Entrevista:O Estado inteligente
História do futuro próximo - VINICIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SP - 21/06
A ECONOMIA DOS Estados Unidos vai estar entre adoentada e convalescente até 2015. É pelo menos o que deram a entender os diretores do banco central americano, o Fed.
A política de taxa de juro zero (Zirp, na sigla em inglês) continua pelo menos até 2014 ou 2015. A Zirp começou no fim de 2008. Vai fazer seis anos.
Juro zero por tanto tempo assim significa que muita gente está desempregada ou endividada demais para consumir e que muita gente está com medo de consumir e de investir (em aumento da produção). Oferta-se dinheiro à vontade, mas a coisa não anda.
Para completar, o Fed anunciou que continuará até o fim do ano as operações de recompra de títulos da dívida pública de longo prazo.
Trocando em miúdos, continua a pôr dinheiro na praça para tentar baixar taxas de financiamentos longos, como a da casa própria. Mas a economia reage devagar, quase parando quando leva susto da Europa.
A crise americana começou já em 2007. Mesmo que os EUA voltem à "normalidade" em 2014 ou 2015, a Europa ainda estará com lama pelos joelhos.
Nas estimativas mais otimistas, a economia europeia volta a ser o que era em 2007 lá por 2017, 2018. Se o caso de Grécia, Portugal, Espanha ou Itália não der em besteira grave.
Portanto, a crise vai chegar a dez aninhos.
Ou será que a "crise" e seus desdobramentos serão o "normal" daqui por diante? Não se trata de dizer que o tumulto financeiro e econômico será eterno, mas de imaginar que o tombo de 2008 foi um episódio crítico de processo maior de mudança e que tal tombo deixará sequelas.
Talvez o mundo euroamericano não possa nem consiga (ou mesmo deva) crescer a um ritmo forte. Porque talvez não consiga é assunto para outro dia e para mais espaço. Mas, a esse respeito, note-se que o mundo rico vive de bolhas financeiras faz uns 20 anos. Não vinha crescendo a não ser com anabolizantes.
Porque não deve crescer mais é o assunto do momento, pois estamos no meio da Rio+20, a conferência ambiental, e o assunto lá, em última instância, é como equilibrar o crescimento mundial (mais nos lugares mais pobres, menos nos mais ricos) e como dividir a conta do investimento em melhoria ambiental.
O problema maior (e talvez insolúvel) é, claro, como coordenar o rebalanceamento (quem vai querer segurar seu crescimento?), como dividir a conta sem guerra e como reduzir a desigualdade em cada país, mesmo rico. Entenda-se: o esteio social e político de uma programa de "crescimento menor" depende de melhoria na distribuição de renda.
EUA ou Europa Ocidental ainda precisam crescer rápido? O esforço de solução da crise deles deve ter esse objetivo? E a eventual retomada deve se apoiar em que setor?
Note-se que o consumo per capita de energia nos EUA é o dobro do britânico, 85% maior que o alemão, num mundo em que bilhões ainda passam fome e frio.
Note-se que o "plano" europeu de recuperação econômica em última instância se baseia na depressão de rendas (de salários e benefícios), em aumento da desigualdade, para que se mantenha a "competitividade" da economia tradicional deles, assolada pela concorrência asiática. Isso não vai dar certo. Talvez nem seja possível.
Arquivo do blog
-
▼
2012
(2586)
-
▼
junho
(290)
- O mundo futuro - MERVAL PEREIRA
- Dentro da noite - MIRIAM LEITÃO
- União bancária no euro - CELSO MING
- Futebol boa roupa - RUY CASTRO
- O eleitor que se defenda - EDITORIAL FOLHA DE SP
- Não existe legítima defesa? - EDITORIAL O ESTADÃO
- Água e óleo - MIRIAM LEITÃO
- O Mercosul sob influência chavista - EDITORIAL O G...
- O exagero do crédito pessoal - LUIZ CARLOS MENDONÇ...
- Aventuras fiscais - EDITORIAL FOLHA DE SP
- Mercosul e autoritarismo - EDITORIAL O ESTADÃO
- Hora da idade mínima na aposentadoria - EDITORIAL ...
- Teto furado - EDITORIAL ZERO HORA
- Nome de rua - RUY CASTRO
- Sarney, Lula e Maluf, ode ao amor - GUILHERME ABDALLA
- PIB minguante Celso Ming
- Cartão vermelho Nelson Motta
- Decisões do STF significam retrocessos, por Merval...
- O 'custo Lula' Carlos Alberto Sardenberg
- A Petrobrás sem Lula - ROLF KUNTZ
- Mais um refresco - CELSO MING
- Ciclo de baixa - MÍRIAM LEITÃO
- O governo vai às compras - EDITORIAL O ESTADÃO
- O mito e os fatos - MERVAL PEREIRA
- Inadimplência das empresas tem maior alta de abril...
- Hora da verdade na Petrobrás - EDITORIAL O ESTADÃO
- A leviana diplomacia do espetáculo - ELIO GASPARI
- Luz amarela - MÍRIAM LEITÃO
- O contraponto - MERVAL PEREIRA
- Sujeita a vírus - RUY CASTRO
- O crédito tem limite - VINICIUS TORRES FREIRE
- Visão Global THOMAS L., FRIEDMAN
- Realismo na Petrobrás Celso Ming
- A Petrobrás sem Lula Rolf Kuntz
- Um mundo requentado Roberto DaMatta
- Inadimplência subiu de elevador, mas vai descer de...
- Alemanha já pensa em referendo sobre resgate do eu...
- A exaustão do 'Estado dependente' de governo Franc...
- Reinaldo Azevedo -
- INTERVENÇÃO HUMANITÁRIA: ORDEM/DESORDEM MUNDIAL! H...
- Paraguai soberano - EDITORIAL FOLHA DE SP
- Guerra cibernética e robôs de defesa - RUBENS BARBOSA
- O BIS adverte sobre o risco do crédito - EDITORIAL...
- Crise paraguaia requer sensatez - EDITORIAL O GLOBO -
- Inflação e erros do "mercado" - VINICIUS TORRES FR...
- Democracia representativa - MERVAL PEREIRA
- Qual é a política? Celso Ming
- Uma nova política Rodrigo Constantino
- Profetas do apocalipse Xico Graziano
- O governo Dilma parece velho Marco Antonio Villa
- Como alavancar os investimentos Antonio Corrêa de...
- No ponto certo - MÍRIAM LEITÃO
- Os aloprados - PAULO BROSSARD
- O fiasco do Lula 90 - RUTH DE AQUINO
- O país já cansou de Lulas e Malufs - EDITORIAL REV...
- MACONHEIRO DE CARTEIRINHA Carlos Alberto Sardenberg
- Querem ressuscitar o baraço e o cutelo Manoel Albe...
- O afastamento de Lugo Editorial Estadão
- Mensalão e respeito ao Judiciário Carlos Alberto D...
- A Rio 20 e a crise global Rodrigo Lara
- Está o planeta aquecendo? - FERREIRA GULLAR
- Hoje, parece coisa pouca - EDITORIAL O ESTADÃO
- O intangível - MIRIAM LEITÃO
- Clima não justifica "crescimento zero" EDITORIAL O...
- Diferenças - MERVAL PEREIRA
- As infrações leves - EDITORIAL O ESTADÃO
- O inexorável pragmatismo da Silva - GAUDÊNCIO TORQ...
- No hotel Ritz - DANUZA LEÃO
- Um prefeito civilizado, por favor - VINICIUS TORRE...
- A Alemanha vai destruir a Europa - JOSÉ ROBERTO ME...
- Mítica do articulador DORA KRAMER
- Atenção para mais crise ALBERTO TAMER
- É o fim da simbiose? - economia CELSO MING
- O sonho da blindagem própria João Ubaldo Ribeiro
- Os tropeços na América Latina Suely Caldas
- Dentro da lei - MERVAL PEREIRA
- As contradições - MIRIAM LEITÃO
- Retrocesso no Mercosul isola Brasil - EDITORIAL O ...
- Rio+20, sucesso ou fracasso? - KÁTIA ABREU
- Prisões, privatização e padrinhos - PAUL KRUGMAN
- Oba-oba sustentável - GUILHERME FIUZA
- Túmulo do samba - RUY CASTRO
- Radiografia da ineficiência - EDITORIAL O ESTADÃO
- Vai ou não vai? - CELSO MING
- A QUESTÃO DAS MALVINAS!
- Uma outra visão fundamentada - RODOLFO LANDIM
- O ponto europeu - MIRIAM LEITÃO
- O enigma do emprego - CELSO MING
- O ocaso de Lula - ROBERTO FREIRE
- Estádios novos, miséria antiga - MILTON HATOUM
- Novo contrato social - MERVAL PEREIRA
- Sem entalar - RUY CASTRO
- Assalto ao trem pagador - EDITORIAL O ESTADÃO
- Como quem rouba - DORA KRAMER
- O vaivém das sacolas - EDITORIAL FOLHA DE SP
- Quem socorre Cristina Kirchner - EDITORIAL O ESTADÃO
- Bancos, crise e lebres mortas - VINICIUS TORRES FR...
- Diálogo como espécie em extinção na política Ferna...
- Andressa na cova dos leões :Nelson Motta
- O consenso do quase nada - EDITORIAL O ESTADÃO