Folha de S. Paulo - 07/03/12
A massa da economia já tem fermento bastante para crescer mais que os minguados 2,7% de 2011. Se a receita vai desandar ou se o bolo não vai crescer no ritmo dilmiano de mais de 4%, difícil saber. O ano mal começou.
De evidente, apenas, há o rebuliço no governo, que promete mover fundos para cumprir a meta. Na ânsia de cumpri-la, Dilma talvez enterre a política econômica dos últimos 13 anos, que predominara no governo Lula 1 e sobrevivera, adaptada, sob Lula 2.
Há dúvida sobre quão bem pensada será a inovação.
A economia tende a crescer algo mais neste 2012 porque: 1) Os juros caem; 2) O governo e megaestatais vão investir mais, o que arrasta algum investimento privado adicional; 3) A confiança do empresário parece menos abalada pela hipótese de desastre econômico lá fora.
A economia cresceu pouco em 2011 porque: 1) Houve uma desaceleração violenta do investimento privado; 2) A indústria padece devido a real forte, falta de mercado devido a uma economia mundial fraca e aperto de crédito no Brasil; 3) O investimento público retrocedeu, ainda mais que o ritmo do gasto do governo em geral; 4) O BNDES emprestou menos.
Preocupado demais com o curto prazo e curto de ideias de longo alcance, o governo pode exagerar na dose adicional de fermento. O consumo voltou a crescer no fim de 2011. O juro real está na mínima pós-Real, entre 3,5% e 4%.
Para começar, o governo quer dar corda na indústria, estagnada em 2011. Para tanto, quer desvalorizar o câmbio, pode conceder reduções de impostos e elevar a proteção a setores industriais contra a competição externa. Supondo que isso aconteça, teremos um tico mais de inflação, que já não está baixa.
O investimento do governo deve crescer neste ano. Nenhum problema aí, se o gasto do governo em outras áreas não estivesse crescendo.
A poupança do governo pode cair. Num ano só, essa queda não é lá grave. Mas estamos numa economia algo inflacionada (em 2011, o governo fechou o cofre para auxiliar no controle da inflação).
O Banco Central vem dando indícios, até agora, de que se preocupa com o fato de a economia vir andando devagar além da conta e dá sinal de juros ainda menores.
Mas a inflação está além da conta, até agora. Ou o BC vai deixar claro, lá pelo meio do ano, que não é prioritário colocar a inflação na meta, ou vai apertar o crédito lá pelo fim do ano, quando a economia operar a plena carga.
Em suma, a ansiedade desenvolvimentista pode colocar a economia numa marchinha forçada. Se o governo quiser pisar no acelerador, tende a descaracterizar o regime de metas de inflação, de interferência menor nos mercados de câmbio, capitais e no comércio e terá uma meta de crescimento de curto prazo, não importa o efeito colateral. Há o risco de o BC não gostar disso. Se o BC concordar com a ideia, definitivamente estaremos em outros mares de política econômica.
De evidente, apenas, há o rebuliço no governo, que promete mover fundos para cumprir a meta. Na ânsia de cumpri-la, Dilma talvez enterre a política econômica dos últimos 13 anos, que predominara no governo Lula 1 e sobrevivera, adaptada, sob Lula 2.
Há dúvida sobre quão bem pensada será a inovação.
A economia tende a crescer algo mais neste 2012 porque: 1) Os juros caem; 2) O governo e megaestatais vão investir mais, o que arrasta algum investimento privado adicional; 3) A confiança do empresário parece menos abalada pela hipótese de desastre econômico lá fora.
A economia cresceu pouco em 2011 porque: 1) Houve uma desaceleração violenta do investimento privado; 2) A indústria padece devido a real forte, falta de mercado devido a uma economia mundial fraca e aperto de crédito no Brasil; 3) O investimento público retrocedeu, ainda mais que o ritmo do gasto do governo em geral; 4) O BNDES emprestou menos.
Preocupado demais com o curto prazo e curto de ideias de longo alcance, o governo pode exagerar na dose adicional de fermento. O consumo voltou a crescer no fim de 2011. O juro real está na mínima pós-Real, entre 3,5% e 4%.
Para começar, o governo quer dar corda na indústria, estagnada em 2011. Para tanto, quer desvalorizar o câmbio, pode conceder reduções de impostos e elevar a proteção a setores industriais contra a competição externa. Supondo que isso aconteça, teremos um tico mais de inflação, que já não está baixa.
O investimento do governo deve crescer neste ano. Nenhum problema aí, se o gasto do governo em outras áreas não estivesse crescendo.
A poupança do governo pode cair. Num ano só, essa queda não é lá grave. Mas estamos numa economia algo inflacionada (em 2011, o governo fechou o cofre para auxiliar no controle da inflação).
O Banco Central vem dando indícios, até agora, de que se preocupa com o fato de a economia vir andando devagar além da conta e dá sinal de juros ainda menores.
Mas a inflação está além da conta, até agora. Ou o BC vai deixar claro, lá pelo meio do ano, que não é prioritário colocar a inflação na meta, ou vai apertar o crédito lá pelo fim do ano, quando a economia operar a plena carga.
Em suma, a ansiedade desenvolvimentista pode colocar a economia numa marchinha forçada. Se o governo quiser pisar no acelerador, tende a descaracterizar o regime de metas de inflação, de interferência menor nos mercados de câmbio, capitais e no comércio e terá uma meta de crescimento de curto prazo, não importa o efeito colateral. Há o risco de o BC não gostar disso. Se o BC concordar com a ideia, definitivamente estaremos em outros mares de política econômica.