O Estado de S. Paulo - 19/03/2010
China e Alemanha são e continuam sendo os dois maiores exportadores do mundo. Até recentemente, eram tidos como modelos a imitar: país que pretendesse se levantar e ter algum futuro tinha de ser como China e Alemanha.
Agora eles começam a ser vistos como grandes entraves à recuperação da economia global. Como no futebol, onde não há vitória sem derrota, nos negócios entre países não há superávit sem que, do outro lado, haja déficit. Enquanto continuarem a ser supercampeões das exportações, os demais países têm de se conformar com ser consumidores de produtos alemães e chineses e, mais do que isso, terão de se arranjar economicamente carregando rombos comerciais e suas consequências.
Há muito que se sabe que a atual simbiose entre Estados Unidos e China - em que os Estados Unidos entram como consumidor de produtos chineses e a China, como fornecedor dos Estados Unidos e financiador do seu consumo - não é sustentável a longo prazo: nem os Estados Unidos poderão perpetuar seus déficits nem os chineses conseguirão empilhar reservas para sempre.
Agora, no entanto, quando a própria recuperação dos Estados Unidos está sendo ameaçada pela continuação do superávit chinês, vai crescendo a urgência de que se façam ajustes profundos nesse arranjo.
Já foi dito nesta Coluna que os Estados Unidos estão se defendendo de maneira errada. Sindicatos e políticos pretendem partir para retaliações, sob o argumento de que a China faz jogo sujo no comércio com a manipulação do câmbio. Não há nenhum tratado comercial que considere o uso do sistema fixo de câmbio como recurso desleal. Mas o desequilíbrio está aí e ele é um dos grandes responsáveis pelas atuais mazelas financeiras.
Mas, afinal, como se reequilibra esse jogo? A taxação do fluxo de capitais proposta pelos líderes da social-democracia internacional não vai à fonte dos problemas porque o fluxo de capitais é apenas o resultado dos desequilíbrios preexistentes.
A ideia da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad) de montar uma Organização Mundial do Câmbio para definir o que é ou não permitido também não muda a essência das coisas. Da China ainda se pode reclamar de que sua agressividade exportadora se deve a um câmbio excessivamente desvalorizado. Mas a Alemanha nem moeda própria tem e, no entanto, continua sendo fonte de desequilíbrios comerciais. Ou seja, a solução não está nos ajustes cambiais.
Quarta-feira, o diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional, Dominique Strauss-Kahn, avisou que a solução terá de passar pelo aumento da demanda interna da China e da Alemanha. No entanto, a China vem incorporando cerca de 30 milhões de pessoas por ano ao mercado interno de consumo. E o consumo na Alemanha está entre os mais altos do mundo. Como obrigar o alemão a consumir mais? Seria impor aumentos salariais ou multiplicar os proibidos déficits públicos?
O reequilíbrio mundial não se conseguirá com a aplicação de cosméticos. Nesta economia globalizada, será preciso alguma forma de coordenação de políticas e, antes disso, alguma forma de integração política. Mas, enquanto esse acerto não for possível, como ficam os grandes desequilíbrios econômicos globais?
CONFIRA
Risco X - O mercado de ações afinal começou a se perguntar pelo risco inerente às empresas do grupo Eike Batista. Até agora, foram bem-sucedidas em levantar recursos com a promessa de grandes resultados futuros. O meio fracasso do lançamento das ações da OSX, que projeta produzir equipamentos de exploração de petróleo e gás, afinal levantou as primeiras dúvidas. O último a anunciar feito semelhante, e a ser bem-sucedido na empreitada, foi o então ministro das Comunicações, Sérgio Motta, que em 1998 privatizou a Telebrás e fatiou o mercado de telefonia, anunciando que estava criando riqueza "do vento".
Balanço da Petrobrás - Saem hoje os resultados da estatal do quarto trimestre de 2009. As últimas chamadas de capital na Bolsa não foram o sucesso esperado. E a capitalização da Petrobrás, prevista para ser a mais alta da história (no mundo), provavelmente superior a US$ 60 bilhões, será o que o governo dela espera? Boa pergunta para ser respondida hoje pelo diretor financeiro, Almir Barbassa.
Entrevista:O Estado inteligente
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