Entrevista:O Estado inteligente

sábado, julho 04, 2009

VEJA Carta ao Leitor


A revolução do real

Fotos Ricardo Stuckert e Celso Junior/AE
A quatro mãos
Fernando Henrique Cardoso, no aniversário de três anos da moeda, e Luiz Inácio Lula da Silva: o real mudou até mesmo o PT

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Há duas formas de revolução na história humana: as rumorosas, feitas com o sangue, o suor e as lágrimas das populações, e as silenciosas – que, em geral, tendem a ser mais efetivas no que diz respeito aos benefícios proporcionados à maioria. Elas são consideradas silenciosas não porque feitas nos subterrâneos, longe dos ouvidos e dos olhos das pessoas, mas porque deixam de ser percebidas como revoluções enquanto se desenrolam. Seu caráter profundamente renovador é reconhecido somente a posteriori, quando muitos se dão conta, enfim, das mudanças por elas promovidas. Há quinze anos, começou a ocorrer uma revolução silenciosa no Brasil: o lançamento do real, a moeda que pôs um ponto final na hiperinflação e que, ponta de lança do plano ao qual emprestou seu nome, catapultou o país a um novo patamar de desenvolvimento. Com o real, os brasileiros redescobriram o valor do dinheiro e das coisas. Passaram a planejar seu presente e seu futuro. Elevaram seu padrão de renda e bem-estar. A economia ganhou um arcabouço mais nítido e moderno, com o saneamento do sistema financeiro, as privatizações, as agências reguladoras, a Lei de Responsabilidade Fiscal, as metas de superávit primário, o câmbio flutuante e a autonomia operacional do Banco Central.

Na condição de ministro da Fazenda de Itamar Franco, o tucano Fernando Henrique Cardoso lançou plano e moeda. Na Presidência da República, executou reformas essenciais e protegeu as conquistas obtidas com o real de uma série de cataclismos internacionais. Seu sucessor, o petista Luiz Inácio Lula da Silva, deu continuidade exemplar ao processo de estabilização que, hoje, possibilita ao Brasil singrar, com relativa tranquilidade, os mares tempestuosos da crise planetária. O fato de Lula e o Partido dos Trabalhadores terem perdido suas feições radicais deve-se também ao real. Não era possível continuar a ser contra algo que tanto bem causou a tantos. O real foi uma revolução porque fez com que os brasileiros – praticamente todos – caíssem na realidade. Não com estrondo, mas com um suspiro de alívio.

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