O GLOBO - 09/12/11
Vai ao ar em janeiro na TV Globo "O brado retumbante", minissérie de Euclydes Marinho em oito capítulos, sobre um presidente da República fictício vivendo seus dramas e comédias políticos e existenciais no Brasil real, que não é pré nem pós Dilma, mas um universo paralelo. O cotidiano e a intimidade de um presidente acidental, seus conflitos com a mulher e os filhos, a mãe tirânica e o velho tio picareta, as forças politicas em luta pelo poder, a imprensa e o Congresso, corruptos e faxineiros, arapongas e conspiradores, sua equipe de governo e a opinião pública. Tudo invenção, diversão, entretenimento. Mas, como dizia o escritor Julio Cortazar, a ficção é a história secreta das sociedades.
Nos Estados Unidos já foram feitos inúmeros filmes e séries sobre presidentes fictícios. Martin Sheen, Morgan Freeman, Harrison Ford e até Glenn Close viveram presidentes no universo da ficção, às voltas com conflitos internacionais, domésticos e pessoais. Sim, "é tudo mentira", mas serve para o público penetrar no mundo fechado do poder, como voyeur do luxo e do lixo, das tramoias e ambições, dos ódios e paixões que movem personagens que decidem como nós viveremos, e até se viveremos.
No Brasil da ditadura nunca se ousou, por motivos óbvios. Imaginem uma minissérie com um general presidente? Mas a história de Collor daria uma boa ficção, com reviravoltas emocionantes, a CPI, o dia das camisas pretas, o impeachment e até um assassinato misterioso no final: quem matou PC Farias? Já a história que começa nas Diretas Já e vai à eleição de Tancredo, sua agonia e morte, e termina com a posse de Sarney, seria tão absurda que dificilmente um espectador estrangeiro acreditaria nela, seria inverossímil. O governo Sarney só poderia ser ficcionalizado em forma de chanchada.
Com Guilherme Fiuza e Denise Bandeira, integrei a equipe que escreveu o "Brado" com Euclydes. Nos divertimos, mas foi muito dificil. Por mais fantasias e tramoias que se inventasse, todo dia éramos superados pelos jornais. E como criar nomes melhores que Valdebran e Gedimar? É dura a vida de ficcionista no Brasil.
Vai ao ar em janeiro na TV Globo "O brado retumbante", minissérie de Euclydes Marinho em oito capítulos, sobre um presidente da República fictício vivendo seus dramas e comédias políticos e existenciais no Brasil real, que não é pré nem pós Dilma, mas um universo paralelo. O cotidiano e a intimidade de um presidente acidental, seus conflitos com a mulher e os filhos, a mãe tirânica e o velho tio picareta, as forças politicas em luta pelo poder, a imprensa e o Congresso, corruptos e faxineiros, arapongas e conspiradores, sua equipe de governo e a opinião pública. Tudo invenção, diversão, entretenimento. Mas, como dizia o escritor Julio Cortazar, a ficção é a história secreta das sociedades.
Nos Estados Unidos já foram feitos inúmeros filmes e séries sobre presidentes fictícios. Martin Sheen, Morgan Freeman, Harrison Ford e até Glenn Close viveram presidentes no universo da ficção, às voltas com conflitos internacionais, domésticos e pessoais. Sim, "é tudo mentira", mas serve para o público penetrar no mundo fechado do poder, como voyeur do luxo e do lixo, das tramoias e ambições, dos ódios e paixões que movem personagens que decidem como nós viveremos, e até se viveremos.
No Brasil da ditadura nunca se ousou, por motivos óbvios. Imaginem uma minissérie com um general presidente? Mas a história de Collor daria uma boa ficção, com reviravoltas emocionantes, a CPI, o dia das camisas pretas, o impeachment e até um assassinato misterioso no final: quem matou PC Farias? Já a história que começa nas Diretas Já e vai à eleição de Tancredo, sua agonia e morte, e termina com a posse de Sarney, seria tão absurda que dificilmente um espectador estrangeiro acreditaria nela, seria inverossímil. O governo Sarney só poderia ser ficcionalizado em forma de chanchada.
Com Guilherme Fiuza e Denise Bandeira, integrei a equipe que escreveu o "Brado" com Euclydes. Nos divertimos, mas foi muito dificil. Por mais fantasias e tramoias que se inventasse, todo dia éramos superados pelos jornais. E como criar nomes melhores que Valdebran e Gedimar? É dura a vida de ficcionista no Brasil.