O Globo
O ano começa com a criação de um monopólio e uma reestatização. A compra da Quattor pela Braskem dará ao grupo formado pela Odebrecht e Petrobras o controle de todas as centrais petroquímicas e a maioria da produção das resinas plásticas. A operação em que a Cemig está comprando ações dos sócios da Rio Minas Energia é na prática a volta da Light a mãos estatais.
A privatização da Light não foi privatização de fato.
Na época, quem comprou foi uma estatal francesa, a EDF. Logo após, o Rio viveu uma onda de apagões. Em seguida, melhorou, mas os grandes prejuízos levaram a empresa francesa a vender a Light. O grupo de investidores que se formou para comprar dizia que estava enfim trazendo a administração da empresa de volta ao Rio. Agora, o controle será da estatal mineira. Os novos donos já avisaram que não há garantia de que os apagões vão acabar. Todos os donos justificam o baixo investimento com os mesmos argumentos: no Rio, é difícil combater o roubo de energia e isso mina a receita da empresa. Além disso, é um mercado estagnado.
O consumo continua 1% menor do que há dez anos (veja o gráfico).
A petroquímica nasceu no Brasil por decisão do Estado, mas não para ser estatal. Era um modelo tripartite: cada uma das três centrais de produção de matéria-prima era controlada por um consórcio diferente, formado por capital estrangeiro, um grupo privado nacional e a Petrobras.
A segunda geração de produtos derivados da matériaprima nasceu incentivada e financiada pelo Estado, mas em vários grupos privados.
Décadas depois, o governo decidiu retirar a Petrobras do setor e privatizar suas participações. Nos últimos anos, no entanto, a Petrobras voltou a crescer, comprando participações ou empresas e aprofundando sua sociedade com a Odebrecht.
Com a compra da Quattor, a Braskem vai controlar todas as centrais e um altíssimo percentual de produção das resinas termoplásticas: polietilenos, polipropilenos, poliestirenos e PVCs. Hoje, o Brasil produz 5,5 milhões de toneladas de resinas. Quando a Petrobras inaugurar a Comperj, em Itaboraí, serão mais dois milhões de toneladas.
Só a resina Pet não é produzida pelo grupo, e sim por outro monopólio, o grupo italiano MG.
A Braskem argumenta que mesmo tendo todo esse controle, isso não produz riscos para o mercado.
— Esse é um mercado internacional, as resinas são facilmente importadas, os produtos viajam bem. Isso significa que se algum produtor local, formador de preço, quiser reajustar o produto além da cotação internacional vai incentivar a importação — diz Marcelo Lyra, vice-presidente Institucional da Braskem.
Ontem de manhã, a Braskem informou à CVM que a compra da Quattor ainda não havia sido fechada. E até à tarde, quando falei com a empresa, as negociações continuavam para contornar a resistência de um dos familiares. Uma das vantagens do negócio será resgatar a Quattor das brigas da família Geyer, paralisante para qualquer grupo.
O negócio tornará a Braskem a maior empresa do Mercosul. A Dow Química e a Solvay operam na Argentina, mas são bem menores do que a empresa petroquímica brasileira.
Lyra disse que os clientes da empresa não veem a operação como uma ameaça.
— A consolidação dará ganhos de escala que beneficiarão os clientes com mais competitividade e inovação — disse.
Ter um grupo nacional forte é bom sim, desde que o tamanho da empresa não crie distorções de mercado.
No caso das resinas plásticas, de fato, outros especialistas confirmam a visão da empresa. O Brasil exporta 25% do que produz e importa 20% do que consome de resinas.
A economia brasileira é cheia de grandes empresas que dependem excessivamente do financiamento estatal, ou se associam a estatais, ou justificam o controle do mercado onde atuam com o argumento nacionalista.
Isso cria uma espécie de capitalismo à moda brasileira.
No caso da Light, os erros já começaram na privatização.
Ela foi a leilão antes de haver órgão regulador. Os apagões tiveram o agravante do processo decisório lento de uma estatal francesa.
A esperança nasceu quando se formou um grupo de investidores privados, mas no fim do ano passado novos apagões revelaram a crônica falta de manutenção. Agora, o negócio será assumido por uma estatal mineira.
Algumas estatais são bem geridas, algumas empresas privadas são mal geridas.
O problema é que as estatais bem geridas, dependendo de quem assume o governo, podem ser entregues a interesses políticos.
Monopólios são sempre um perigo, mas quando há chance de importação há como evitar abuso de poder de mercado.
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
Arquivo do blog
-
▼
2010
(1998)
-
▼
janeiro
(183)
- CELSO MING - Eles vão mal das pernas
- CLÓVIS ROSSI Porto Alegre em Davos
- DANUZA LEÃO O preço a pagar
- Suely Caldas:Mistério na Petrobrás
- Fagulhas autoritárias Gaudêncio Torquato
- Sergio Fausto - Liderança à altura
- Maria Helena Rubinato :Não se pode bater o sino e ...
- Tudo azul na mídia oficial Miro Teixeira
- Merval Pereira: Um processo virtuoso
- Ferreira Gullar:Casos e acasos
- Rubens Ricupero:: Todo ano é Haiti
- VEJA Edição 2150. 3 de fevereiro de 2010
- Celso Ming - Fatiar os bancos
- Luiz Garcia - Aposentados em Brasília
- Merval Pereira - Anticlímax
- Depois da queda Luiz Felipe Lampreia
- Truques fiscais - Regina Alvarez
- Merval Pereira Como controlar?
- Celso Ming - Participação nos lucros
- A China dominará o mundo?
- Exageros no Haiti Editorial de O Globo
- MERVAL PEREIRA As culpas de Davos
- Míriam Leitão Chavez sempre sobreviveu, mas desta ...
- Arrogância e falta de medida Rubens Ricupero
- Mais Europa, não menos - Celso Ming
- Lula e Davos Merval Pereira
- O Brasil e a Conferência de Copenhague Rubens Barbosa
- Haiti: na capital devastada, as cenas macabras que...
- Nobel da paz critica Lula (Giulio Sanmartini)
- A salvo da lei- Ricardo Noblat
- O mundo atrapalhado - Carlos Alberto Sardenberg
- Lula - imagem estilhaçada- Carlos Alberto Di Franco
- A anistia de Lula Daniel Piza
- Uma mulher e tanto José Serra
- Chavismo em crise
- A nova classe Merval Pereira
- Cavalo de Troia Celso Ming
- Comitê central Dora Kramer
- FERREIRA GULLAR Uns mentem, outros deliram
- DANUZA LEÃO Ser escrava
- VINICIUS TORRES FREIRE A política menor do plano O...
- Guerrilha e redemocratização IVES GANDRA DA SILVA ...
- A falta de apelo e a apelação Editorial de O ESTAD...
- Dora Kramer Parceria de adversários
- Atentado ao futuro
- Merval Pereira Máquina politizada
- Carta ao Leitor
- Entrevista Peter Ward
- Claudio de Moura Castro
- Radar Lauro Jardim
- O Google enfrenta o governo chinês
- Manuscrito das memórias de Newton está na internet
- Novas descobertas sobre um povo antigo do Acre
- O novo número 1 do tabuleiro
- Maílson da Nóbrega
- O eleitor escolheu a direita
- O ex-senador John Edwards reconhece filha ilegítima
- Diogo Mainardi
- Invictus, uma história de Nelson Mandela
- Zumbilândia, uma comédia com mortos-vivos
- A Senhora do Jogo, de Sidney Sheldon, supostamente
- VEJA Recomenda e Os mais vendidos
- J. R. Guzzo
- Reinaldo Azevedo:O FALSÍSSIMO EM VERISSIMO. OU: A ...
- Merval Pereira Troca de chumbo
- Dora Kramer Desmonte exemplar
- MERVAL PEREIRA - Parcerias estratégicas
- O rombo vai aumentar - Celso Ming
- Comparação incomparável - Dora Kramer
- O Bonaparte ausente : Demétrio Magnoli
- O assalto ao poder, fase 2 : Rolf Kuntz*
- Desaquecimento chinês está próximo: Chris Oliver*
- 'Marolinha' foi vagalhão : Roberto Macedo
- CUT prepara greves em apoia à Dilma
- A DITADURA DE ESQUERDA CHEGANDO. VINGANÇA OU MALUQ...
- Merval Pereira -Forjando a união
- Dora Kramer - Banho de sol
- Celso Ming A população envelhece
- O fantasma da vingança espreita a eleição José Nê...
- O Chile e nós - Merval Pereira
- Míriam Leitão Desafios e riscos
- Heróis ou vilões? -/Rodrigo Constantino
- As novas bolhas Celso Ming
- Pernas curtas Dora Kramer
- Anistia é irreversível PAULO BROSSARD
- O Capoeirista-Mary Zaidan
- Um desumano Programa de Direitos Humanos PAULO RAB...
- Ricardo Noblat Serra vai bem, obrigado!
- Marco Antonio Rocha O plano para pôr a Ágora no poder
- Direitos humanos Denis Lerrer Rosenfield
- Direitos desumanos /Ives Granda Martins Filho
- A Venezuela e a maldição do petróleo Adriano Pires
- CELSO MING - "Quero o meu de volta"
- AUGUSTO NUNES:O Haiti não precisa de circo
- Amargo começo - Miriam Leitão
- Argentina: mandar todos embora, outra vez? JOAQUÍN...
- Demétrio Magnoli -Direitos humanos reciclavéis
- Dora Kramer Instituição questionada
- Merval Pereira:: O papel de cada um
- Surtos e sustos Gaudêncio Torquato
-
▼
janeiro
(183)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA