O GLOBO - 10/11
Quis o calendário político global que as duas maiores economias do mundo escolhessem na mesma semana seu novo líder máximo. Acabaram aí as coincidências. Nos Estados Unidos, a escolha foi pelo voto e a apuração virou um espetáculo mundial. Na China, o Congresso do Partido Comunista vai referendar a decisão tomada secretamente por nove pessoas.
Dos 1,3 bilhão de habitantes, 80 milhões fazem parte do Partido Comunista - 6% da população -, mas quem decide mesmo são nove integrantes do Comitê Permanente do Politburo. Cairá para sete o número desses supereleitores. O novo presidente, Xi Jinping, foi escolhido há cinco anos, mas seu pensamento continua sendo uma incógnita. Quando ele ficou duas semanas sem aparecer em público, houve uma inquietação mundial, até porque seu sumiço ocorreu logo depois do escabroso caso de Bo Xilai, que era um todo poderoso até ser expulso do PC e a mulher ser presa por homicídio.
Além da diferença gritante entre as formas de escolha de líder das duas potências, há outra: nos Estados Unidos, será a continuidade; na China, esta transição, dizem os especialistas, pode ser a mais importante das últimas três décadas.
Será uma mudança de geração porque três quartos do Comitê Central de 365 membros - o terceiro nível da afunilada estrutura de poder - serão trocados. A maioria por ter atingido a idade máxima para estar no órgão. Acima desse Comitê está o Politburo, com 25 membros, e todos serão renovados.
A transição política ocorre num momento em que a China se defronta com dificuldades para manter seu ritmo de crescimento e em que a corrupção se espalha de forma espetaculosa. O primeiro-ministro, Wen Jiabao, foi acusado, numa detalhada reportagem do jornal "New York Times", de ter amealhado, através de laranjas na família, incluindo sua mãe, de 90 anos, uma fortuna de US$ 2,7 bilhões. A solução chinesa foi bloquear o acesso ao site do jornal.
No discurso de despedida, que fez na quinta-feira, diante do 18º Congresso do Partido Comunista, o presidente que sai, Hu Jintao, disse que a "propriedade pública é o alicerce do sistema econômico". Aparentemente, não era essa a ideia do primeiro-ministro, Wen Jiabao, que também está deixando o cargo. Ele deve preferir a propriedade privada. A dele.
A perversidade de um sistema autoritário, repressivo, montado sobre a oligarquia partidária é óbvia. Além disso, tem o defeito de ser imprevisível, principalmente em tempos de troca de comando. Como a China virou país poderoso demais, o mundo corre riscos neste momento e desconhece a natureza e extensão desses riscos.
Adianta pouco tentar desvendar os mistérios chineses. Os sinólogos devem ser tão eficientes quanto eram os sovietólogos que não previram o desmanche da União Soviética. Por exemplo, no discurso em que assumiu o poder há 10 anos, o presidente, Hu Jintao, falou 69 vezes a palavra Minzhu, que quer dizer democracia. Um especialista poderia entender que o país entraria numa década de abertura política. Mas, hoje se sabe, aquelas 69 referências a Minzhu não significavam coisa alguma.
No discurso da época, Hu Jintao prometeu que o país seria "mais rico, mais forte, mais moderno, mais democrático, mais civilizado e mais harmonioso". Pode-se dizer que ele conseguiu uma parte. A China é hoje mais rica e mais forte. No seu mandarinato passou de sexta para a segunda potência mundial. No discurso que fez na quinta-feira, ele alternava rejeição às reformas com promessas de mudanças. Em suma: a China vai mudar, mas ninguém sabe ao certo o que isso significa.
Entrevista:O Estado inteligente
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