A morte nesta quarta de dois famosos fotógrafos, um inglês e outro
americano, vitimados por um violento ataque do exército de Muamar
Kadafi em Misrata, trouxe de volta às primeiras páginas a "estratégia
do terror" empregada pelo ditador líbio contra os rebeldes que tentam
derrubá-lo.
A nefasta expressão foi usada pela primeira vez há quase 74 anos na
Guerra Civil espanhola pelos generais franquistas apoiados pela
Alemanha nazista para arrasar cidades e vilas em regiões que resistiam
ao seu avanço. Um dos primeiros alvos foi a cidadezinha do país basco,
Guernica, de seis mil habitantes, em 26 de Abril de 1937. Calcula-se
que foram mortos três quartos da sua população.
Revoltado com a desumanidade, o pintor Pablo Picasso produziu o seu
famoso mural, "Guernica", réquiem em preto de branco convertido em
protesto contra a guerra. A estratégia do terror passou no teste e foi
largamente empregada por Adolf Hitler para aniquilar a Polônia e
apossar-se de grande parte da Europa.
O ditador líbio está impedido pela Otan de usar seus mísseis mas não
os mercenários dos países vizinhos com o poderoso arsenal de armas
russas. Está com as mãos livres para quebrar o ânimo dos rebeldes que
sonham com a liberdade e tentam derrubá-lo há mais de dois meses.
O fotógrafo e documentarista inglês Tim Hetherington indicado para o
Oscar por "Restrepo" e o fotógrafo americano Chris Hondros, ganhador
do Pulitzer de 2004, ambos de 41 anos, estavam em Misrata para
documentar a implementação da política de terra arrasada ordenada por
Kadafi. Não poderiam supor que as suas mortes tirariam do banho-maria
um dos conflitos da zona do Mediterrâneo condenados a eternizar-se
pelo cansaço.
A sociedade da informação funciona na base de choques e espasmos
intensos, não suporta alongamentos, precisa de desfechos rápidos,
intensos, nítidos. Os déspotas regionais ora confrontados apostam
justamente na volatilidade e na volubilidade da audiência mundial,
certos de que a firmeza da resposta pode adiar indefinidamente os
desenlaces.
Ao contrário do ocorrido na Tunísia e Egito, a insurreição contra
Kadafi desenvolve-se num estado precário, sem estruturas muito
definidas que precisam ser assaltadas e dominadas individualmente.
Nestas condições, a vitória só pode ser alcançada pela conquista
territorial.
A morte dos dois jornalistas e os ferimentos em dois outros atingidos
pelos morteiros de Kadafi colocou seus flagrantes de guerra na rede
mundial, reacendeu o conflito e encostou o governo líbio na parede.
Por força do calendário e da geografia, Misrata tirou Guernica do
esquecimento. Juntas, lembram a bestialidade guerreira contra civis.
Ao reafirmar na véspera do Dia de Tiradentes seu compromisso com a
defesa dos direitos humanos, a presidente Dilma Roussef recolocou o
País no campo oposto das tiranias, da violência, do fanatismo e das
guerras legitimadas por ideologias.
Ao vivo e em cores, Misrata combina-se ao luto de Guernica. Picasso
com os seus pinceis, Heterington e Hondros com as suas câmeras
gravaram para sempre o repúdio universal à estratégia do terror.
Alberto Dines é jornalista
FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Entrevista:O Estado inteligente
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