O GLOBO - 26/10
Em abril de 2004, havia 2,8 milhões de desempregados nas seis regiões metropolitanas onde o IBGE calcula o desemprego. Agora, há 1,3 milhão, menos da metade. A notícia é ótima e reflete a baixa taxa de desocupação, que foi de 5,4% em setembro. Mas também significa que os empresários terão que se esforçar mais para contratar e aumentar a produção.
A taxa de desemprego foi a 4% no Rio de Janeiro e a 4,4% em Belo Horizonte. Menores taxas da série. Em um ano, o número de desempregados no Rio caiu de 327 mil para 256 mil. Em Salvador, foi de 173 mil para 122 mil. De agosto a setembro, a taxa de desocupados recuou em todas as cidades acima, mais Recife e Porto Alegre. Só subiu em São Paulo.
Os números não deixam dúvidas de que há agora um novo desafio na economia: o estoque de mão de obra disponível está menor. Durante o crescimento na década passada, as empresas aumentaram a produção incorporando trabalhadores que estavam parados. Nesta década, haverá menos gente para se contratar. A produção só vai crescer se aumentar a produtividade de cada trabalhador já empregado.
Nem sempre os que procuram emprego se encaixam no perfil procurado pelo empregador, ou por ter qualificação demais ou por não estar qualificado. Os economistas dizem que o Brasil já vive em pleno emprego. Mesmo assim, a informalidade é alta e há pessoas qualificadas fora do mercado.
As seis cidades pesquisadas ainda têm 660 mil pessoas, entre 25 anos e 49 anos, desempregadas. Entre quem tem 18 anos e 24 anos, os que estão procurando emprego e não encontram são 447 mil. Uma taxa de desemprego europeia, de 12,2%. Há também o fenômeno do "nem, nem": jovens que nem estudam nem trabalham e, portanto, não estão nas estatísticas.
No recorte pela escolaridade, curiosamente, o número de desempregados é maior entre quem tem pelo menos o segundo grau completo: 760 mil pessoas. É menor no grupo de menos escolaridade. Isso mostra que grande parte dos empregos oferecidos no Brasil é de baixa qualidade. O número de pessoas desempregadas, com menos de oito anos de estudo, caiu de 910 mil, em 2004, para 232 mil, em setembro deste ano.
Mas, necessariamente, o avanço da economia exigirá trabalhadores mais qualificados no futuro. Uma parte desse esforço será feito pelo Estado e pelas famílias, mas as empresas terão que investir também em pessoal. Os que já estão empregados terão que aumentar a produtividade e os que estão do lado de fora terão que se preparar melhor. Será inevitável para as empresas investir no jovem que nunca trabalhou e precisa ser treinado.
Uma boa notícia não pode se transformar em notícia ruim. Se o desemprego caiu e há menos trabalhadores disponíveis, é preciso correr atrás de quem tem sido barrado no mercado.
Em abril de 2004, havia 2,8 milhões de desempregados nas seis regiões metropolitanas onde o IBGE calcula o desemprego. Agora, há 1,3 milhão, menos da metade. A notícia é ótima e reflete a baixa taxa de desocupação, que foi de 5,4% em setembro. Mas também significa que os empresários terão que se esforçar mais para contratar e aumentar a produção.
A taxa de desemprego foi a 4% no Rio de Janeiro e a 4,4% em Belo Horizonte. Menores taxas da série. Em um ano, o número de desempregados no Rio caiu de 327 mil para 256 mil. Em Salvador, foi de 173 mil para 122 mil. De agosto a setembro, a taxa de desocupados recuou em todas as cidades acima, mais Recife e Porto Alegre. Só subiu em São Paulo.
Os números não deixam dúvidas de que há agora um novo desafio na economia: o estoque de mão de obra disponível está menor. Durante o crescimento na década passada, as empresas aumentaram a produção incorporando trabalhadores que estavam parados. Nesta década, haverá menos gente para se contratar. A produção só vai crescer se aumentar a produtividade de cada trabalhador já empregado.
Nem sempre os que procuram emprego se encaixam no perfil procurado pelo empregador, ou por ter qualificação demais ou por não estar qualificado. Os economistas dizem que o Brasil já vive em pleno emprego. Mesmo assim, a informalidade é alta e há pessoas qualificadas fora do mercado.
As seis cidades pesquisadas ainda têm 660 mil pessoas, entre 25 anos e 49 anos, desempregadas. Entre quem tem 18 anos e 24 anos, os que estão procurando emprego e não encontram são 447 mil. Uma taxa de desemprego europeia, de 12,2%. Há também o fenômeno do "nem, nem": jovens que nem estudam nem trabalham e, portanto, não estão nas estatísticas.
No recorte pela escolaridade, curiosamente, o número de desempregados é maior entre quem tem pelo menos o segundo grau completo: 760 mil pessoas. É menor no grupo de menos escolaridade. Isso mostra que grande parte dos empregos oferecidos no Brasil é de baixa qualidade. O número de pessoas desempregadas, com menos de oito anos de estudo, caiu de 910 mil, em 2004, para 232 mil, em setembro deste ano.
Mas, necessariamente, o avanço da economia exigirá trabalhadores mais qualificados no futuro. Uma parte desse esforço será feito pelo Estado e pelas famílias, mas as empresas terão que investir também em pessoal. Os que já estão empregados terão que aumentar a produtividade e os que estão do lado de fora terão que se preparar melhor. Será inevitável para as empresas investir no jovem que nunca trabalhou e precisa ser treinado.
Uma boa notícia não pode se transformar em notícia ruim. Se o desemprego caiu e há menos trabalhadores disponíveis, é preciso correr atrás de quem tem sido barrado no mercado.