Jornal Cruzeiro do Sul
Repete-se no Brasil uma situação antiga: Olho-me no espelho e fico horrorizado com o que vejo; olho à minha volta e fico aliviado. A situação fiscal do País (área que engloba as finanças públicas) não é lá essas coisas, está cheia de buracos e pede uma administração mais responsável. Mas a situação da maioria dos países ricos está bem mais deteriorada, como a tabela mostra. Não são apenas diferenças estatísticas. É uma situação nova que produz consequências e pede do brasileiro uma nova maneira de lidar com o resto do mundo.
O Brasil encabeça a sigla Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), inventada pelo economista Jim ONeill, do Goldman Sachs. É um aglomerado que não integra nenhum bloco econômico nem tampouco apresenta significado geopolítico. Basta dizer que, entre os quatro, o Brasil é o único que não é potência nuclear.
No entanto, o Brasil é um desses países emergentes cuja realidade macroeconômica vai se descolando saudavelmente do resto do mundo rico paralisado por mazelas de todos os tamanhos. Não é à toa que o Brasil é a aposta da vez. Pequenos e grandes administradores de patrimônio não perguntam mais por que investir no Brasil, apenas avisam seus sócios que é preciso estar lá.
Somente essa maneira com que os outros passaram a encarar o País já deveria ter mudado a postura dos brasileiros nas suas relações com o mundo. As referências do Brasil não têm mais de ser tão pronunciadamente os Estados Unidos, a União Europeia, o Japão e as velhas potências econômicas. A referência tem de ser os novos emergentes, como a China. Não temos que nos prender tão obsessivamente a cada estatística dos Estados Unidos ou dos países do euro que pipoca nos terminais dos computadores.
Do ponto de vista dos resultados das contas brasileiras, os números do payroll (mercado de trabalho), inflação e vendas de imóveis dos Estados Unidos têm menos importância quando comparados com os que vêm de Pequim e de Nova Délhi.
As informações passadas pelo primeiro-ministro da China, Wen Jiabao, na última sexta-feira, como a do avanço projetado do PIB e da inflação (8% e 3%, respectivamente), terão mais impacto sobre as encomendas para o Brasil do que os soluços do PIB norte-americano.
Enfim, a percepção dos analistas brasileiros continua encalhada na dependência das locomotivas que já não puxam mais o comboio global como há 20 anos.
Ao longo do século 20, o país que determinava o ritmo de produção eram os Estados Unidos. Como eles tinham e continuam tendo quase tudo (alimentos, matérias-primas, energia e capitais) ignoraram o quintalzão latino-americano. Do Brasil importaram quase unicamente café e açúcar. E os brasileiros tiveram de comer o pão que o diabo amassou para construir o que está aí.
Agora, é a vez da China que precisa de quase tudo. Não tem matérias-primas, não tem alimentos, não tem energia, não tem água doce. O jogo mudou. Apesar de tudo, o futuro do Brasil depende quase exclusivamente dos brasileiros que têm diante de si uma enorme oportunidade histórica. Se o governo Lula foi capaz de não fazer grandes besteiras na condução da política macroeconômica, por que outros governos não conseguirão?
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
Arquivo do blog
-
▼
2010
(1998)
-
▼
março
(253)
- Celso Ming -Virada do trimestre
- ALEXANDRE SCHWARTSMAN Síndrome da China
- DORA KRAMER Falha da gerência
- MERVAL PEREIRA Palanques abalados
- MÍRIAM LEITÃO BC estatal
- JOSÉ NÊUMANNE Os maus conselhos que as pesquisas dão
- RUY CASTRO Olhos de Armando
- Celso Ming - Dilma, Eike e os irmãos PAC
- MERVAL PEREIRA A boca do jacaré
- DORA KRAMER Ainda falta o principal
- FERNANDO DE BARROS E SILVA Fora, Suplicy!
- O apagão de Lula
- Miram Leitão Peça de marketing
- Fora de controle-Ricardo Noblat
- Carlos Alberto Sardenberg -Alguém vai se decepcionar
- Denis Lerrer Rosenfield -O espírito do capitalismo
- SANDRA CAVALCANTI Gracinhas típicas de marionetes
- Fernando RodriguesO PT no Sudeste
- AUGUSTO NUNES A LIÇÃO DE UM PAÍS CIVILIZADO AO GRO...
- DANUZA LEÃO Adultério consentido
- VINICIUS TORRES FREIRE A China está soprando bol...
- MERVAL PEREIRA - O exemplo de Lula
- JOÃO UBALDO RIBEIRO Um certo cansaço
- Míriam Leitão Hora do futuro
- Dora Kramer -Um País de todos
- Celso Ming - A fragilidade do euro
- Gaudêncio Torquato Malabaristas no picadeiro
- Suely Caldas A pobreza em foco 2
- Ferreira GullarA cara do cara
- Merval Pereira Cartão de advertência
- FH: 'É inédito na História republicana'
- NELSON MOTTA Sonho de uns, pesadelo de outros
- Reinaldo Azevedo O AI-13 dos militontos
- MÍRIAM LEITÃO Felizes, separados
- Gilmar Mendes EDITORIAL da FOLHA
- Celso Ming - Curto-circuito
- Ruy Castro -Deixadas no passado
- Dora Kramer - Mudança de rumo
- Fernando Rodrigues -O "X" não aconteceu
- Serra mostra fôlego Fernando de Barros e Silva
- Mauro Chaves Duro é escapar de vizinhos
- A fraqueza do Estado Celso Ming
- Não vai dar para todo mundo:: Vinicius Torres Freire
- Horror à política:: Fernando de Barros e Silva
- JOÃO MELLÃO NETO Quem vai ser presidente?
- MERVAL PEREIRA Fio tênue
- DORA KRAMER Propaganda enganosa
- RUY CASTRO Rio estilo Projac
- MÍRIAM LEITÃO Ata dos derrotados
- CARLOS ALBERTO SARDENBERG Os dilemas do clima
- Devaneio autocrático
- MIRIAM LEITÃO - Gregos e portugueses
- As greves contra Serra
- Celso Ming Portugal segue a Grécia
- MERVAL PEREIRA Mineiridades
- DORA KRAMER Elogio ao delito
- Adriano Pires-O que Começa Errado Acaba mais Errado
- PAULO RABELLO DE CASTRO O Rio vai à guerra pelo ...
- VINICIUS TORRES FREIRE O índice luliano de alegria
- Demóstenes Torres - O Brasil precisa dizer não
- Partido de programa Fernando de Barros e Silva
- MERVAL PEREIRA O petróleo na política
- DORA KRAMER Politiquinha
- MÔNICA BERGAMO Alberto Goldman, senhor governador
- Celso MingCompre já, pague depois
- Miram Leitão No silêncio da lei
- A internacionalização da economia brasileira
- Rubens Barbosa - Parceria Trans-Pacífico
- DORA KRAMER Conflito de interesses
- MERVAL PEREIRA A mudança chegou
- Vinicius Torres Freire A "herança maldita" de Lula
- Celso Ming Aumenta o rombo
- Míriam Leitão Novo fôlego
- :Lições das Damas de Branco-Mary Zaidan
- Patuscada Internacional Roberto Freire
- Os nanicos Fernando Rodrigues
- Um quixote no PT Fernando de Barros e Silva
- Enquanto é tempo Alon Feuerwerker
- CARLOS ALBERTO SARDENBERG AS TAREFAS DE LULA
- KÁTIA ABREU Verdade ambientalista versus fundamen...
- CARLOS ALBERTO DI FRANCO Máquina de corrupção
- CELSO MING - A alcachofra
- EDITORIAL - O GLOBO Corrida na internet
- JOÃO UBALDO RIBEIRO Aperfeiçoando a Receita
- FERREIRA GULLAR A pouca realidade 2
- MARIANO GRONDONA ¿Cómo evitar la anarquía sin reca...
- JOAQUÍN MORALES SOLÁ ¿Un gobierno en manos de la ...
- GAUDÊNCIO TORQUATO Fechando as cortinas do palco
- DANUZA LEÃO Passeata chocha
- MERVAL PEREIRA Crise no FMI
- DORA KRAMER Bicos calados
- SUELY CALDAS A pobreza em foco
- Celso Ming -Tempo para conserto
- DORA KRAMER Para o que der e vier
- MERVAL PEREIRA O preço político
- Miriam Leitão Juros do dilema
- A ''verdade coletiva'' de Lula: Roberto Romano
- FHC exalta democracia de Nabuco
- O blefe de Lula:: Villas-Bôas Corrêa
- Viagem à Petra-Maria Helena Rubinato
-
▼
março
(253)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA