Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, maio 01, 2009

VEJA Recomenda


CINEMA

Divulgação
Alexandra: o colapso da "Mãe Rússia", na visão de uma avó

ALEXANDRA (Aleksandra, Rússia/França, 2007. Desde sexta-feira em cartaz)

• A ideia em si já é belíssima: uma avó pega carona em trens militares e tanques para ir visitar o neto, capitão do Exército russo estacionado em um acampamento na Chechênia rebelde. E a execução do grande diretor Aleksandr Sokurov, então, é superlativa. Filmando em locação, numa caserna caindo aos pedaços onde mal há o que comer e em uma cidade chechena semidestruída e dependente do comércio miúdo com seus invasores para sobreviver, Sokurov mostra imensa compaixão para com os dois lados. Os soldados russos, na maioria ainda quase meninos, cercam a velha Alexandra como abelhas meio tontas – carentes, sofridos e sem nada que alivie sua rotina massacrante, eles tocam Alexandra a cada oportunidade, arrumam flores na mesa do seu almoço, cercam-na de atenções e se deleitam com suas broncas. Na cidade chechena, onde Alexandra vai fazer compras, a experiência é outra: hostilidade por parte dos homens, humilhados pela ocupação, e comunhão com as mulheres, para quem a guerra é só mais uma entre tantas penúrias. Interpretada pela soprano Galina Vishnevskaya, um ícone da ópera, a protagonista é uma personagem rica e repleta, que simboliza também um desamparo extremo – aquele deixado pelo colapso da "Mãe Rússia" e a falta de qualquer coisa mais sólida que possa tomar o seu lugar.

DVD

F. Micelotta/Getty Images
Stevie Wonder ao vivo: raro registro do grande entertainer em ação

LIVE AT LAST: A WONDER SUMMER NIGHT, Stevie Wonder (Universal)

• Ícone da Motown, gravadora que abrigou os maiores astros da soul music, Stevie Wonder sempre foi um extraordinário entertainer. Canta divinamente, toca vários instrumentos e conhece a difícil arte de conquistar as plateias. É de surpreender, portanto, que os registros de suas apresentações ao vivo tenham sido tão raros em mais de quarenta anos de carreira. Gravado em 2008, no 02 Arena, em Londres, durante a turnê do disco A Time to Love, o DVD Live at Last corrige essa falha. O repertório abrange todas as fases da carreira de Wonder – com destaque para canções da década de 70, auge criativo do compositor, como You Are the Sunshine of My Life e Sir Duke – e uma bela surpresa: All Blues, de Miles Davis.

DISCO

Divulgação

Bob Dylan: pegada
roqueira e citações
de clássicos do blues

TOGETHER THROUGH LIFE, Bob Dylan (Sony)

• Em entrevista publicada em seu site oficial, o cantor e compositor americano Bob Dylan disse que Together Through Life teria como inspiração "os discos da Sun e da Chess", gravadoras que propagaram o rock e o blues da década de 50. Falava sério. O novo trabalho tem uma pegada mais roqueira que seu antecessor, Modern Times. As dez faixas do álbum se alternam entre o blues acelerado e o honky tonk (um parente country do rock’n’roll). As letras de Dylan seguem misturando dramas pessoais e considerações políticas – vão do romance à crise econômica. Os entusiastas do blues vão reconhecer citações que Dylan fez de alguns clássicos do gênero, como I Just Want to Make Love to You, de Willie Dixon (em My Wife’s Home Town).

LIVRO

Album/AKG/Latinstock

Sergio Pitol: frustrações e planos assassinos de um casal de arrivistas mexicanos

VIDA CONJUGAL, de Sergio Pitol (tradução de Bernardo Ajzenberg; Companhia das Letras; 112 páginas; 32 reais)

• Nascido em 1933, Sergio Pitol é um dos maiores nomes da literatura mexicana contemporânea. Ganhador do Prêmio Cervantes – a mais prestigiosa distinção para escritores de língua espanhola – de 2005, é contista, ensaísta e romancista, além de um reputado tradutor, especialmente de autores do Leste Europeu (onde ele serviu como diplomata) como o polonês Witold Gombrowicz. Publicado em espanhol em 1991 e só agora lançado no Brasil, Vida Conjugal revela um agudo satirista social. O livro acompanha o desventurado casamento de Jacqueline Cascorro e Nicolás Lobato, dupla de arrivistas da Cidade do México. Eles vivem um relacionamento frustrante e medíocre, pontuado pela infidelidade. Jacqueline pede a seus amantes que matem o marido – mas, bem de acordo com o divertido tom de farsa do romance, seus enredos assassinos sempre falham. Leia trecho.

Cinemateca VEJA

Alguém no escritório comete um erro e, em vez de ser sumariamente demitido, o desastrado figurante Hrundi V. Bakshi recebe um convite para ir a uma festa chiquérrima, repleta de tipos graúdos de Hollywood – festa que, na melhor das intenções, ele trata de demolir pouco a pouco, em gagues que ficam a um passo do pastelão do cinema mudo e que estão entre as melhores da história da comédia. Um Convidado Bem Trapalhão, que a Cinemateca VEJA lança neste sábado nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, é uma prova do talento sem medidas de um gênio que anda injustamente meio esquecido: o comediante inglês Peter Sellers, celebrizado também pela série A Pantera Cor-de-Rosa.

Nos demais estados, nesta semana: Butch Cassidy, a primeira e incomparável parceria entre Paul Newman e Robert Redford.

Como comprar a Cinemateca VEJA

Em bancas, livrarias e redes de supermercados, a 13,90 reais o exemplar avulso. Para assinar, ligue 3347-2180 (Grande São Paulo) ou 0800-775-3180 (outras localidades), de segunda a sexta-feira, das 8 às 22 horas. Pela internet, acesse www.assineabril.com

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