Entrevista:O Estado inteligente

sábado, maio 02, 2009

RUY CASTRO Máscaras

FOLHA DE S PAULO
RIO DE JANEIRO - As máscaras cirúrgicas, onipresentes nos jornais e na televisão durante a semana, já estão se tornando o símbolo da gripe suína. A todo instante, as imagens mostram pessoas desembarcando em aeroportos com o nariz e a boca cobertos, para não contaminar os nativos com os vírus ou bactérias possivelmente adquiridos em seus países de origem. É uma visão dramática, inclusive no sentido da teatralidade.
Agora que a OMS (Organização Mundial de Saúde) promoveu a gripe para a categoria 5 de pandemia (num máximo de 6), teme-se que a produção de máscaras em cada país não chegue para as necessidades e venha a faltar justo para os que mais precisarão delas: os profissionais da área da saúde.
Na verdade, já deveríamos ter adotado o uso dessas máscaras no Brasil muito antes de a gripe suína nos obrigar a isso. E começando pela Câmara dos Deputados, em Brasília, assim que estourou a farra das passagens aéreas para o exterior pagas pelo contribuinte. Diante do escândalo, que não livrou nem os poucos parlamentares que ainda pareciam imaculados por maracutaias, o ideal seria que os deputados só se apresentassem em público equipados com elas. Imagine o risco de um deles espirrar na frente de um cidadão comum e lhe repassar o vírus do cinismo e da cara-de-pau.
O Judiciário também poderia aderir às máscaras, nem que fosse para abafar os bate-bocas que alguns de seus ilustres representantes andaram protagonizando. Mas elas serviriam principalmente para impedir que as bactérias emanadas por certas sentenças contaminassem as pessoas que ainda continuam acreditando na Justiça.
Por fim, e já que os aloprados do poder continuarão à solta, o exemplo deveria vir de cima, e o primeiro a adotar o uso compulsório das máscaras seria o Executivo.

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