Mais um consultor - REVISTA VEJA
REVISTA VEJA
As consultorias que encrencam Pimentel
No período em que coordenava a campanha presidencial de Dilma Rousseff, entre 2009 e 2010, o hoje ministro Fernando Pimentel atuou como consultor por meio de sua empresa, a P-21. Não há ilegalidade no trabalho. O problema são as suspeitas que rondam os contratos.
No último domingo, tão logo voltou de viagem à Venezuela, a presidente Dilma Rousseff demitiu Carlos Lupi do Ministério do Trabalho. Foi o sétimo ministro a deixar o governo – e o sexto abatido por denúncias que vão de tráfico de influência à corrupção. Com a decisão, Dilma esperava dar fim às mudanças que foi obrigada a fazer devido à revelação de irregularidades cometidas por auxiliares diretos. Pretendia suspender a "faxina ética" até janeiro, quando planejava realizar uma reforma ministerial. A demissão também encerraria se, no mesmo dia em que Lupi foi exonerado, a presidente não tivesse defrontado com uma nova acusação – desta vez contra Fernando Pimentel, titular do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, mineiro como Dilma, amigo da presidente há mais de quarenta anos e ex-companheiro dela na resistência á ditadura militar.
Pimentel foi um dos coordenadores da campanha presidencial do PT. Durante a transição de governo, sonhou com o cargo de chefe da Casa Civil, mas foi preterido pelo também petista Antonio Palocci. Apesar disso, sempre figurou entre os ministros mais influentes, além de ser conselheiro e confidente de Dilma. Essa posição se tornou ainda mais privilegiada com a queda de Palocci, o antigo adversário na disputa do poder dentro do Palácio do Planalto, rival que foi atingido por uma denúncia muito parecida com a que pesa agora sobre os ombros de Pimentel. Como Palocci, o ministro fechou contratos milionários quando era consultor de empresas privadas, conforme revelou uma reportagem do jornal O Globo. Como Palocci, angariou clientes entre 2009 e 2010, quando ambos já trabalhavam, nos bastidores, na construção da candidatura presidencial com setores de ponta da economia, que são cobiçados como financiadores preferenciais de projetos eleitorais. Como Palocci, Pimentel se vê agora às voltas com uma grave suspeita de tráfico de influência – e de ter enriquecido com essa atividade.
Na semana passada, em conversa com a presidente, o ministro tentou marcar diferenças com Palocci. Disse, por exemplo, que embolsou recursos muito mais modestos do que o colega petista. Assinados quando ele não tinha cargo público, os contratos garantiram o pagamento de despesas pessoais, e não seu enriquecimento. Pimentel também fez questão de divulgar, ao contrário do ex-chefe da Casa Civil, sua lista de clientes. Citou só três contratantes: a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), a construtora Convap e a QA Consulting, todas sediadas em Belo Horizonte, capital que foi comandada pelo ministro até 2008. O maior contrato assinado pela consultoria de Pimentel foi com a Fiemg. Previa a ajuda dele para traçar planos de investimento nas áreas de fogos de artifício e têxteis e em propostas de desoneração tributária. Pimentel não apresentou um único parecer ou estudo que comprovasse a realização de tais tarefas. Nem apresentará. Robson Andrade, ex-presidente da Fiemg e atual presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), diz que Pimentel deu palestras e conversou com técnicos da federação. Por esses dedinhos de prosa, embolsou 1 milhão de reais. O problema ético que se coloca é real e, dependendo da caixa de ressonância, pode custar ao ministro seu cargo.
As consultorias que encrencam Pimentel
No período em que coordenava a campanha presidencial de Dilma Rousseff, entre 2009 e 2010, o hoje ministro Fernando Pimentel atuou como consultor por meio de sua empresa, a P-21. Não há ilegalidade no trabalho. O problema são as suspeitas que rondam os contratos.
No último domingo, tão logo voltou de viagem à Venezuela, a presidente Dilma Rousseff demitiu Carlos Lupi do Ministério do Trabalho. Foi o sétimo ministro a deixar o governo – e o sexto abatido por denúncias que vão de tráfico de influência à corrupção. Com a decisão, Dilma esperava dar fim às mudanças que foi obrigada a fazer devido à revelação de irregularidades cometidas por auxiliares diretos. Pretendia suspender a "faxina ética" até janeiro, quando planejava realizar uma reforma ministerial. A demissão também encerraria se, no mesmo dia em que Lupi foi exonerado, a presidente não tivesse defrontado com uma nova acusação – desta vez contra Fernando Pimentel, titular do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, mineiro como Dilma, amigo da presidente há mais de quarenta anos e ex-companheiro dela na resistência á ditadura militar.
Pimentel foi um dos coordenadores da campanha presidencial do PT. Durante a transição de governo, sonhou com o cargo de chefe da Casa Civil, mas foi preterido pelo também petista Antonio Palocci. Apesar disso, sempre figurou entre os ministros mais influentes, além de ser conselheiro e confidente de Dilma. Essa posição se tornou ainda mais privilegiada com a queda de Palocci, o antigo adversário na disputa do poder dentro do Palácio do Planalto, rival que foi atingido por uma denúncia muito parecida com a que pesa agora sobre os ombros de Pimentel. Como Palocci, o ministro fechou contratos milionários quando era consultor de empresas privadas, conforme revelou uma reportagem do jornal O Globo. Como Palocci, angariou clientes entre 2009 e 2010, quando ambos já trabalhavam, nos bastidores, na construção da candidatura presidencial com setores de ponta da economia, que são cobiçados como financiadores preferenciais de projetos eleitorais. Como Palocci, Pimentel se vê agora às voltas com uma grave suspeita de tráfico de influência – e de ter enriquecido com essa atividade.
Na semana passada, em conversa com a presidente, o ministro tentou marcar diferenças com Palocci. Disse, por exemplo, que embolsou recursos muito mais modestos do que o colega petista. Assinados quando ele não tinha cargo público, os contratos garantiram o pagamento de despesas pessoais, e não seu enriquecimento. Pimentel também fez questão de divulgar, ao contrário do ex-chefe da Casa Civil, sua lista de clientes. Citou só três contratantes: a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), a construtora Convap e a QA Consulting, todas sediadas em Belo Horizonte, capital que foi comandada pelo ministro até 2008. O maior contrato assinado pela consultoria de Pimentel foi com a Fiemg. Previa a ajuda dele para traçar planos de investimento nas áreas de fogos de artifício e têxteis e em propostas de desoneração tributária. Pimentel não apresentou um único parecer ou estudo que comprovasse a realização de tais tarefas. Nem apresentará. Robson Andrade, ex-presidente da Fiemg e atual presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), diz que Pimentel deu palestras e conversou com técnicos da federação. Por esses dedinhos de prosa, embolsou 1 milhão de reais. O problema ético que se coloca é real e, dependendo da caixa de ressonância, pode custar ao ministro seu cargo.
No último domingo, tão logo voltou de viagem à Venezuela, a presidente Dilma Rousseff demitiu Carlos Lupi do Ministério do Trabalho. Foi o sétimo ministro a deixar o governo – e o sexto abatido por denúncias que vão de tráfico de influência à corrupção. Com a decisão, Dilma esperava dar fim às mudanças que foi obrigada a fazer devido à revelação de irregularidades cometidas por auxiliares diretos. Pretendia suspender a "faxina ética" até janeiro, quando planejava realizar uma reforma ministerial. A demissão também encerraria se, no mesmo dia em que Lupi foi exonerado, a presidente não tivesse defrontado com uma nova acusação – desta vez contra Fernando Pimentel, titular do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, mineiro como Dilma, amigo da presidente há mais de quarenta anos e ex-companheiro dela na resistência á ditadura militar.
Pimentel foi um dos coordenadores da campanha presidencial do PT. Durante a transição de governo, sonhou com o cargo de chefe da Casa Civil, mas foi preterido pelo também petista Antonio Palocci. Apesar disso, sempre figurou entre os ministros mais influentes, além de ser conselheiro e confidente de Dilma. Essa posição se tornou ainda mais privilegiada com a queda de Palocci, o antigo adversário na disputa do poder dentro do Palácio do Planalto, rival que foi atingido por uma denúncia muito parecida com a que pesa agora sobre os ombros de Pimentel. Como Palocci, o ministro fechou contratos milionários quando era consultor de empresas privadas, conforme revelou uma reportagem do jornal O Globo. Como Palocci, angariou clientes entre 2009 e 2010, quando ambos já trabalhavam, nos bastidores, na construção da candidatura presidencial com setores de ponta da economia, que são cobiçados como financiadores preferenciais de projetos eleitorais. Como Palocci, Pimentel se vê agora às voltas com uma grave suspeita de tráfico de influência – e de ter enriquecido com essa atividade.
Na semana passada, em conversa com a presidente, o ministro tentou marcar diferenças com Palocci. Disse, por exemplo, que embolsou recursos muito mais modestos do que o colega petista. Assinados quando ele não tinha cargo público, os contratos garantiram o pagamento de despesas pessoais, e não seu enriquecimento. Pimentel também fez questão de divulgar, ao contrário do ex-chefe da Casa Civil, sua lista de clientes. Citou só três contratantes: a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), a construtora Convap e a QA Consulting, todas sediadas em Belo Horizonte, capital que foi comandada pelo ministro até 2008. O maior contrato assinado pela consultoria de Pimentel foi com a Fiemg. Previa a ajuda dele para traçar planos de investimento nas áreas de fogos de artifício e têxteis e em propostas de desoneração tributária. Pimentel não apresentou um único parecer ou estudo que comprovasse a realização de tais tarefas. Nem apresentará. Robson Andrade, ex-presidente da Fiemg e atual presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), diz que Pimentel deu palestras e conversou com técnicos da federação. Por esses dedinhos de prosa, embolsou 1 milhão de reais. O problema ético que se coloca é real e, dependendo da caixa de ressonância, pode custar ao ministro seu cargo.