Entrevista:O Estado inteligente

domingo, março 18, 2012

PIB mostra que país caminha a passo de caranguejo - FERNANDO ZILVETI

FOLHA DE SP - 18/03/12


O PIB de 2011 anunciado recentemente pelo governo federal retoma a
questão da desindustrialização do país.

A contribuição da indústria no PIB brasileiro ficou em 14,6%.
Compara-se à participação industrial no governo Juscelino Kubitschek.

Foi justamente em 1956 que começou o grande impulso na
industrialização, com um ambicioso plano de metas de desenvolvimento.

Uma curiosidade estatística se apresenta na carga tributária naquela
época: 14% do PIB. Hoje, a carga tributária comparada ao PIB
representa algo em torno de 35%.

A tributação parece desempenhar um papel cruel no processo de
desindustrialização brasileiro.

O desequilíbrio nas contas públicas agravou-se também a partir da
década de 1950. Se JK pode ser caracterizado como desenvolvimentista,
sob a perspectiva fiscal, houve problemas nessa área e também na
política monetária, levando o Brasil a um enorme endividamento
público.

A responsabilidade fiscal e monetária somente seria retomada no fim do
século 20. Esse equilíbrio garantiu ao Brasil a condição de receber
investimentos externos e de retomar o crescimento.

ZELO E DESCUIDO

O governo zelou pela estabilidade fiscal e monetária, mas descuidou da
produção interna. Persistem a falta de política industrial e o
crescimento da carga tributária. Há ainda os incentivos fiscais
concedidos livremente.

Em diversas regiões do país, empresas têxteis fecham suas portas e
transformam imóveis em condomínios horizontais e verticais.

Muitos desses bens, porém, foram doados pelo Estado direta ou
indiretamente, por meio de incentivos fiscais ou renúncias de todos os
níveis. O contribuinte, que pagou por esses incentivos, fica de lado.

Americana, em São Paulo, vê sua indústria têxtil desaparecer.
Resistiram as empresas que inovaram para não sucumbir.

Por causa da política tributária, montaram negócios na China para
exportar para o Brasil -e exportaram emprego para chineses.

Outras indústrias, com o objetivo de evitar a carga fiscal, cortaram o
atacadista e o varejista da cadeia de geração de empregos, abrindo
seus próprios pontos de venda nos grandes magazines e lojas de
departamentos.

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