Folha
Poluir mais não resolveria o problema do emprego; apenas nos tornaria mais pobres e mais doentes
No mês passado o presidente Obama enfim divulgou um plano sério de estímulo à economia -bem aquém do que eu preferiria mas ainda assim um passo na direção certa. Os republicanos o bloquearam.
Mas o novo plano, somado ao movimento "Ocupe Wall Street", parece ter provocado uma virada no diálogo nacional. Estamos concentrando atenções no emprego.
Qual é o plano de criação de empregos do Partido Republicano? A resposta é permitir mais poluição.
Tanto Rick Perry quanto Mitt Romney fizeram de uma redução na proteção ao ambiente peça essencial de suas propostas econômicas, e o mesmo se aplica aos republicanos do Senado.
Perry ofereceu um número específico -1,2 milhão de empregos-, que parece ter por base um estudo divulgado pelo American Petroleum Institute, associação das companhias petroleiras. O estudo alega que remover as restrições à extração de petróleo e gás natural teria efeito positivo sobre o emprego.
Mas o estudo depende de um suposto "efeito multiplicador", sob o qual cada emprego gerado no setor resultaria na criação de outros 2,5 empregos em outras áreas.
Seria bom recordar que os republicanos desdenharam alegações de que assistência governamental para evitar a demissão de professores ajudaria a manter empregos indiretos no setor privado.
Além disso, todos os grandes números do relatório se referem a projeções para o final da década. O relatório prevê menos de 200 mil empregos novos no ano que vem, e menos de 700 mil até 2015.
Seria útil comparar esses números a dois outros: os 14 milhões de norte-americanos desempregados e o total de um a dois milhões de novos empregos que pesquisas independentes sugerem que seriam criados pelo plano de Obama, isso em 2012, e não em um futuro distante.
A poluição causa danos reais e mensuráveis à saúde humana. E as autoridades econômicas precisam levar esses danos em conta.
Precisamos de mais políticos como aquele corajoso governador que apoiou controles ambientais sobre uma usina de energia a carvão, a despeito de alertas de que eles poderiam resultar em seu fechamento, porque "não criarei ou manterei empregos que causam mortes".
Ah, é: esse governador era Mitt Romney, em 2003.
Qual é a dimensão dos danos? Um novo estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Yale e do Middlebury College agrega dados de diversas fontes para estimar o valor monetário dos danos ambientais infligidos por diversos setores.
Pois há diversos setores da economia que infligem danos ambientais maiores que a soma dos salários que pagam e dos lucros que realizam -o que significa que, na realidade, eles destroem valor econômico e não o criam.
Isso não significa que eles devam ser desativados, mas que a regulação ambiental é pouco severa.
Os republicanos têm forte incentivo a alegar o contrário. As indústrias que mais destroem valor se concentram nos setores de energia e recursos naturais, que costumam doar verbas de campanha. Mas a realidade é que poluir mais não resolveria nosso problema de emprego. E só nos tornaria mais pobres e mais doentes.
No mês passado o presidente Obama enfim divulgou um plano sério de estímulo à economia -bem aquém do que eu preferiria mas ainda assim um passo na direção certa. Os republicanos o bloquearam.
Mas o novo plano, somado ao movimento "Ocupe Wall Street", parece ter provocado uma virada no diálogo nacional. Estamos concentrando atenções no emprego.
Qual é o plano de criação de empregos do Partido Republicano? A resposta é permitir mais poluição.
Tanto Rick Perry quanto Mitt Romney fizeram de uma redução na proteção ao ambiente peça essencial de suas propostas econômicas, e o mesmo se aplica aos republicanos do Senado.
Perry ofereceu um número específico -1,2 milhão de empregos-, que parece ter por base um estudo divulgado pelo American Petroleum Institute, associação das companhias petroleiras. O estudo alega que remover as restrições à extração de petróleo e gás natural teria efeito positivo sobre o emprego.
Mas o estudo depende de um suposto "efeito multiplicador", sob o qual cada emprego gerado no setor resultaria na criação de outros 2,5 empregos em outras áreas.
Seria bom recordar que os republicanos desdenharam alegações de que assistência governamental para evitar a demissão de professores ajudaria a manter empregos indiretos no setor privado.
Além disso, todos os grandes números do relatório se referem a projeções para o final da década. O relatório prevê menos de 200 mil empregos novos no ano que vem, e menos de 700 mil até 2015.
Seria útil comparar esses números a dois outros: os 14 milhões de norte-americanos desempregados e o total de um a dois milhões de novos empregos que pesquisas independentes sugerem que seriam criados pelo plano de Obama, isso em 2012, e não em um futuro distante.
A poluição causa danos reais e mensuráveis à saúde humana. E as autoridades econômicas precisam levar esses danos em conta.
Precisamos de mais políticos como aquele corajoso governador que apoiou controles ambientais sobre uma usina de energia a carvão, a despeito de alertas de que eles poderiam resultar em seu fechamento, porque "não criarei ou manterei empregos que causam mortes".
Ah, é: esse governador era Mitt Romney, em 2003.
Qual é a dimensão dos danos? Um novo estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Yale e do Middlebury College agrega dados de diversas fontes para estimar o valor monetário dos danos ambientais infligidos por diversos setores.
Pois há diversos setores da economia que infligem danos ambientais maiores que a soma dos salários que pagam e dos lucros que realizam -o que significa que, na realidade, eles destroem valor econômico e não o criam.
Isso não significa que eles devam ser desativados, mas que a regulação ambiental é pouco severa.
Os republicanos têm forte incentivo a alegar o contrário. As indústrias que mais destroem valor se concentram nos setores de energia e recursos naturais, que costumam doar verbas de campanha. Mas a realidade é que poluir mais não resolveria nosso problema de emprego. E só nos tornaria mais pobres e mais doentes.