FOLHA DE SP - 13/07/11
Somos "Sul" num mundo em que não cabe a ideia de embate com um "Norte" hostil; não devemos elidir nosso caráter ocidental
A forma como um país se insere no plano internacional é expressão de dois tipos de fatores -características inerentes a sua dimensão, economia, sociedade e o modo como se posiciona nas organizações que conformam a "ordem" internacional.
O que se pode chamar de persona de um país é o conjunto dessas características, que vai além do conceito de identidade nacional. Algo que pode (e deve) mudar a cada nova fase da evolução interna e segundo o contexto internacional.
O poderio de um país se deve a fatores estáticos (território e recursos naturais). Mas seu poder é consequência da maneira como evolui internamente e de sua capacidade de, no plano externo, adequar-se a novas circunstâncias, projetando com ímpeto sua influência sobre questões da agenda internacional.
Como aponta Celso Lafer, há um modo de ser brasileiro nas relações internacionais. Isso se expressa pela crença kantiana de que, se não é fácil contemplar uma paz perpétua em escala mundial, por certo está materializado esse desiderato numa América Latina livre de armas de destruição em massa, do risco de conflitos armados e distante dos eixos de confrontação e insegurança. Vivemos hoje, aos olhos da comunidade internacional, um momento feliz, com os avanços no sistema democrático, a crescente vibração da sociedade civil, a estabilidade e o renovado dinamismo da economia.
Viemos ganhando peso crescente na área internacional, com maior capacidade de afirmação. Mais do que emergente, o Brasil é hoje ator global. Tem posição central nas organizações regionais e ponderável peso na busca de soluções para os problemas das finanças (G20, FMI, Banco Mundial), do comércio (OMC, Rodada Doha), do ambiente e da mudança climática, da energia, da segurança, de desarmamento e não proliferação, da reforma da ONU.
Para que ganhe mais ímpeto, a projeção externa requer o reconhecimento por nós mesmos do acentuado pluralismo de nossa persona, tal como se vê no plano externo. Somos "Sul", mas num mundo em que já não cabe a ideia de continuado embate com um "Norte" hostil.
E sermos "Sul" não deve levar-nos a elidir nosso caráter inerentemente ocidental, que urge afirmar. Somos país de renda média mais do que nação "em desenvolvimento". "Emergentes", temos interesses diferenciados em relação às potências estabelecidas, mas nem por isso deixamos de nelas ter parceiros estratégicos. Somos Bric, mas temos interesses diferenciados também em relação a China, Rússia, Índia e África do Sul. Somos América do Sul e estamos no Atlântico, mas cabe enfatizar nossa condição de maiores parceiros da Ásia na região.
Somos G20 na área financeira e na OMC, mas o que nos move é a ideia de reforma das instituições multilaterais, não uma postura de feições anticapitalistas na luta contra um malévolo "neoliberalismo". Nossa política externa, em evolução na continuidade, requer um cada vez mais nítido delineamento de nossa persona no seio da comunidade internacional. Que sigamos avançando nesse processo, para que o presente feliz momento se transforme em duradoura nova etapa em nosso desenvolvimento e em nossa projeção externa.
Entrevista:O Estado inteligente
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