraí, agora não dá.” Como a taxa de juros parou de cair, o problema foi adiado.
Sobre os juros, o ministro da Fazenda disse: — Eu não estou conformado, acho que o Brasil tem uma distorção na taxa básica de juros. Não há razão alguma para termos uma taxa maior do que as da Rússia, Turquia, países emergentes com situação menos sólida que a nossa. Nossos juros reais não precisam ser maiores do que dois e meio, três e meio porcento. Nós vamos conseguir isso, mas ficará para o próximo governo.
Sobre a valorização do real, o ministro disse que é resultado de o Brasil estar indo bem demais para as circunstâncias do mundo: — O país é a bola da vez.
Mostrou solidez, competência, oferece condições que os outros não oferecem.
Se você aplicar US$ 100 mil nos EUA, terá R$ 100 de rendimento mensal.
Se aplicar na bolsa brasileira, por exemplo, que foi a que mais subiu em termos reais, terá um ganho muito maior. O Brasil é visto como oportunidade.
Não digo que o real vai continuar se valorizando, mas era inevitável a valorização.
Estamos comprando reservas e o governo está atento. Por enquanto, o único instrumento a usar é esse. Estamos avaliando o que é possível para atenuar o problema.
Estamos obser vando o que outros países estão fazendo, principalmente os países asiáticos, que estão com o mesmo problema.
Não teremos o câmbio administrado da China e achamos que instrumentos como a quarentena estão desgastados. Vamos discutir com o G-20 alguma saída coordenada. Aqui dentro, estamos barateando as linhas de financiamento do exportador. No pré-embarque, o Tesouro paga uma parte dos juros.
Mantega acha que não haverá elevação dos juros no ano que vem, ao contrário do que o mercado está prevendo: — Alguns analistas se precipitaram, não vejo um aquecimento maior da economia que exija elevação dos juros. Está havendo retomada, mas ainda estamos próximos de taxas negativas para o ano. Minha previsão inicial de 1% era inicialmente só minha, agora, alguns estão aderindo. No próximo ano, o país deve crescer 4,5% e 5%. Tem gente que acredita em crescimento maior, mas não vejo sentido, até porque vamos retirar os estímulos fiscais como a redução do IPI.
Ele negou que esteja pensando em prorrogar a isenção para a linha branca e acha que não é necessário, porque as vendas aumentaram e até está havendo falta de produto. Sobre a recuperação deste ano, ele acredita que os dados vão mostrar que o terceiro trimestre cresceu 2% em relação ao segundo. Insisti, dizendo que está se falando em prorrogação do benefício para linha branca e ele respondeu: — Quem decide sou eu.
Ontem, o debate continuou dentro do governo sobre prorrogar ou não. E de novo as razões para manter o benefício eram políticas e não econômicas.
oglobo.com.br/miriamleitao • e-mail: miriamleitao@oglobo.com.br COM ALVARO GRIBEL
Entrevista:O Estado inteligente
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