Entrevista:O Estado inteligente

sábado, outubro 03, 2009

VEJA Recomenda


CINEMA

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CINEMA
Os Vigaristas: visão oblíqua do que é fato ou ficção


OS VIGARISTAS
(The Brothers Bloom, Estados Unidos, 2008. Estreia na próxima sexta-feira no país)
Desde a infância, os irmãos Bloom e Stephen (Adrien Brody e Mark Ruffalo) têm apenas um ao outro, e o seu talento para aplicar golpes intrincados e sempre bem-sucedidos. Bloom, porém, está farto disso. Stephen, então, planeja um último golpe, de fim tortuosamente humanitário: Bloom deverá seduzir a milionária e solitária herdeira Penelope. Eles ficarão com o dinheiro e ela, com a alegria de ter vivido a vida. Este segundo trabalho do diretor americano Rian Johnson perde por um nadinha para seu filme de estreia, o instigante noir juvenil A Ponta de um Crime. Mas é encantador na sua visão oblíqua do que é fato e do que é ficção, na imaginação rebuscada dos golpes criados por Stephen e na maneira como desenvolve a adorável personagem de Penelope, interpretada por Rachel Weisz.

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DVD

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DVD
Desonra: retrato devastador da violência na África do Sul pós-apartheid


DESONRA (Disgrace, África do Sul/ Austrália, 2008. Flashstar)
Na Cidade do Cabo, o professor David Lurie (John Malkovich) seduz uma aluna - ou melhor, faz uso dela, numa coerção sutil que tem tudo a ver com o fato de ela ser mulata. O caso é descoberto, ele cai em desgraça e vai morar com a filha (Jessica Haines) no sítio em que ela cultiva flores. Lá, uma situação similar vai ocorrer, mas com cores trocadas e violência devastadora. Adaptado do soberbo romance homônimo do ganhador do Nobel J.M. Coetzee, o filme do diretor Steve Jacobs lança um olhar inquietante sobre a África do Sul pós-apartheid: um país tão viciado na opressão que nada, muito menos o fim do regime segregacionista, pode fazê-lo funcionar de outra maneira. Uma inversão dessa opressão, potencializada pelo desejo de vingança, é tudo o que o escritor, o diretor e a excelente roteirista Anna Maria Monticelli veem em seu futuro.

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LIVROS

SOBRE OS ESCRITORES, de Elias Canetti (tradução de Kristina Michahelles; José Olympio; 210 páginas; 32 reais)
Autor de um único e definitivo romance, Auto-de-Fé, e de um ensaio clássico sobre a psicologia do fascismo, Massa e Poder, Elias Canetti (1905-1994) nasceu na Bulgária, passou parte da infância na Inglaterra e escrevia em alemão. Parte do acervo que ele deixou aos cuidados de uma filha para edição póstuma, Sobre os Escritores mostra a abrangência de seus interesses culturais. O livro reúne textos mais longos, escritos para conferências - mas o mais interessante são as notas breves sobre os mais diversos escritores, do grego Ésquilo ao americano Mark Twain. Canetti mostra seu talento para o aforismo, como nesta provocação: "Se eu fosse Freud, sairia correndo de mim mesmo" (Canetti conheceu Freud, mas não era amigo de suas ideias). Ou sobre o engajamento do francês Jean-Paul Sartre: "Ele tinha logo uma resposta, que existia já antes da pergunta".
Trecho do livro.

VIOLETAS E PAVÕES, de Dalton Trevisan (Record; 128 páginas; 32,90 reais)
Um dos melhores escritores brasileiros contemporâneos, Dalton Trevisan, de 84 anos, persegue como um obcecado uns poucos temas: a vida marginal, o cotidiano dos subúrbios de sua Curitiba natal e os aspectos mais sombrios (ou cafajestes) do sexo. Com 22 contos, Violetas e Pavões serve o mesmíssimo cardápio - e, como sempre, deixa o leitor satisfeito. A concisão exemplar do autor mostra-se cada vez mais eficiente ao equilibrar-se na tênue linha entre a objetividade fria e certa ternura por seus personagens. É o que se observa, por exemplo, em A Desgraça de Zeno (título que é uma citação irônica de A Consciência de Zeno, do italiano Italo Svevo). O drama miserável do viciado em crack que é assassinado por causa de uma dívida com os traficantes acaba com uma frágil nota de esperança para o irmão do morto.
Trecho do livro.

DISCOS

ADRIANA PARTIMPIM - DOIS, Adriana Partimpim (SONY MUSIC)
Em 2005, Adriana Calcanhoto inventou um alter ego: Adriana Partimpim. Com esse nome artístico, a cantora, até então conhecida por baladas como Devolva-me, dedicou-se a compor e cantar para as crianças. O primeiro Adriana Partimpim vendeu 187 000 cópias no Brasil e fez sucesso também em Portugal, com 87 000 discos comercializados. Neste segundo álbum, a cantora deu um ar mais juvenil a antigas canções de Roberto e Erasmo (Gatinha Manhosa) e João Gilberto (Bim Bom). Também fez uma bela gravação de O Trenzinho do Caipira, música das Bachianas Brasileiras, de Heitor Villa-Lobos, com letra de Ferreira Gullar. E ainda compôs três músicas especialmente para o público infantil - como Menina Menino, canção romântica que tem potencial para conquistar também o ouvinte crescidinho.

DISCO
Sabrina Starke: ela é holandesa e nasceu no Suriname - mas, felizmente, não faz world music

YELLOW BRICK ROAD, Sabrina Starke (EMI)
Sabrina Starke nasceu no Suriname, tem nacionalidade holandesa e gravou Yellow Brick Road nos Estados Unidos. Parece uma receita para uma daquelas misturas duvidosas de tecno e ritmos caribenhos que costumam ser rotuladas de "world music" - mas não é nada disso: com uma voz poderosa e precisa, Sabrina é uma grande cantora de soul e jazz. Ela foi descoberta, no ano passado, pelo empresário Billy Man, presidente artístico da EMI mundial, quando a canção Do for Love, sua primeira gravação, apareceu entre as mais executadas na Holanda. Sabrina passou alguns meses em Nova York compondo com Billy canções que estão presentes neste disco, como It’s Time, sobre o ritmo frenético da vida, e Woman’s Gonna Try, sobre a perseverança de uma mulher. Apesar de um ou outro toque melancólico, que evoca o blues americano, Yellow Brick Road é um disco ensolarado e otimista.

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