O Estado de S. Paulo - 12/08/2010
O discurso mudou radicalmente e a percepção, também.
Há apenas alguns meses, o presidente do Fed (o banco central dos Estados Unidos), Ben Bernanke, e os demais dirigentes discutiam quando afinal começaria o processo de retirada (estratégia de saída) da montanha de dólares despejada no mercado interno US$ 2,3 bilhões aplicados em títulos privados e US$ 300 bilhões, em títulos do Tesouro americano.
Segunda-feira, o Fed anunciou que reaplicará o produto dos ativos de sua carteira que forem vencendo em títulos do Tesouro nacional de longo prazo. Mais ainda, deu a entender que virão mais estímulos, se a economia dos Estados Unidos precisar.
Por trás da decisão está o diagnóstico pessimista sobre a qualidade da recuperação da economia americana. O consumo se mantém achatado pelo alto desemprego, modesto crescimento da renda, baixa saúde do mercado habitacional e crédito apertado. O Fed parece mais pessimista do que há meses.
Pode-se argumentar que o ritmo da reaplicação dos recursos será lento porque o vencimento dos ativos da carteira do Fed, grande parte dos quais corresponde a hipotecas, é de prazo longo. Mas o que importa aí é o sinal passado e, mais do que isso, a disposição de agir.
O Fed aumenta substancialmente seu protagonismo enquanto instituição de combate à crise, no vácuo deixado pelo Congresso e pela Casa Branca. Na Grande Depressão dos anos 30, a iniciativa da reação da economia dos Estados Unidos ficou a cargo do presidente Roosevelt, que lançou o New Deal e resgatou a economia americana do colapso. Agora, a iniciativa é do Fed, instituição da qual se esperava até agora que ativesse sua ação à administração da política de juros.
A rigor, não se pode dizer que esses movimentos, feitos com boa dose de heterodoxia, escapam definitivamente do exercício da política monetária. Os juros básicos (Fed Funds) estão se arrastando pelo chão, a níveis próximos dos 0,25% ao ano e, no entanto, a economia continua prostrada. Longe de admitir que não é mais possível derrubar os juros e que não há mais o que fazer, o Fed se mexe para injetar ainda mais dinheiro na economia para derrubar os juros no crédito. Apenas o anúncio de que voltaria a recomprar dívida do Tesouro de longo prazo reduziu a remuneração (yield) dos títulos de 10 anos de 2,826% ao ano para 2,749% ao ano, o nível mais baixo desde abril de 2009. Assim, o Fed procura estimular o crédito e o consumo para tentar reencontrar chão firme para a recuperação do sistema produtivo.
Se vai ter sucesso ou não é o que ainda se verá. O maior problema é o desemprego, à altura dos 9,5% da força de trabalho dos Estados Unidos, e a fraca disposição das empresas em contratar gente.
O processo de forte redução de custos mais os investimentos em Tecnologia da Informação e em aumento da produtividade decididos para enfrentar a crise produziram um movimento de dispensa de mão de obra e de transferência de unidades de produção para o exterior, especialmente para a Ásia. E agora as empresas descobriram que podem funcionar com menos funcionários.
A administração Obama, paralisada pelo enorme rombo orçamentário (de US$ 1,2 trilhão neste exercício fiscal que termina em setembro) e por uma dívida de US$ 9,8 trilhões, não tem resposta melhor do que a do Fed para essa nova situação.
Entrevista:O Estado inteligente
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