Por Anne Warth, da Agência Estado:
O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso disse nesta sexta-feira, 6, que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) está "afogado" por incompetência e falta de projetos. Segundo ele, não faltam recursos, mas seriedade para compreender os mecanismos de investimento e infraestrutura, além da utilização dos recursos autorizados. "Reitero, não faltam recursos, mas a execução de recursos autorizados. O PAC não está sendo afogado por falta de recursos, está sendo afogado por incompetência", disse ele, em entrevista coletiva concedida durante o IV Encontro Internacional Nova Agenda da Democracia para a América Latina, realizado na capital paulista.
Para exemplificar a ausência de projetos, o ex-presidente citou o caso do trem de alta velocidade que fará a ligação São Paulo-Campinas-Rio de Janeiro. "Hoje mesmo eu vi uma discussão sobre a postergação do projeto, que por enquanto é uma ideia", afirmou. "Não tem nem projeto", ressaltou.
Na avaliação do ex-presidente, os investimentos em infraestrutura são uma das formas de enfrentar os efeitos da crise financeira mundial no País. No entanto, FHC criticou o governo federal, que, segundo ele, possui investimentos no PAC que não chegam a 1% do PIB. "É muita onda a respeito e muito pouco, sempre contando com investimentos do setor privado e boa parte também de investimentos públicos da Petrobras. EsTa, sim, investe, mas também terá problemas de financiamento", comentou.
Na avaliação de FHC, boa parte dos investimentos em infraestrutura no País ficou parada em razão das dúvidas do governo sobre o marco regulatório e sobre a origem dos recursos. "O governo nunca decidiu se iria fazer investimentos privados junto com o público, só público, só privado ou se seria parceria", citou. Ele também fez referência à atual discussão sobre a concessão de aeroportos ao setor privado. "Alguém outro dia me disse: o que há no aeroporto hoje que não seja privado? Nada, a não ser o prédio. O resto, é tudo concessão. Mas faz-se de conta que não é", ironizou.
O ex-presidente também destacou que é necessário haver um marco regulatório a respeito de investimentos. "Não tem de ser neoliberal ou não neoliberal. Tem de ser eficiente, bom, que produza resultados, que o povo se beneficie com ele e que o capital venha de onde vier. Todo mundo sabe", afirmou. "Ficam discutindo sem parar regulação porque, no fundo, o governo tem dúvidas sobre se vale a pena ou não ter a colaboração do setor da sociedade ou se é melhor confiar na burocracia. Isso leva a uma certa paralisia", opinou.
Ainda sobre gastos públicos, FHC afirmou que haverá uma expansão enorme dos gastos com pessoal até 2012. "Isso terá efeito marginal sobre o consumo popular, mas não terá efeito sobre a reestruturação econômica".
Fernando Henrique Cardoso disse que é preciso mais do que palavras para que o governo possa combater os efeitos da crise financeira mundial no País. Ele citou especificamente o caso do Programa de Habitação Popular, que tem como objetivo a construção de um milhão de casas populares. "Estamos indo, no dia a dia , com medidas de impacto que não se concretizam, muito mais que com medidas efetivas", afirmou em evento do IV Encontro Internacional Nova Agenda da Democracia para a América Latina, realizado na capital paulista.
"Na época da bonança, não fizemos os investimentos efetivos em infraestrutura. Não fizemos as reformas. E agora faz-se a simulação de que se vai fazer tudo de uma vez. Por exemplo, um projeto grandioso de fazer 1 milhão de casas. Com que recursos? Quem tem condições de fazer isso? Quem paga?", questionou. "É muito mais efeito de propaganda e de otimismo do que uma ação consequente, tendo em vista o que virá mais adiante."
Outro exemplo citado por FHC foi a medida provisória que autoriza a Caixa Econômica Federal (CEF) a adquirir construtoras ou se associar. Para ele, a medida pode ser avaliada com uma "indulgência". "Não se sabe se isso é em função da crise ou se é posição ideológica", analisou.
Na avaliação de FHC, o Brasil não tem os mesmos problemas de crédito dos Estados Unidos. Para ele, embora o governo tenha adotado medidas rápidas nesse área, é possível que tenha havido "exagero". "Talvez estejam exagerando na liberação de recursos. Não sei se vamos produzir novos esqueletos no futuro", criticou.
Para FHC, os governos, de forma geral, não podem deixar de passar sinais de confiança durante a crise. Porém, continuou ele, essa questão não se resolve apenas por palavras, mas com atos. "É preciso que haja resultados", arrematou.
O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso disse nesta sexta-feira, 6, que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) está "afogado" por incompetência e falta de projetos. Segundo ele, não faltam recursos, mas seriedade para compreender os mecanismos de investimento e infraestrutura, além da utilização dos recursos autorizados. "Reitero, não faltam recursos, mas a execução de recursos autorizados. O PAC não está sendo afogado por falta de recursos, está sendo afogado por incompetência", disse ele, em entrevista coletiva concedida durante o IV Encontro Internacional Nova Agenda da Democracia para a América Latina, realizado na capital paulista.
Para exemplificar a ausência de projetos, o ex-presidente citou o caso do trem de alta velocidade que fará a ligação São Paulo-Campinas-Rio de Janeiro. "Hoje mesmo eu vi uma discussão sobre a postergação do projeto, que por enquanto é uma ideia", afirmou. "Não tem nem projeto", ressaltou.
Na avaliação do ex-presidente, os investimentos em infraestrutura são uma das formas de enfrentar os efeitos da crise financeira mundial no País. No entanto, FHC criticou o governo federal, que, segundo ele, possui investimentos no PAC que não chegam a 1% do PIB. "É muita onda a respeito e muito pouco, sempre contando com investimentos do setor privado e boa parte também de investimentos públicos da Petrobras. EsTa, sim, investe, mas também terá problemas de financiamento", comentou.
Na avaliação de FHC, boa parte dos investimentos em infraestrutura no País ficou parada em razão das dúvidas do governo sobre o marco regulatório e sobre a origem dos recursos. "O governo nunca decidiu se iria fazer investimentos privados junto com o público, só público, só privado ou se seria parceria", citou. Ele também fez referência à atual discussão sobre a concessão de aeroportos ao setor privado. "Alguém outro dia me disse: o que há no aeroporto hoje que não seja privado? Nada, a não ser o prédio. O resto, é tudo concessão. Mas faz-se de conta que não é", ironizou.
O ex-presidente também destacou que é necessário haver um marco regulatório a respeito de investimentos. "Não tem de ser neoliberal ou não neoliberal. Tem de ser eficiente, bom, que produza resultados, que o povo se beneficie com ele e que o capital venha de onde vier. Todo mundo sabe", afirmou. "Ficam discutindo sem parar regulação porque, no fundo, o governo tem dúvidas sobre se vale a pena ou não ter a colaboração do setor da sociedade ou se é melhor confiar na burocracia. Isso leva a uma certa paralisia", opinou.
Ainda sobre gastos públicos, FHC afirmou que haverá uma expansão enorme dos gastos com pessoal até 2012. "Isso terá efeito marginal sobre o consumo popular, mas não terá efeito sobre a reestruturação econômica".
Fernando Henrique Cardoso disse que é preciso mais do que palavras para que o governo possa combater os efeitos da crise financeira mundial no País. Ele citou especificamente o caso do Programa de Habitação Popular, que tem como objetivo a construção de um milhão de casas populares. "Estamos indo, no dia a dia , com medidas de impacto que não se concretizam, muito mais que com medidas efetivas", afirmou em evento do IV Encontro Internacional Nova Agenda da Democracia para a América Latina, realizado na capital paulista.
"Na época da bonança, não fizemos os investimentos efetivos em infraestrutura. Não fizemos as reformas. E agora faz-se a simulação de que se vai fazer tudo de uma vez. Por exemplo, um projeto grandioso de fazer 1 milhão de casas. Com que recursos? Quem tem condições de fazer isso? Quem paga?", questionou. "É muito mais efeito de propaganda e de otimismo do que uma ação consequente, tendo em vista o que virá mais adiante."
Outro exemplo citado por FHC foi a medida provisória que autoriza a Caixa Econômica Federal (CEF) a adquirir construtoras ou se associar. Para ele, a medida pode ser avaliada com uma "indulgência". "Não se sabe se isso é em função da crise ou se é posição ideológica", analisou.
Na avaliação de FHC, o Brasil não tem os mesmos problemas de crédito dos Estados Unidos. Para ele, embora o governo tenha adotado medidas rápidas nesse área, é possível que tenha havido "exagero". "Talvez estejam exagerando na liberação de recursos. Não sei se vamos produzir novos esqueletos no futuro", criticou.
Para FHC, os governos, de forma geral, não podem deixar de passar sinais de confiança durante a crise. Porém, continuou ele, essa questão não se resolve apenas por palavras, mas com atos. "É preciso que haja resultados", arrematou.