Entrevista:O Estado inteligente

sábado, julho 11, 2009

MILLÔR

da Veja


7 (setes) ANOTHAÇÕES


Quando lhe disseram que o Bolsa Família foi um ovo de Colombo, Lula acrescentou logo: "Você vai ver o outro".

O Egoísmo, o interesse centrado no Ego, é superior ao Altruísmo. O Egoísmo é autoconsciente, aceita lucro e perda em conta própria. Tem sentimento de culpa.

O Altruísmo é uma corporação (tipo ONG) de egos que aparentemente se sacrifica pelos outros, a Coletividade, esta. Na prática de tudo que erra põe a culpa no Egoísmo, especificamente no indivíduo que não pertence ou apoia seu grupo.

Deus nos dá hoje o pão nosso de cada dia que o diabo amassou.

Ontem apertei uma tecla distraída, ou eu distraído, do computador e me surgiu o velho Pac-Man, que cansei de jogar quando o computador era jovem, ainda a vapor. Me bateu a saudade. Deus do céu, o Pac-Man já é nostalgia!

5 De repente comecei a acreditar em Deus. Tá impossível acreditar em qualquer outra coisa.

Ninguém perguntou mas eu respondo. Sobre a nova ortografia. Pô, no meu tempo de vida já passei por quatro reformas. Durante mais de dez anos combati (ou escrevi irresponsavelmente, vocês decidem) os famigerados "sinais diacríticos diferenciais". Já enchi. Língua é a falada. A língua escrita, ortográfica, procura, mal e mal, registrar isso. Serve pra normatizar, encinar os burocratas a escrever serto. Mas nada disso adianta quando a tevê Globo – língua falada – decide que o nome é Roráima e não Rorãima, como sempre se disse aqui em casa. Agora então que acabaram com os acentos, a Globo ganha de goleada com seu Roráima escandido pelo Bonner pra 30 milhões de pedintes, perdão, ouvintes.

Escrever bem não tem nada a ver com ortografia. Basta você ver como escreve a maioria dos que escrevem ortografiaperfeitamente, isto é, seguindo todas as regras. Mediocridade, quase sempre. Já Yeats, o grande poeta irlandês, um dos maiores do mundo, escrevia tudo errado ortográfica e gramaticalmente. Isso no tempo em que tudo era rimado e metrificado.

Repito, isso de escrever gramatical ou ortograficamente certo não tem nada a ver com escrever bem. Tem a ver com sensibilidade em suas várias formas. O admirável Rubem Braga, uma perfeição de estilo, nos aconselhava sabiamente: "Quando você tiver uma dificuldade gramatical, não quebra a cabeça não. Dá uma voltinha".

A que vem isso? A nada. Ou a tudo. Minha implicância com gramatiquismos e gramatiquices começa com a crase, que o poeta Ferreira Gullar diz que "não foi feita pra humilhar ninguém". Tem razão: a crase foi feita pra humilhar todo mundo.

Por que todo mundo erra na crase? Já vi crase "errada" em placa de mármore de ministério. E estou vendo aqui, debaixo do meu nariz, na meia dúzia de quilômetros em volta das obras do Metrô, uma centena de cartazes da Odebrecht, a poderosa empreiteira, cheia de agrônomos, engenheiros, calculistas e, possivelmente, gramáticos: OBRAS A 100 metros, OBRAS À 250 metros. DESVIO a 200 metros. OBRAS à 300 metros. A Odebrecht emprega a crase por metragem.

Repito-me: por que todo mundo "erra" na crase? Uma regrinha idiota que qualquer idiota aprende num minuto. E esquece no minuto seguinte. Porque é artificial, inventada pelos gramáticos.

Exemplo? À bessa, que agora virou à beça (por quê?), era uma palavra só, abessa, que os sábios da escritura (Camões) dividiram em duas pra poder tascar a crase em cima de uma delas.

7 O cara está mesmo velho quando transa com uma mulher de 40 anos e é acusado de pedofilia.

Arquivo do blog