O GLOBO - 07/01
Na primeira pesquisa feita pelo Banco Central este ano junto ao mercado financeiro, sobre previsões para o PIB de 2014, apareceu um número abaixo de 2%. Há um mês, a mediana era de 2,1% e, há uma ano, era 3,7%. Agora está em 1,95%. A grande dúvida é se os bancos e consultorias estão sendo realistas agora ou jogando para baixo pelos erros cometidos em anos anteriores.
No primeiro Boletim Focus — consulta semanal feita pelo BC a uma centena de instituições financeiras e consultorias — do governo Dilma, o otimismo era forte. No dia 7 de janeiro de 2011, a aposta era de um crescimento de 4,5% naquele ano. Deu 2,7%. No começo de 2012, a previsão era de 3,3%, e a realidade foi 1%. No dia 4 de janeiro de 2013, a pesquisa registrou que a mediana do mercado era de 3,23% para o ano passado e deve fechar em 2,3%.
A frustração aconteceu principalmente com a indústria. O Focus acreditava, em janeiro de 2011, que a indústria terminaria o ano com alta de 5%. Deu 0,4%. Em 2012, na mesma comparação, a estimativa era 3,43% e houve retração de 2,7%. Em 2013, 3% contra crescimento de 1% em 12 meses até outubro. Ainda hoje a produção é menor do que antes do início da crise internacional.
A análise dos últimos três anos mostra o quanto o mercado errou. Ele previu um PIB muito acima do que aconteceu. Vários eventos foram deteriorando as expectativas, aqui e lá fora, mas uma coisa essas instituições têm que fazer: mudar o programa no qual andaram fazendo previsões de crescimento.
Acho que os erros pesaram e eles jogaram as previsões para baixo agora. Mas todo mundo fez isso, inclusive o Banco Central, que está calculando 2,1%. O ministro Guido Mantega também não apresentou nenhum número brilhante e promete ser mais modesto este ano. Todos erraram: ministro, Banco Central e mercado, por três anos consecutivos. E erraram porque acharam que seria melhor do que foi.
Gatos escaldados, eles começam o ano derrubando para abaixo de 2%. Há muitas dificuldades no ano, de fato, mas a economia americana está mais forte, a europeia está mais estável e a China não teve uma queda forte. Isso pode ajudar o Brasil.
A Copa não garante crescimento, é apenas um mês, mas ajuda. Apressam-se as obras que precisam mesmo terminar. Aumenta a presença de turistas e sempre, como em qualquer Copa, crescem as vendas de eletrodomésticos.
As concessões feitas durante o ano passado encomendam obras e investimentos. Guarulhos, Viracopos, Brasília e, agora, Galeão e Confins estarão recebendo mais investimentos do que normalmente. Há as obras de mobilidade urbana. Para um país que tem investido tão pouco, o movimento das concessões pode fazer diferença.
Em qualquer eleição, os governos gastam mais. O governo federal está sem espaço para gastos, mas tentará achar, empurrando o ajuste para 2015. Nesse ponto, o equilíbrio é delicado: se gastar demais piora as expectativas e pode atingir a classificação de risco da dívida; mas é irrealista acreditar que o governo fará um ano de austeridade disputando uma eleição. Nos estados, essa também será a tendência.
O número do mercado para o PIB de 2014 vem diminuindo semana a semana, mas em parte isso pode ser pelo que se vê no gráfico abaixo. Eles erraram três anos seguidos. Querem começar agora no piso.
Na primeira pesquisa feita pelo Banco Central este ano junto ao mercado financeiro, sobre previsões para o PIB de 2014, apareceu um número abaixo de 2%. Há um mês, a mediana era de 2,1% e, há uma ano, era 3,7%. Agora está em 1,95%. A grande dúvida é se os bancos e consultorias estão sendo realistas agora ou jogando para baixo pelos erros cometidos em anos anteriores.
No primeiro Boletim Focus — consulta semanal feita pelo BC a uma centena de instituições financeiras e consultorias — do governo Dilma, o otimismo era forte. No dia 7 de janeiro de 2011, a aposta era de um crescimento de 4,5% naquele ano. Deu 2,7%. No começo de 2012, a previsão era de 3,3%, e a realidade foi 1%. No dia 4 de janeiro de 2013, a pesquisa registrou que a mediana do mercado era de 3,23% para o ano passado e deve fechar em 2,3%.
A frustração aconteceu principalmente com a indústria. O Focus acreditava, em janeiro de 2011, que a indústria terminaria o ano com alta de 5%. Deu 0,4%. Em 2012, na mesma comparação, a estimativa era 3,43% e houve retração de 2,7%. Em 2013, 3% contra crescimento de 1% em 12 meses até outubro. Ainda hoje a produção é menor do que antes do início da crise internacional.
A análise dos últimos três anos mostra o quanto o mercado errou. Ele previu um PIB muito acima do que aconteceu. Vários eventos foram deteriorando as expectativas, aqui e lá fora, mas uma coisa essas instituições têm que fazer: mudar o programa no qual andaram fazendo previsões de crescimento.
Acho que os erros pesaram e eles jogaram as previsões para baixo agora. Mas todo mundo fez isso, inclusive o Banco Central, que está calculando 2,1%. O ministro Guido Mantega também não apresentou nenhum número brilhante e promete ser mais modesto este ano. Todos erraram: ministro, Banco Central e mercado, por três anos consecutivos. E erraram porque acharam que seria melhor do que foi.
Gatos escaldados, eles começam o ano derrubando para abaixo de 2%. Há muitas dificuldades no ano, de fato, mas a economia americana está mais forte, a europeia está mais estável e a China não teve uma queda forte. Isso pode ajudar o Brasil.
A Copa não garante crescimento, é apenas um mês, mas ajuda. Apressam-se as obras que precisam mesmo terminar. Aumenta a presença de turistas e sempre, como em qualquer Copa, crescem as vendas de eletrodomésticos.
As concessões feitas durante o ano passado encomendam obras e investimentos. Guarulhos, Viracopos, Brasília e, agora, Galeão e Confins estarão recebendo mais investimentos do que normalmente. Há as obras de mobilidade urbana. Para um país que tem investido tão pouco, o movimento das concessões pode fazer diferença.
Em qualquer eleição, os governos gastam mais. O governo federal está sem espaço para gastos, mas tentará achar, empurrando o ajuste para 2015. Nesse ponto, o equilíbrio é delicado: se gastar demais piora as expectativas e pode atingir a classificação de risco da dívida; mas é irrealista acreditar que o governo fará um ano de austeridade disputando uma eleição. Nos estados, essa também será a tendência.
O número do mercado para o PIB de 2014 vem diminuindo semana a semana, mas em parte isso pode ser pelo que se vê no gráfico abaixo. Eles erraram três anos seguidos. Querem começar agora no piso.