Entrevista:O Estado inteligente
Breve, uma temporada de reprises - ALBERTO DINES
GAZETA DO POVO - PR - 18/01
Nossa
democracia, com apenas 29 anos, terá o privilégio nas próximas semanas
de reencontrar-se com dois de seus marcos históricos: o golpe militar
que derrubou o presidente João Goulart, iniciado em 31 de março de 1964,
e o formidável movimento popular para restabelecer a normalidade
política, o “Diretas Já”, lançado em janeiro de 1984 e cuja apoteose
deu-se em 16 de abril, no comício do Vale do Anhangabaú, São Paulo,
considerado o maior de nossa história, com a participação de quase 2
milhões de manifestantes.
As duas penosas décadas desfilarão
praticamente juntas, recapituladas e compactadas num oportuníssimo
showroom político entre o fim de março e meados de abril. Serão
possivelmente atualizadas com passeatas, “rolezinhos”, “rolezões” e
outras modas e manias atiçadas pelas insatisfações e o início da
controversa Copa do Mundo em junho-julho.
Estudada, debatida,
exercitada, testada, a democracia é obra em construção – aberta,
incompleta, interminável, imperfeita, porém a melhor já inventada para
regular as relações entre cidadãos.
Enquanto não chega a
temporada de releituras e revisões, devemos examinar com atenção e
cautela os desdobramentos da agenda política com o olhar e a disposição
de estudantes em aulas práticas. Tudo à nossa volta tem a ver com a
proteção e/ou o aperfeiçoamento do processo democrático. Somos todos
herdeiros de Alexis de Tocqueville (1805-1859), jurista e sociólogo
francês deslumbrado com o cotidiano do processo democrático na América
do Norte.
Nosso noticiário cotidiano converteu-se numa espécie de
guia prático de um transcendental tratado sobre democracia. A decisão
do TSE de impedir o Ministério Público de investigar infrações
eleitorais, o esforço de partidos para manter doações de empresas para o
financiamento de candidaturas, a formação de coligações com o único fim
de aumentar o tempo de exposição na tevê, o esforço para acabar com o
voto obrigatório, a incontrolável multiplicação de partidos, a
resistência de repartições públicas em adotar o estatuto da
transparência informativa e a desobediência de magistrados às decisões
do CNJ são alguns dos tópicos de uma extensa pauta de inspiração
autoritária que corre impunemente nas cortes, legislativos, antessalas,
gabinetes e corredores de governantes sem que soem os indispensáveis
alarmes.
A crença de que a continuidade do calendário eleitoral e
a posse dos eleitos são suficientes para garantir o pedigree
democrático do Estado produz equívocos trágicos: a Rússia parece uma
democracia – é uma caricatura –, o recente plebiscito egípcio sugere uma
legítima consulta popular – é uma farsa. A oligarquia Sarney já dura 48
anos: tem 19 anos mais que a nossa democracia e os seus mecanismos de
alternância no poder. O golpe preventivo aplicado pelo general Henrique
Lott em novembro de 1955 garantiu a posse de JK, mas abriu caminho para
quarteladas “bem intencionadas”.
O Estado de Direito, intangível,
intocável, não pode conviver com transgressões, mesmo microscópicas, ou
inofensivas ambiguidades. Logo descobriremos os porquês.
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