O GLOBO - 22/11
A votação hoje do arremedo do relatório final da CPI do Cachoeira vai dar uma boa medida sobre a situação da moral vigente no Congresso Nacional. Ficará explícito se a maioria governista existe para coonestar qualquer ação fraudulenta liderada pelo PT ou se, pelo contrário, alguns dos partidos aliados ainda têm independência para não colocar seus nomes em documentos como aquele, que dá um fecho farsesco apropriado a todo um processo que nunca deixou de ser falso, a começar de sua gestação.
Todo mundo sabia desde o começo que a CPI do Cachoeira foi criada sob inspiração do ex-presidente Lula e do hoje réu condenado José Dirceu com objetivos bastante claros: desmoralizar a oposição, o procurador-geral da República Roberto Gurgel e o que chamam de mídia, a fim de tentar atingir a credibilidade do julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal. Não deu certo porque a farsa não teve força para encobrir as revelações que foram surgindo, dia após dia, no STF, e também porque no desenrolar da CPI surgiu um fato insuperável na figura do empreiteiro Fernando Cavendish e sua construtora Delta.
A partir da revelação do relacionamento do empreiteiro com figuras notáveis do governismo, como os governadores do Rio, o peemedebista Sérgio Cabral, e de Brasília, o petista Agnelo Queiroz, e a atuação suprapartidária do bicheiro Carlinhos Cachoeira em vários estados brasileiros, em ligação estreita com a Delta, a maioria governista viu que não seria possível continuar as investigações da CPI sem dar vários tiros no pé.
Durante o desenrolar da CPI, alguns deputados e senadores independentes do PDT, PMDB, PSOL resistiram bravamente aos avanços petistas vocalizados por figuras patéticas usadas como "laranjas" para ações de vingança contra o procurador-geral da República e a revista "Veja", na figura de seu redator-chefe Policarpo Junior.
Sem conseguir apoio político para convocar seus alvos preferenciais, e enfraquecidos por não quererem ver no banco dos réus seus apaniguados, os governistas perderam o rumo da CPI para proteger o empreiteiro Fernando Cavendish, e decretaram seu final melancólico quando recusaram a prorrogação dos trabalhos para que as ligações da Delta no mundo político fossem investigadas a fundo.
Por isso o relatório final da CPI do Cachoeira, de autoria do deputado petista Odair Cunha divulgado ontem é uma patética demonstração de ineficiência do instrumento investigativo congressual e uma confissão de sabujice poucas vezes vistas em tempos recentes, que, diga-se, não foram pródigos em atitudes desassombradas ou de altivez por parte de nossos congressistas.
Este pseudo relatório supera todas as indignidades porventura cometidas, na sua sanha acusatória seletiva. Misturando alhos com bugalhos, o relator Odair Cunha não conseguiu acobertar seus desmandos com a aparência de seriedade que quis dar em alguns momentos, especialmente quando trata do trabalho da imprensa.
Chega a ser ridículo seu conceito de relação de jornalista com a fonte, quando se dá ao desplante de definir o que está certo e o que está errado nesse relacionamento. A tal ponto que até mesmo o presidente da Federação Nacional do Jornalismo (Fenaj), normalmente alinhado com o petismo, teve que advertir que se tratava de uma interferência no trabalho jornalístico que não é aceitável.
Em outro ponto, o deputado do PT Odair Cunha se arroga a analista de valores dos tempos modernos, afirmando que "em nossos dias, existe uma profunda cisão entre a mensagem divulgada cotidianamente pela mídia, através dos diferentes meios de informação, e os valores éticos que a sociedade e a civilização ocidental alegam cultivar". Como se seu relatório espelhasse qualquer valor ético.
O deputado Miro Teixeira, do PDT do Rio, um dos mais destacados membros do grupo independente que tem impedido que a insensatez domine completamente os trabalhos da CPI, denunciou que a colocação de jornalistas no relatório final tem a finalidade de produzir um ato diversionista que desvie a atenção do fracasso da CPI e da enorme pizza que se produziu para impedir que a relação da empreiteira Delta com os mais diversos níveis políticos fosse investigada.
A votação hoje do arremedo do relatório final da CPI do Cachoeira vai dar uma boa medida sobre a situação da moral vigente no Congresso Nacional. Ficará explícito se a maioria governista existe para coonestar qualquer ação fraudulenta liderada pelo PT ou se, pelo contrário, alguns dos partidos aliados ainda têm independência para não colocar seus nomes em documentos como aquele, que dá um fecho farsesco apropriado a todo um processo que nunca deixou de ser falso, a começar de sua gestação.
Todo mundo sabia desde o começo que a CPI do Cachoeira foi criada sob inspiração do ex-presidente Lula e do hoje réu condenado José Dirceu com objetivos bastante claros: desmoralizar a oposição, o procurador-geral da República Roberto Gurgel e o que chamam de mídia, a fim de tentar atingir a credibilidade do julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal. Não deu certo porque a farsa não teve força para encobrir as revelações que foram surgindo, dia após dia, no STF, e também porque no desenrolar da CPI surgiu um fato insuperável na figura do empreiteiro Fernando Cavendish e sua construtora Delta.
A partir da revelação do relacionamento do empreiteiro com figuras notáveis do governismo, como os governadores do Rio, o peemedebista Sérgio Cabral, e de Brasília, o petista Agnelo Queiroz, e a atuação suprapartidária do bicheiro Carlinhos Cachoeira em vários estados brasileiros, em ligação estreita com a Delta, a maioria governista viu que não seria possível continuar as investigações da CPI sem dar vários tiros no pé.
Durante o desenrolar da CPI, alguns deputados e senadores independentes do PDT, PMDB, PSOL resistiram bravamente aos avanços petistas vocalizados por figuras patéticas usadas como "laranjas" para ações de vingança contra o procurador-geral da República e a revista "Veja", na figura de seu redator-chefe Policarpo Junior.
Sem conseguir apoio político para convocar seus alvos preferenciais, e enfraquecidos por não quererem ver no banco dos réus seus apaniguados, os governistas perderam o rumo da CPI para proteger o empreiteiro Fernando Cavendish, e decretaram seu final melancólico quando recusaram a prorrogação dos trabalhos para que as ligações da Delta no mundo político fossem investigadas a fundo.
Por isso o relatório final da CPI do Cachoeira, de autoria do deputado petista Odair Cunha divulgado ontem é uma patética demonstração de ineficiência do instrumento investigativo congressual e uma confissão de sabujice poucas vezes vistas em tempos recentes, que, diga-se, não foram pródigos em atitudes desassombradas ou de altivez por parte de nossos congressistas.
Este pseudo relatório supera todas as indignidades porventura cometidas, na sua sanha acusatória seletiva. Misturando alhos com bugalhos, o relator Odair Cunha não conseguiu acobertar seus desmandos com a aparência de seriedade que quis dar em alguns momentos, especialmente quando trata do trabalho da imprensa.
Chega a ser ridículo seu conceito de relação de jornalista com a fonte, quando se dá ao desplante de definir o que está certo e o que está errado nesse relacionamento. A tal ponto que até mesmo o presidente da Federação Nacional do Jornalismo (Fenaj), normalmente alinhado com o petismo, teve que advertir que se tratava de uma interferência no trabalho jornalístico que não é aceitável.
Em outro ponto, o deputado do PT Odair Cunha se arroga a analista de valores dos tempos modernos, afirmando que "em nossos dias, existe uma profunda cisão entre a mensagem divulgada cotidianamente pela mídia, através dos diferentes meios de informação, e os valores éticos que a sociedade e a civilização ocidental alegam cultivar". Como se seu relatório espelhasse qualquer valor ético.
O deputado Miro Teixeira, do PDT do Rio, um dos mais destacados membros do grupo independente que tem impedido que a insensatez domine completamente os trabalhos da CPI, denunciou que a colocação de jornalistas no relatório final tem a finalidade de produzir um ato diversionista que desvie a atenção do fracasso da CPI e da enorme pizza que se produziu para impedir que a relação da empreiteira Delta com os mais diversos níveis políticos fosse investigada.