DA VEJA
MAIS FORTES APÓS A CRISE
A turbulência reduziu os lucros, mas empresas do
país passaram no teste e estão prontas para crescer
Claudio Rossi |
MELHORES E MAIORES O ministro da Fazenda, Guido Mantega (à esq.), reforçou o compromisso com o controle da dívida pública; o presidente da Abril, Roberto Civita (à dir.), entregou o prêmio de empresa do ano ao presidente da Natura, Alessandro Carlucci |
As empresas brasileiras tiveram, em 2007, um ano dourado. Foram batidos recordes de lucros e criação de empregos, coroando a retomada do crescimento econômico. Esperava-se que 2008 fosse um ano de resultados ainda mais vigorosos. Mas, a partir de setembro, as companhias sentiram o impacto do agravamento da crise internacional. É esse o quadro revelado pela 36ª edição de Melhores e Maiores, da revista EXAME, que, assim como VEJA, é publicada pela Editora Abril. Segundo o anuário, as vendas totais das 500 maiores empresas alcançaram 846 bilhões de dólares, uma alta de 5% em relação a 2007. Por outro lado, o peso da crise foi observado na redução dos lucros, que recuaram 31,5%. Foi uma queda expressiva, mas inferior à registrada nos Estados Unidos, na Europa e no Japão, onde o lucro das maiores companhias caiu, em média, 85%. Isso pode ser explicado porque a demanda interna do Brasil sofreu menos com a crise. O setor privado do país também demonstrou que, depois de ter enfrentado choques sucessivos no passado recente, soube se reestruturar e se fortalecer.
As companhias brasileiras, em sua maioria, passaram no teste da turbulência externa e estão preparadas para crescer. Um exemplo é a Natura, escolhida, pela segunda vez, a empresa do ano. A maior fabricante de cosméticos do país foi premiada por ter sido uma das que melhor enfrentaram o período de aperto financeiro. A Natura vinha de uma fase de resultados fracos, mas no ano passado reestruturou a sua administração, enxugou gastos e privilegiou a produtividade. "Quando a crise chegou, estávamos preparados", afirmou o presidente da Natura, Alessandro Carlucci. A empresa lucrou 542 milhões de reais em 2008, um ganho de 17% ante 2007.
A premiação ocorreu na noite da terça-feira (7 de julho), em São Paulo. Na cerimônia, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, destacou a resistência com que o país tem enfrentado a retração mundial: "Há hoje um reconhecimento internacional da solidez e da atratividade de nossa economia". Para Mantega, isso se deve, entre outros fatores, ao compromisso do governo com a redução da dívida pública. Disse o ministro: "O Brasil terá o melhor desempenho fiscal de todos os países do G20". O presidente da Abril, Roberto Civita, também ressaltou o amadurecimento do país. "A nossa vocação para sermos um grande país, uma economia forte, competitiva e cada vez menos desigual, está em via de se tornar realidade", afirmou Civita. "Estamos em uma posição singular. Temos a chance de encorpar nossas defesas e sair mais fortes."