O GLOBO - 30/11
As novas cantoras lusitanas são mulheres muito bonitas. Confira no You Tube. Nunca mais você vai falar em portuguesa bigoduda
Na atual crise, Portugal deveria abandonar a União Europeia e se unir ao Brasil de papel passado na República Federativa Brasil-Portugal, revertendo o formato colonial. Cada um tocaria sua vida soberanamente, mas eles teriam acesso a nosso mercado continental — e parte do território brasileiro seria na Europa. A sugestão é de um ex-ministro português, um querido amigo muito inteligente e culto, e mestre da ironia.
Piada de português, ou de brasileiro, rimos muito com essa revolução geopolítica tão louca que poderia até dar certo. Mas o fato é que nem sequer conhecemos o fado de hoje — como os portugueses conhecem o samba e a MPB de sempre. Em 2013, a metáfora da integração será o Ano de Portugal no Brasil, simultâneo ao do Brasil em Portugal, para aproximar as nossas culturas, ciências, tecnologias, economias e esportes.
Eles já conhecem o melhor, e o pior, da nossa música, e já entendem o brasileiro falado nas novelas. Mas nós ainda desconhecemos grandes artistas portugueses e temos dificuldades com a língua cantada. Menos mal que o sensacional Buraka Som Sistema, afrolusitano, arrebentou no Rock in Rio, onde também brilhou o guitarrista e bluesman Rui Veloso. E o kuduro angolano virou febre em "Avenida Brasil".
Nos últimos tempos a jovem fadista Carminho e o excelente António Zambujo têm se apresentado com muito sucesso no Rio e em São Paulo. A maravilhosa Ana Moura brilhou no CD dos 70 anos de Caetano Veloso cantando uma arrepiante "Janelas abertas".
Aos poucos, os brasileiros começam a conhecer as novas cantoras portuguesas, com um pé na tradição e outro no moderno, e uma característica em comum: são mulheres muito bonitas, como Cristina Branco e Cuca Roseta, uma das estrelas do filme "Fados", de Carlos Saura. Confira no You Tube. Nunca mais você vai falar em portuguesa bigoduda.
Assim como Caetano já cantou "Coimbra" em português, e eles amaram, neste ano de encontros, adoraria ouvir essas novas fadistas cantando clássicos da nossa música, em brasileiro, como já fez a cultuada Teresa Salgueiro, com um sotaquezinho quase imperceptível, que lhe deu ainda mais charme.