Em busca do culpado O custo do dinheiro no Brasil é definido mais pela percepção
A foto acima, tirada na semana passada, mostra o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o novo presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, em cena de duvidosa alegria. Durante entrevista a jornalistas em Brasília, eles tentavam explicar por que as taxas de juros cobradas pelo Banco do Brasil estavam mais altas do que antes da demissão do antigo presidente do BB, Antonio Francisco de Lima Neto, que perdera o cargo havia 38 dias justamente porque parecia resistir a um corte nos juros. O fato, noticiado na coluna Radar, de VEJA, na semana passada, causou uma inversão também nas curvas de percepção política de Mantega e de Henrique Meirelles, presidente do Banco Central. Como mostra a manchete do jornal O Globo reproduzida nesta página, Mantega se viu na contingência de defender juros altos e Meirelles aproveitou para manifestar preocupação com o potencial aumento das taxas de desemprego. Em geral, o que se vê é o contrário. O presidente do BC justifica os juros e o ministro da Fazenda recomenda menos garrote na política monetária. Não será fácil explicar ao público e ao presidente Lula por que Bendine segue o mesmo figurino do antecessor e continua cobrando alto pelos empréstimos que o BB concede. Além de ser uma saia justa para o governo, o episódio reforça algo que se nota há tempos: quando o assunto são as taxas de juros no Brasil, a primeira vítima é a racionalidade e a segunda, a objetividade. A Selic obviamente influencia as taxas de juros do mercado – mas só até certo ponto, e nem sempre da maneira que se imagina. No gráfico desta página, por exemplo, observa-se o que Meirelles costuma chamar de "paradoxo dos juros". Na virada de 2008 para 2009, no auge da crise financeira internacional, a taxa de juros para os empréstimos interbancários no Brasil disparou. As instituições se preocupavam com fatores como câmbio e projeções de inflação. Naquele momento, a decisão do BC de não mexer na Selic, reafirmando que não aceitaria "um pouquinho de inflação" para aquecer a economia, ajudou a apaziguar incertezas e fez com que esses juros desabassem. Fenômeno semelhante ocorre em relação aos juros cobrados pelos bancos das pessoas físicas e das empresas. Por definição, eles pagam juros sempre maiores do que a Selic. A razão é simples. Os bancos emprestam ao Tesouro Nacional cobrando a menor taxa exatamente porque, por definição, um país não quebra. Ou seja, o risco de o banco não receber o que emprestou ao Tesouro é zero – ou quase zero, para os puristas. Um dos fatores que mais encarecem os empréstimos é o risco de quebra oferecido por pessoas físicas e empresas. Para se precaverem disso, os bancos embutem um custo adicional nos empréstimos. Numa crise mundial como a atual, em que os riscos no mercado crescem, a distância entre a taxa Selic e a taxa de juros ao tomador privado se amplia. De setembro a dezembro do ano passado, por exemplo, enquanto o BC mantinha estável a taxa básica de juros, os bancos elevavam as suas. A explicação deles foi que estavam correndo riscos maiores. Hoje, na média, os bancos emprestam cobrando o triplo da Selic. Diz o economista Andrew Storfer: "Especialmente na crise, a diferença no comportamento das duas taxas é absolutamente normal". E nem o Banco do Brasil escapa dessa verdade.
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Entrevista:O Estado inteligente
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sábado, maio 23, 2009
JuroS O problema continua sendo o spread bancário
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