O Globo - 30/03/2010
Um dado relevante da mais recente pesquisa Datafolha é a confirmação de que o candidato do PSDB, José Serra, mantém-se na faixa dos 40% da preferência do eleitorado quando o deputado Ciro Gomes não está na disputa, o que faz com que tenha possibilidade de vencer a eleição já no primeiro turno.
No jargão das pesquisas, "a boca do jacaré" estava se fechando, com a diminuição da diferença entre Serra e Dilma para quatro pontos na pesquisa Datafolha anterior. No entanto, a pesquisa seguinte, do Ibope, já mostrava "a boca do jacaré" abrindo mais um pouco, aumentando para 5 pontos a diferença a favor de Serra.
Esse movimento continuou, e a diferença agora foi para 9 pontos.
Ninguém em seu perfeito juízo poderia imaginar que, com o presidente Lula popular no nível em que está, sua candidata não entraria na disputa com pelo menos os 30% do eleitorado de esquerda garantidos.
Em nenhum momento, no entanto, mesmo tendo a diferença a seu favor reduzida, o tucano José Serra saiu da faixa dos 40% nos mais diversos institutos de pesquisa, e deixou de ter a possibilidade de vencer no primeiro turno.
Como exemplo, apenas nas pesquisas de 2010: 41% no Sensus de janeiro; 38% no Vox Populi de janeiro; 41% no Ibope de fevereiro; 38% no Datafolha de fevereiro; 38% no Ibope de março; e 40% no Datafolha de março.
Desde o segundo turno de 2002, quando teve 38% dos votos e perdeu a eleição para Lula, que Serra aparece à frente das pesquisas com uma média entre 35% e 40% de preferências.
Quando abandonou a disputa em 2006 dentro do PSDB para deixar Alckmin perder para Lula, estava na frente das pesquisas, mas já com Lula nos seus calcanhares.
Fica claro que essa marca é muito mais do que o simples recall ( lembrança), fenômeno que as pesquisas eleitorais registram para os candidatos que, tendo disputado eleições anteriormente, permanecem no inconsciente do eleitor e são lembrados numa primeira reação nas pesquisas.
O simples recall, no entanto, não é suficiente para manter um candidato à frente das pesquisas se a lembrança não for acompanha da de algo mais substancial.
O deputado Ciro Gomes, por exemplo, já foi candidato a presidente da República várias vezes e, no entanto, seu recall junto aos eleitores é muito fraco, está em queda permanente na casa dos 11% das preferências.
Embora tenha perdido a imagem de candidato competitivo, o que dificulta uma decisão do PSB a favor de sua candidatura contra a opinião do presidente Lula, o deputado Ciro Gomes ganhou novo fôlego com essa pesquisa recente do Datafolha, que o coloca mais uma vez como uma barreira à possibilidade de Serra vencer a eleição no primeiro turno.
Com sua saída, quem mais se beneficia é justamente Serra, que herda 4 pontos percentuais, indo a 40%. A candidata oficial, Dilma, ganha 3 pontos, indo a 30%. E a senadora Marina Silva ganha 2 pontos, chegando a 10%.
Como a margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos, continua sendo uma possibilidade a vitória de Serra já no primeiro turno no caso de Ciro não aparecer na tela da máquina de votar.
A explicação, dada por alguns marqueteiros, de que o eleitor de Ciro escolheria preferencialmente Serra devido ao seu conhecimento, perde a força diante da constatação de que a ministra Dilma Rousseff já é conhecida por 87% dos pesquisados, que já dizem conhecêla de alguma forma, ainda que apenas de ter ouvido falar.
Serra tem um percentual de 97% de conhecimento dos eleitores, e Ciro tem 93%. Só a senadora Marina Silva pode alegar que seu índice de preferência pode aumentar, pois o nível de conhecimento dela por parte do eleitor é de apenas 52%.
Agora, a explicação para a estagnação da candidatura oficial é que, embora conhecida do eleitorado, só 58% dos eleitores sabem que Dilma é a candidata de Lula.
E entre os eleitores que querem votar no candidato apoiado por Lula, ainda existiriam, segundo Mauro Paulino, diretor do Datafolha, 14% que não votam em Dilma por ainda não saberem que ela é a escolhida do presidente.
Um eleitorado de baixa escolaridade, baixa renda e de grande concentração na região Nordeste, que teoricamente seguiria as palavras do líder.
A questão é saber se, estando o presidente em campanha aberta há mais de dois anos, esse tipo de eleitor não identificou Dilma como a candidata oficial por incapacidade de entender a mensagem do presidente, ou se não encontra na candidata oficial capacidades que vê em Lula.
Essa segunda hipótese seria uma explicação mais política, que reduz a importância das análises técnicas das pesquisas.
É o caso da preferência por Serra de parte ponderável dos eleitores que consideram o governo de Lula ótimo ou bom. Dos que aprovam Lula, 33% votam na petista Dilma, e 32%, no tucano Serra.
Ao contrário, o desempenho de Dilma entre os 20% de eleitores que consideram o governo Lula apenas regular, é muito fraco: Serra recebe 51% das intenções de voto desse grupo, contra apenas 9% da petista, que tem menos do que Ciro e Marina, cada um com 10%.
Entre os 4% que consideram o governo Lula ruim ou péssimo, Serra tem 48% de preferência, enquanto Dilma tem apenas 5%, mais uma vez atrás de Ciro e Marina.
Esses números demonstram claramente a dependência de Lula que a candidatura de Dilma tem.
Mesmo entre os que gostam do governo, ela não consegue se impor como a escolha natural.
Entrevista:O Estado inteligente
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