FOLHA DE SP - 29/06
RIO DE JANEIRO - Quando morre um ilustre, não faltam admiradores propondo o seu nome para uma rua. Não importa que a rua já tenha o nome de outro ilustre que, em seu tempo, também mereceu ser homenageado -mas cujas glórias esmaeceram tanto que, com os anos, não se sabe mais o que ele está fazendo naquela placa. Alguém então sugere trocá-lo pelo ilustre recém-morto.
Ótimo, mas quem paga a conta são os moradores e comerciantes da dita rua, obrigados a alterar seus documentos para o novo nome. A grita às vezes é tão grande que a homenagem se frustra. E o ilustre original também tem seus direitos, não? Em 1994, a família do engenheiro carioca Vieira Souto (1849-1922), responsável pela construção do porto do Rio, compreensivelmente barrou a ideia de se alterar o nome da sua avenida para Antonio Carlos Jobim.
Nova York descobriu como prestar essas homenagens sem mexer com a tradição. Em algumas esquinas, logo abaixo da placa oficial, afixa-se outra com os dizeres: "Duke Ellington corner", "Jelly Roll Morton place" etc. Ninguém é prejudicado e faz-se a homenagem do mesmo jeito.
Millôr Fernandes, que morreu em março último, sabia que, um dia, seria nome de rua em Ipanema. Mas não queria desalojar ninguém. Contentava-se com que dessem seu nome a um banco na calçada do Arpoador, onde as pessoas pudessem sentar-se e contemplar o maior pôr de sol urbano do mundo.
Nesta tarde, Fernanda Montenegro, Jaime Lerner, Ferreira Gullar, Fernando Pedreira e outros cidadãos de Ipanema vão levar essa reivindicação ao prefeito Eduardo Paes. Mas é pouco. Donde aproveitarão para pedir que o larguinho sem nome, no mesmo Arpoador, junto à praia do Diabo e reduto do frescobol, passe a chamar-se -a exemplo do largo do Machado, do largo da Carioca e de outros históricos largos cariocas- largo do Millôr.
RIO DE JANEIRO - Quando morre um ilustre, não faltam admiradores propondo o seu nome para uma rua. Não importa que a rua já tenha o nome de outro ilustre que, em seu tempo, também mereceu ser homenageado -mas cujas glórias esmaeceram tanto que, com os anos, não se sabe mais o que ele está fazendo naquela placa. Alguém então sugere trocá-lo pelo ilustre recém-morto.
Ótimo, mas quem paga a conta são os moradores e comerciantes da dita rua, obrigados a alterar seus documentos para o novo nome. A grita às vezes é tão grande que a homenagem se frustra. E o ilustre original também tem seus direitos, não? Em 1994, a família do engenheiro carioca Vieira Souto (1849-1922), responsável pela construção do porto do Rio, compreensivelmente barrou a ideia de se alterar o nome da sua avenida para Antonio Carlos Jobim.
Nova York descobriu como prestar essas homenagens sem mexer com a tradição. Em algumas esquinas, logo abaixo da placa oficial, afixa-se outra com os dizeres: "Duke Ellington corner", "Jelly Roll Morton place" etc. Ninguém é prejudicado e faz-se a homenagem do mesmo jeito.
Millôr Fernandes, que morreu em março último, sabia que, um dia, seria nome de rua em Ipanema. Mas não queria desalojar ninguém. Contentava-se com que dessem seu nome a um banco na calçada do Arpoador, onde as pessoas pudessem sentar-se e contemplar o maior pôr de sol urbano do mundo.
Nesta tarde, Fernanda Montenegro, Jaime Lerner, Ferreira Gullar, Fernando Pedreira e outros cidadãos de Ipanema vão levar essa reivindicação ao prefeito Eduardo Paes. Mas é pouco. Donde aproveitarão para pedir que o larguinho sem nome, no mesmo Arpoador, junto à praia do Diabo e reduto do frescobol, passe a chamar-se -a exemplo do largo do Machado, do largo da Carioca e de outros históricos largos cariocas- largo do Millôr.