Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, março 13, 2009

Gorbachev diz que mundo financeiro e político global precisa de um perestroika




Financial Times
Ben Fenton
Mikhail Gorbachev disse aos jornalistas do "Evening Standard", que não são estranhos à reconstrução, que hoje todo o mundo financeiro e político global precisa de "perestroika".

O antigo líder da União Soviética foi convidado ao "Standard" por seu amigo, Alexander Lebedev, que comprou o jornal vespertino de Londres em dificuldades do Daily Mail & General Trust por uma libra simbólica em janeiro, para oferecer sua visão de uma nova ordem mundial.

Mas a própria presença de Gorbachev entre os repórteres e editores lhes deu uma sensação de que o mundo já é um lugar diferente, desde que seu jornal se tornou propriedade de um oligarca russo.

"Precisamos encontrar um novo modelo de capitalismo, pegando o melhor do antigo modelo e o melhor do socialismo", Gorbachev disse a uma platéia de jornalistas espantados e ligeiramente maravilhados, de pé sobre um púlpito portátil em um canto da redação.

"Do capitalismo, deve tirar os incentivos e estímulos, e do socialismo, mais igualdade e justiça social", disse Gorbachev, usando terno risca-de-giz e um pulôver preto com gola rulê.

A América não está mais em posição de dizer como os outros devem agir, e hoje precisa de sua própria "perestroika" - que significa reestruturação -, 20 anos depois de ele ter implementado esse processo no bloco soviético.

No futuro os problemas do mundo terão de ser solucionados através de discussão: na ONU e em nível regional e local entre os países, ele disse mais tarde em uma entrevista coletiva.

"Muitas pessoas podem pensar que isso é utopia, porque estão acostumadas a ver uma espécie de pastor que diz para todo mundo o que deve fazer", disse Gorbachev. "Mas essa fase já terminou."

Ele elogiou o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, por tomar "várias decisões realmente sensatas", e disse que a oposição conservadora não havia abandonado a "reaganomia", as políticas econômicas promovidas pelo ex-presidente americano Ronald Reagan. "Talvez eles gostassem de tomar a iniciativa, mas não estão prontos para isso."

Lebedev atuou como intérprete entre seu amigo - os dois possuem 49% do jornal russo "Novaya Gazeta" - e seus novos funcionários.

Gorbachev disse mais tarde que está interessado em enfrentar a globalização estabelecendo uma rede mundial de jornalismo no modelo da organização ProPublica dos EUA, que é financiada por organizações humanitárias e realiza investigações que então oferece para os jornais e outras mídias publicarem.

Lebedev, que já foi um oficial do serviço secreto soviético (KGB) em Londres, disse que está "em princípio" preparado para dar aos seus funcionários do "Standard" uma participação na empresa em algum momento no futuro, de modo a motivá-los a produzir um jornal melhor que não dependa de sua fortuna pessoal. Perguntado se isso quer dizer que ele poderia colocar o jornal na Bolsa, respondeu: "Sim, isso é coisa para os advogados. Vamos apenas esperar algum tempo e voltar a essa questão".


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