Entrevista:O Estado inteligente
Não foi gol de mão - CELSO MING
O Estado de S.Paulo - 04/01
O
ministro Guido Mantega está certo ao comemorar a sobra de arrecadação
do governo federal em 2013, "de cerca de R$ 75 bilhões", o que configura
um superávit primário aproximado de 1,7% do PIB.
Ainda que
faltem atualizações e acrescentar as estatísticas dos Estados,
municípios e empresas estatais, é um resultado positivo, mais alto do
que o esperado. Todos já sabemos que este não é um bom superávit
estrutural, tal como proclamado pelo Banco Central, porque foi obtido
com cerca de R$ 35 bilhões em receitas excepcionais que não se
repetirão.
Em todo o caso é um belo gol. Falta saber se ganhará o
jogo contra as agências de classificação de risco que ameaçam rebaixar a
qualidade dos títulos de dívida do Brasil, exatamente diante do baixo
desempenho das contas públicas anteriormente previsto. Além da enorme
tendência à gastança, outro limitador da melhoria das contas públicas é o
baixo crescimento econômico, fator que reduz a arrecadação de impostos.
Mas
há dois outros motivos de comemoração. O primeiro deles é o de que o
governo afinal admite que a formação de um robusto superávit nas contas
públicas é essencial para gerar confiança e devolver capacidade de
manobra à política econômica. Isso aponta certa novidade, na medida em
que até recentemente o governo entendia que o esforço fiscal contrariava
a política anticíclica, destinada a tirar a economia da recessão.
E
é bom relembrar que, em março de 2013, em Durban, África do Sul, a
presidente Dilma mostrou irritação com as cobranças por aumento do
superávit e dos juros, quando afirmou que "esse receituário é
complicado, porque mataria o doente em vez de curá-lo". Se agora o
governo alardeia poder entregar um razoável superávit fiscal (embora
menor do que o desejado) é porque parece ter entendido que é
imprescindível garantir o controle da dívida e o crescimento econômico
sustentável.
O segundo motivo de justificada comemoração é que,
ao contrário do gol marcado "com a mão", pelas mágicas contábeis
engendradas pelo secretário do Tesouro, Arno Augustin, dessa vez o gol
foi legal.
Se os Estados não apresentarem desempenho igualmente
satisfatório é porque, em parte, perderam arrecadação em consequência do
achatamento dos preços de dois insumos - combustíveis e energia
elétrica - cuja tributação em ICMS tem forte peso na receita dos
Estados.
No mais, o ministro Mantega reconheceu que precisou
antecipar esses números "para baixar a ansiedade". Convém pontuar que o
maior produtor de ansiedade é o próprio governo que não gosta de admitir
problemas na economia.
Mas, vá lá, Mantega teve um momento de
sinceridade no dia 11 de dezembro, quando se queixou "das duas pernas
mancas da economia brasileira". Foi criticado por isso dentro do
governo, mas esse pode ter sido um bom recomeço. Nenhum conserto pode
ser feito, se antes o estrago não for reconhecido.
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