Entrevista:O Estado inteligente
Greves infames PAULO SANT’ANA
ZERO HORA - 16/10/11
Não me sai da goela esta última greve dos Correios. Ela prejudicou profundamente milhões de brasileiros.
Só vou dar o meu exemplo porque sobre ele tenho conhecimento epidérmico. Eu tenho um cartão de crédito cujo pagamento faço em todo dia 10. Não me veio até o dia 10 de outubro o DOC correspondente, que sempre me é trazido pelos Correios.
Então, além da incomodação febril que me deu, tendo de telefonar várias vezes para a sede do meu cartão de crédito em São Paulo, tive de pagar a prestação do dia 10 de outubro com juros.
Pergunto: de quem devo cobrar os juros que paguei e a indenização pelos terríveis incômodos que tive com o incidente? De quem tenho de cobrar isso?
Assim como eu, milhões de brasileiros. De quem vão cobrar as indenizações?
Temos de cobrar essas indenizações, em primeiro lugar, do sindicato de servidores dos Correios, que gerenciou esta greve. Cada cidadão brasileiro lesado pelos incômodos dessa greve tem de reaver seus prejuízos financeiros e existenciais derivados dessa greve infame desse sindicato.
Em primeira instância. Em segunda instância, tínhamos de cobrar nossas indenizações do governo, que não se organiza para livrar os usuários dos Correios, a cidadania brasileira, desse tipo de transtorno sério e joga toda a população nessa roda-viva de aflições.
Não pode continuar assim. Então um sindicato organiza uma greve que dura 26 dias, esculhamba as vidas pessoais de milhões de brasileiros. Depois de 26 dias, os grevistas têm parcial ganho de causa, com isso obtêm ganhos salariais – e o povo que foi lesado fica sem sequer uma satisfação dos responsáveis por essa bagunça, quanto mais indenização pelos danos sofridos?
Não pode ser assim. Não foi uma greve aceitável de três ou quatro dias. Foram 26 dias de greve. Isto é demais! Isto é um absurdo! Isso é um desrespeito à nação!
O mesmo com as pessoas que não puderam pagar seus compromissos financeiros por causa da greve dos bancários. O mesmo. O sindicato dos bancários tinha de indenizar os lesados. Houve um homem que foi preso, mostrou-o a televisão, por não ter conseguido recolher o valor da prestação da pensão alimentícia que lhe cabia pagar, em face de que as agências de bancos de sua cidade estavam todas fechadas. Foi preso. Recolhido à cadeia. Por força da greve.
Quem é que vai indenizar esse homem?
Isto é um abuso, isto provoca asco!
Quando haja uma greve estúpida como essas dos Correios e dos bancos, o governo tem de organizar medidas de emergência: por exemplo, ninguém terá de pagar juros pelo atraso das correspondências, ninguém irá para a cadeia por não prestar a pensão alimentícia. Em suma, ninguém sofrerá qualquer prejuízo financeiro ou moral inerente às greves infames.
Que greves infames!
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