ZERO HORA - 27/10
O registro de mais de 500 ações criminosas contra bancos nos três Estados da Região Sul só neste ano - maior do que o estimado para todo o período de colonização do oeste norte-americano, como indicam estudos recentes de pesquisadores da Universidade de Dayton, nos Estados Unidos - é suficiente para justificar providências mais consequentes do que as adotadas até hoje. Por isso, é promissor para os cidadãos o inédito mutirão entre autoridades, empresários e trabalhadores gaúchos, catarinenses e paranaenses com o objetivo de desenvolver ações policiais e mecanismos de segurança que possam conter a violência dos bandidos. Não é admissível que a sociedade continue a se sentir cada vez mais refém de quem não hesita em recorrer a qualquer forma de surrupiar dinheiro alheio, que deveria ser mais resguardado tanto pelos responsáveis diretos - os bancos -, quanto pelos organismos de segurança pública.
O primeiro encontro já serviu para evidenciar algumas fragilidades, que contribuem para expor ainda mais a população, particularmente em comunidades de menor porte, mais expostas aos criminosos. Uma delas é de que falta segurança nas agências - aspecto inaceitável, levando em conta que, onde há dinheiro vivo, seja no Brasil, seja em regiões que prosperaram a partir do Velho Oeste norte-americano, sempre haverá alguém tentando se apossar dele. A outra é que, em Estados como os da Região Sul, falta um mínimo de interação entre as forças policiais, que facilite, por exemplo, maior uso da inteligência com a intensificação da troca de dados. Por isso, é importante que a pretendida união de forças entre autoridades de segurança e representantes da iniciativa privada avance, para que pelo menos as comunidades mais vulneráveis à ação de assaltantes de banco voltem logo a sentir-se mais protegidas.
A particularidade de as quadrilhas especializadas nesse tipo de ato migrarem de um Estado para outro de acordo com suas próprias conveniências deixa evidente que a questão não tem mais como ser atacada isoladamente. Nos três Estados mais meridionais, o número de ataques a bancos registrou uma elevação considerável neste ano, em comparação com o anterior. É preciso, portanto, reforçar o policiamento, mas também impor maior controle sobre o uso de explosivos e adotar medidas elementares e que realmente funcionem na prática. Como esse tipo de crime só tende a cessar quando o dinheiro se torna inacessível, a providência mais urgente precisa ser a inutilização automática de cédulas furtadas.
Como bem lembraram os representantes dos Estados sulinos reunidos agora, é preciso também mudar a lei, levando-a realmente a intimidar quem hoje se vale de explosivos para esse tipo de ataque, por exemplo. Sem esse maior rigor, o que o futuro imediato reserva para os cidadãos, particularmente os da Região Sul, é um pesadelo típico de Velho Oeste - não o real, mas o popularizado pelo cinema, com os evidentes exageros para os quais esse tipo de entretenimento se presta.