FOLHA DE SP - 21/03/12
País, graças a contatos culturais e ao comércio, tem posição privilegiada na ponte com a África
Uma nova expressão começa a ganhar curso nos círculos de estudos internacionais -o novo Atlântico. Trata-se do reconhecimento, ainda por vezes incipiente, de que o Atlântico Sul passa por notável transformação, com o processo de integração na América do Sul e o surgimento de novos laços com a África.
Vai-se tornando claro que já não mais faz sentido pensar-se isoladamente no Atlântico Norte como sendo a principal área do oceano. Por demasiado tempo, a ideia de Atlântico tem sido identificada com os vínculos estratégicos entre os Estados Unidos e a Europa, como a chamada Aliança Atlântica e sua expressão mais forte, a Otan, a aliança militar entre os EUA e a maior parte dos países da Europa.
Um dado novo é o de que, com maior estabilidade e dinamismo econômicos e com os avanços em seu processo de integração -que vai sendo levado a cabo não só por forca de ações governamentais, mas também graças a crescentes fluxos de investimentos diretos entre diversos países-, a América do Sul conta hoje com maior grau de projeção política e econômica.
Isso se deve a instituições como o Mercosul e a Unasul, entre outras. A região, em outras palavras, conta com maior densidade e personalidade própria, o que lhe confere mais credibilidade do que no passado (descontados os casos de regimes autoritários como o da Venezuela e alguns de seus seguidores).
Devido a sua centralidade e capacidade de iniciativa, tem o Brasil ocupado, claro está, papel-chave nos avanços registrados pela região.
Mas tem também o Brasil, de outra parte, atuado como a ponta de lança numa inédita aproximação com a África. Basta citar a IBSA, o mecanismo de cooperação entre Brasil, Índia e África do Sul que tem, entre outros, o objetivo de apoiar países africanos mais pobres.
Ocupa o Brasil, graças a seus fluxos de comércio, investimentos, cooperação técnica e contatos culturais, posição privilegiada de ponte entre os dois continentes.
O ex-presidente Lula terá talvez exagerado ao dizer que América do Sul e África estão separados só por um rio. Mas não há duvida de que o Atlântico Sul se vai estreitando.
Nisso tudo, ocupa o Brasil posição privilegiada como principal parceiro dos EUA e da Europa na América do Sul. Temos hoje uma relação de maior mutualidade e equilíbrio com os EUA e contamos com parcerias estratégicas com a União Europeia como tal e com os principais países europeus individualmente.
Tem o Brasil, assim, papel significativo como ponte entre a América do Sul, de um lado, e os EUA, a Europa e agora a África, de outro. Cumpre, nessas circunstâncias, procurarmos enfatizar e valorizar o mais possível a ideia de uma bacia do Atlântico como espaço geopolítico que merece ser reconhecido como não menos importante do que a tão falada bacia do Pacífico.
País, graças a contatos culturais e ao comércio, tem posição privilegiada na ponte com a África
Uma nova expressão começa a ganhar curso nos círculos de estudos internacionais -o novo Atlântico. Trata-se do reconhecimento, ainda por vezes incipiente, de que o Atlântico Sul passa por notável transformação, com o processo de integração na América do Sul e o surgimento de novos laços com a África.
Vai-se tornando claro que já não mais faz sentido pensar-se isoladamente no Atlântico Norte como sendo a principal área do oceano. Por demasiado tempo, a ideia de Atlântico tem sido identificada com os vínculos estratégicos entre os Estados Unidos e a Europa, como a chamada Aliança Atlântica e sua expressão mais forte, a Otan, a aliança militar entre os EUA e a maior parte dos países da Europa.
Um dado novo é o de que, com maior estabilidade e dinamismo econômicos e com os avanços em seu processo de integração -que vai sendo levado a cabo não só por forca de ações governamentais, mas também graças a crescentes fluxos de investimentos diretos entre diversos países-, a América do Sul conta hoje com maior grau de projeção política e econômica.
Isso se deve a instituições como o Mercosul e a Unasul, entre outras. A região, em outras palavras, conta com maior densidade e personalidade própria, o que lhe confere mais credibilidade do que no passado (descontados os casos de regimes autoritários como o da Venezuela e alguns de seus seguidores).
Devido a sua centralidade e capacidade de iniciativa, tem o Brasil ocupado, claro está, papel-chave nos avanços registrados pela região.
Mas tem também o Brasil, de outra parte, atuado como a ponta de lança numa inédita aproximação com a África. Basta citar a IBSA, o mecanismo de cooperação entre Brasil, Índia e África do Sul que tem, entre outros, o objetivo de apoiar países africanos mais pobres.
Ocupa o Brasil, graças a seus fluxos de comércio, investimentos, cooperação técnica e contatos culturais, posição privilegiada de ponte entre os dois continentes.
O ex-presidente Lula terá talvez exagerado ao dizer que América do Sul e África estão separados só por um rio. Mas não há duvida de que o Atlântico Sul se vai estreitando.
Nisso tudo, ocupa o Brasil posição privilegiada como principal parceiro dos EUA e da Europa na América do Sul. Temos hoje uma relação de maior mutualidade e equilíbrio com os EUA e contamos com parcerias estratégicas com a União Europeia como tal e com os principais países europeus individualmente.
Tem o Brasil, assim, papel significativo como ponte entre a América do Sul, de um lado, e os EUA, a Europa e agora a África, de outro. Cumpre, nessas circunstâncias, procurarmos enfatizar e valorizar o mais possível a ideia de uma bacia do Atlântico como espaço geopolítico que merece ser reconhecido como não menos importante do que a tão falada bacia do Pacífico.