RIO DE JANEIRO - A escolha do Rio para sediar a Olimpíada em 2016 abre grandes caminhos. Líderes políticos, Lula à frente, tiveram um belo papel nisso e merecem os dividendos políticos que vão colher.
Para quem vive na cidade, o tema entrou na agenda. Em primeiro lugar, estudar a história das Olimpíadas e grandes empresas esportivas que floresceram à sua sombra. Em segundo lugar, cooperar com o êxito da inédita experiência brasileira.
O êxito pode ser medido em duas dimensões. A da realização pura e simples da Olimpíada e a do impulso para que o Rio fixe uma identidade global: cidade do conhecimento, laboratório da sustentabilidade urbana e centro internacional de turismo. Nesse último ponto, o crescimento poderia articular-se com áreas mais próximas: a região serrana, Niterói, o litoral de Búzios, Angra, Parati.
Em 2008, discutimos muito a recuperação do Rio. Os obstáculos são muitos. Mas uma coisa a cidade sempre demonstrou quando foi acionada: a disposição para se mobilizar.
Por que não resolver a pobreza, aumentar a segurança, melhorar o sistema de saúde antes de uma grande aventura? A solução de todos esses problemas depende também de crescimento econômico.
Se o esforço de fazer uma Olimpíada for combinado com uma perspectiva estratégica de recuperação da cidade, as chances são muito maiores. O projeto destinado à vitória na Dinamarca enfatiza a beleza da cidade. A visão de recuperá-la enfoca também as áreas decadentes, como a região portuária.
É possível manter a fidelidade ao projeto original e encaminhar benefícios para o centro do Rio. O prefeito Eduardo Paes parece disposto a caminhar nesse sentido.
Barcelona foi vencedora durante e depois da Olimpíada. Montreal ficou com dívidas e com um gosto de oportunidade perdida.