O ESTADO DE S. PAULO
O governo da França apresentou quinta-feira, em Paris, durante um evento realizado na sede da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a proposta de taxação das operações financeiras internacionais.
A ideia é instituir uma espécie de CPMF cuja criação foi defendida pela primeira vez em 1972 pelo economista James Tobin, Prêmio Nobel de 1982, que na ocasião se preocupava com o aumento do risco de crise internacional, uma vez que o presidente Nixon havia acabado com o padrão-ouro. Funcionaria como um pedágio que desestimularia operações especulativas.
A proposta ficou conhecida como Taxa Tobin e nunca teve boa acolhida. Em 2001, poucos meses antes de morrer, o próprio Tobin desistiu da sugestão, alegando que fora desvirtuada.
Ela havia sido incorporada pela Internacional Socialista como fonte de recursos para combater a pobreza. Mais interessados na arrecadação do que na sua função regulatória, também os movimentos antiglobalização liderados pela ONG francesa Attac se encarregaram de manter a peteca no ar.
Tal como apresentada agora pela França, essa taxa corresponderia a 0,005% (cinco milésimos) do valor das operações financeiras, o suficiente para proporcionar uma arrecadação anual de US$ 60 bilhões.
Em 1998, o então presidente brasileiro Fernando Henrique pediu, em carta enviada aos chefes de Estado do Grupo dos Sete (G-7), a instituição dessa taxa. Quatro anos mais tarde, o presidente Lula fez a mesma colocação no Fórum Econômico Mundial de Davos, repetida em 2005 pelo então presidente conservador da França, Jacques Chirac.
Os obstáculos políticos para a implantação da taxa são enormes. Os Estados Unidos e a Inglaterra nunca a aceitaram, um pouco por motivos ideológicos e outro pouco por razões práticas. Além disso, um imposto desse tipo exigiria cobranças e controles globais, mais a criação de uma instituição supranacional com poderes para cobrar, transferir recursos e punir sonegadores.
Os obstáculos técnicos também são relevantes. Não há, por exemplo, como distinguir rapidamente uma operação financeira de outra comercial, já que o comércio mundial (de mercadorias e serviços) é largamente financiado. Uma análise sobre a natureza de uma operação dessas levaria dias e, no entanto, as transações são feitas à velocidade da luz, 24 horas por dia.
Numa União Monetária, como a que prevalece na Europa, onde as operações de câmbio entre países foi eliminada, boa parte do fato gerador do imposto desapareceu. Além disso, uma taxa assim criaria mecanismos de compensação que evitariam transferências entre países. Se o Itaú, por exemplo, devesse US$ 1 milhão para o Deutsche Bank e este devesse US$ 1 milhão para o Bradesco, ficaria tudo resolvido se o Itaú passasse US$ 1 milhão para o Bradesco. Não existiria transferência, o imposto estaria sendo driblado e não haveria como impedir esse jogo.
O próprio Partido Socialista Francês uma vez no governo, sob o primeiro-ministro Lionel Jospin, havia desistido da proposta por considerá-la impraticável. Mas, como ocorreu com a ideia do idioma único (o esperanto), sempre aparece alguém que desenterra a Taxa Tobin e proclama que ela tem de ser adotada.
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
Arquivo do blog
-
▼
2009
(3759)
-
▼
maio
(377)
- Irrelevância da política? Boris Fausto
- Casuísmos na loja de conveniências Gaudêncio Torquato
- VALDO CRUZ Jogo pesado
- DANUZÃO LEÃO Sobre a coragem
- FERREIRA GULLAR A gripe da Dilma
- Mariano Grondona De Lula a Chávez, pasando por Nés...
- Joaquín Morales Solá El peronismo le pondrá límite...
- JOÃO UBALDO RIBEIRO A nova monarquia
- MERVAL PEREIRA - A evolução da China
- A crise acua o trabalhador Celso Ming
- Vinicius Torres Freire China, Bolsa Família, BC e ...
- Míriam Leitão Perdas e danos
- Editoriais
- Dora Kramer A lei? Ora, a lei...
- Recado tardio
- EDITORIAIS
- Paul Krugman O pavor da grande inflação
- CELSO MING Uma CPMF global
- Míriam Leitão Frente externa
- Cesar Maia É a economia, estúpido?
- Dora Kramer A estiva da tropa
- Merval Pereira Metas para 2020
- Reinaldo Azevedo:ONDE É QUE LULINHA ESTUDOU MESMO,...
- Veja Carta ao Leitor
- O processo contra o delegado Protógenes
- Petismo O Brasil exporta a "revolução" lulista
- Deputado mensaleiro tinha conta secreta no exterior
- CPI da Petrobras O governo conseguiu blindar a emp...
- Naufraga projeto do terceiro mandato
- O tratamento que José Alencar fará em Houston
- O custo do dinheiro começou a cair
- A concordata da GM
- Coreia Armas nucleares em poder de insanos
- Estados Unidos Uma hispânica na Suprema Corte
- Internet O escândalo do Twittergate
- A rejeição a Ellen Gracie na OMC
- Turbulência no voo: mais de vinte feridos
- A tragédia de Trancoso
- Cingapura: só os mais talentosos lecionam
- Especial Japão: o desafio de enfrentar o mundo pós...
- Veja entrevista Contardo Calligaris
- Lya Luft
- MILLÔR
- Radar
- Maílson da Nóbrega Oposição desorientada
- Betty Milan O poder da palavra
- Disraeli: uma vida incomparável
- Baixaria no meio literário
- Diogo Mainardi Ética em transe
- Roberto Pompeu de Toledo
- VEJA Recomenda
- Veja Livros mais vendidos
- Editoriais
- Uma política das arábias Dora Kramer
- Câmbio e juros Celso Ming
- Brics abrem o jogo Merval Pereira
- A trilha da volta - Mírian Leitão
- As águas do futuro Fernando Gabeira
- Urna ou lixeira? Nelson Motta
- Clipping de 29/05/2009
- Clipping de 28/05/2009
- Só pode o ilegal Carlos Alberto Sardenberg
- Joana D'Arc e Petrobras: DEMÉTRIO MAGNOLI
- Editoriais
- A força da Bolsa Celso Ming
- Passado, futuro Panorama Econômico :: Míriam Leitão
- Fracasso invulgar Dora Kramer
- Sob controle Merval Pereira
- Dora Kramer O PT na bandeja
- Clipping 27/05/2009
- A luta das minorias Merval Pereira
- Editoriais
- O baque alemão Celso Ming
- O teste de Obama Mirian Leitão
- Tragédia de 2006 vai virar farsa em 2010 José Nêum...
- Terreno infértil Dora Kramer
- Inferno no Senado Merval Pereira
- Os extremos Panorama Econômico :: Miriam Leitão
- Editoriais
- Clipping de 26/05/2009
- Reinaldo Azevedo Al Qaeda no Brasil
- Rubens Barbosa, REPÚBLICA DE BANANAS
- Editoriais
- Clipping 25/05/2009
- Suely Caldas O quer Collor na CPI?
- As finanças pós-crise terão novidades? : Marco Ant...
- A Petrobras é nossa Fernando de Barros e Silva
- Tim-tim pra eles (Giulio Sanmartini)
- O PAC, a mãe do PAC e a babá que só desenha (Adri...
- Verba social da Petrobras beneficia ONG petista ac...
- Cuando la política exterior es el aislamiento Joaq...
- Mariano Grondona El proteccionismo tecnológico y n...
- O caderninho rabugento JOÃO UBALDO RIBEIRO
- Blindagem econômica Merval Pereira
- Dora Kramer Passos erráticos
- Sensação melhor Míriam Leitão
- E dá para não resmungar? Ferreira Gullar DEU NA
- Editoriais
- Expresso desorientado Míriam Leitão
- Seis anos depois, a culpa ainda é de FH
-
▼
maio
(377)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA