Veja - 06/01/2014 |
Durante esses últimos anos, venho recebendo de parte da militância petista uma série de adjetivações pretensamente desqualificadoras, que poderiam ter algum efeito não fosse eu um cara desgrilado, um ser alegre a cantar.
Mas, depois do lançamento do Manifesto do Nada na Terra do Nunca, a petizada militante se enfureceu. Na verdade, antes mesmo de o livro chegar às livrarias, houve quem clamasse pela sua proibição ou queima imediata. A minha estreia como colunista de VEJA aumentou essa fúria, que culminou em um ataque apoplético coletivo por ocasião da minha participação no Roda Viva. Um ilustre deputado petista chegou a pedir a cabeça do Augusto Nunes por ter convidado para o programa um ""doente mental" (eu).
O militante de esquerda é o mauriçola gauche, é aquele tipo que se traveste de ativista de passeata e gasta o seu tempo útil em manifestações inúteis, no afã de exorcizar sua flacidez comportamental, sua virgindade existencial, sua pequena farsa pessoal
E, com aquela falta de imaginação, de humor e de argúcia, característica de certas mentes esquerdistas, puseram-se a vociferar palavras de ordem e impropérios contra mim: ""Reacionário!", "filhinho de papai!", "coxinha!". Isso para não citar os mais cabeludos (bicha, maconheiro, cheirador, matricida, esquizofrênico...).
Mas vou concentrar a atenção no "coxinha", que é o mais recente qualificativo do curto vocabulário dessa rapaziada.
Após esses mais de dez anos do PT no governo, a sociedade está percebendo como se forma o aparato de repressão política, censura e difamação montado pelo partido. Se você tem alguma objeção a ele, vira um pária político, moído e asfaltado pela máquina de propaganda estatal, cujos operadores — blogueiros e militantes de plantão na internet — se encarregam do trabalho sujo, na forma de ataques pessoais e truculentos disparados contra qualquer alma que se insurja contra a ideologia oficial. A tática desses operadores é achincalhar o oponente baseados em sua própria e nanica estatura moral.
O simulacro de impropério é construído em torno da miserabilidade do ofensor, que. ofendido com a própria natureza, desanda a chamar os não alinhados daquilo que mais enxerga em si mesmo, na vã tentativa de escapar de sua jocosa e aflitiva condição. Sendo o grande alvo dessa patocracia delirante a classe média — e sendo o militante de esquerda uma espécie de burguês pós-moderno —, o xingamento "coxinha" aparece como um desses casos de projeção psicológica flagrante.
O militante de esquerda é o mauriçola gauche, é aquele tipo que se traveste de ativista de passeata e gasta o seu tempo útil em manifestações inúteis, 110 afã de exorcizar sua flacidez comportamental, sua virgindade existencial, sua pequena farsa pessoal. É invariavelmente um "multiculturalista", que acredita que um rap é superior a Bach. É 0 sujeito moldado na previsibilidade comportamental dos doutrinados, que expele seu déficit de percepção da realidade através da soberba convicção dos imbecis. Refém da uniformidade acachapante dos clichês entrincheirados em sua mente vacante, profere as frases mais gastas e cafonas que se pode imaginar.
Para esse tipo de pessoa, tenho aqui um par de versos de Adam Mickievvicz (1798-1855) que cairá como uma luva:
"Tua alma merece o lugar a que veio
Se, tendo entrado no inferno, não sentes as chamas".
Assim, convido todos aqueles que, como eu. são agraciados pela esquerda com essas e outras adjetivações a acolhê-las com benevolência e humor, com a percepção de estarmos sob a égide de frouxocratas histéricos que teimam, em sua monomania vã e molenga, em nos assolar com seus fantasmas internos e suas abissais impossibilidades.
E, usando o rebote como mantra, proferirei, contrito: coxinhas de todo o Brasil, uni-vos!
|
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
terça-feira, janeiro 07, 2014
Eu, coxinha - Lobão
Arquivo do blog
-
▼
2014
(668)
-
▼
janeiro
(87)
- Cláudio Humberto
- Demétrio Magnoli De Damasco a Kiev
- Ruy Fabiano: Lula em cena
- Pontos fracos e fortes Miriam Leitão
- GILLES LAPOUGE A EUROPA ILUDIDA
- Celso Ming
- FHC diz que não há elo do cartel com o PSDB
- Entre juros e inflação - MIRIAM LEITÃO
- Retratinho do Brasil no FMI - VINICIUS TORRES FREIRE
- Caçadores da credibilidade perdida - ALEXANDRE SCH...
- Celso Ming-A alta da maré
- Roberto Damatta - Um comentário e dois fatos (final)
- COLUNA DE CLAUDIO HUMBERTO
- Truques & riscos - AÉCIO NEVES
- Atrás das grades - PAULO BROSSARD
- O governo Dilma e os mercados - LUIZ CARLOS MENDON...
- Gélidas lembranças - FERREIRA GULLAR
- Breve, uma temporada de reprises - ALBERTO DINES
- CLAUDIO HUMBERTO
- Lente mais exata - MIRIAM LEITÃO
- Mais dados fracos - CELSO MING
- Sem muitas opções, que tal uma política séria? - R...
- Rolezinho no Planalto - GUILHERME FIUZA
- O texto e as versões - DEMÉTRIO MAGNOLI
- Rolezinho e mistificações baratas - REINALDO AZEVEDO
- A ‘tungada’ da Caixa na caderneta de poupança - RO...
- Marcha a ré - ELIANE CANTANHÊDE
- Fraqueza industrial - MIRIAM LEITÃO
- Vendas do comércio, o pior do melhor - VINICIUS TO...
- Bactéria mais resistente - CELSO MING
- Casamento de fachada - DORA KRAMER
- Memórias do Maranhão - FERNANDO GABEIRA
- Ponto de fervura - DORA KRAMER
- Vã filosofia - CARLOS ALBERTO SARDENBERG
- Declínio do ‘declinismo’ - DEMÉTRIO MAGNOLI
- Métodos do MST são aplicados em cidades - EDITORIA...
- COLUNA DE CLAUDIO HUMBERTO
- Atores dos juros - MIRIAM LEITÃO
- Fogo nos ônibus, clima quente - VINICIUS TORRES FR...
- Efeitos especiais - CELSO MING
- O reino da Dinamarca está podre, mas fica longe - ...
- A face oculta da inflação - ALEXANDRE SCHWARTSMAN
- Oficial e paralelo - DORA KRAMER
- ARNALDO JABOR EM O GLOBO14/1/14
- O começo da expectativa - MIRIAM LEITÃO
- 2014 pede ajustes - CELSO MING
- A copa da discórdia - MERVAL PEREIRA
- Intervenção já! - ELIANE CANTANHÊDE
- Psicologia de guerra - DORA KRAMER
- Vai que é sua, Felipão Roberto Pompeu de Toledo
- Eu, coxinha - Lobão
- Bagunça tóxica Cláudio de Moura Castro
- Airbags, freios ABS e destruição criativa Maílson...
- Fernando Henrique Cardoso: Mudar o rumo
- FHC: Um estadista no Manhattan Connection
- FONTES DE ARTIGOS ETC
- Suely Caldas* - As plataformas 'fictas
- MERVAL PEREIRA A busca do novo
- Celso Ming -A ubdústria baqueia
- João Ubaldo Ribeiro -Tudo certo com seu santo?
- Superavit e espertezas - EDITORIAL CORREIO BRAZILI...
- Aeroportos regionais - EDITORIAL O ESTADÃO
- Cuidados na leitura de números de 2013 - EDITORIAL...
- COLUNA DE CLAUDIO HUMBERTO
- “Embuste Ideológico” x “Guerra Psicológica” - MIRA...
- Os dois tabus - JOSÉ HORTA MANZANO
- Salto no ar - IGOR GIELOW
- Meta sob medida - MIRIAM LEITÃO
- Não foi gol de mão - CELSO MING
- Triângulo das bermudas - MERVAL PEREIRA
- Sete desejos de ano novo - DEMÉTRIO MAGNOLI
- Por trás da maquiagem, a crise real da indústria -...
- MSL - O Movimento dos Sem-Lei - REINALDO AZEVEDO
- Encolheu - CELSO MING
- A vida em círculos - MERVAL PEREIRA
- Vacina contra a realidade - ALEXANDRE SCHWARTSMAN
- Balança real - MÍRIAM LEITÃO
- Fogo e paixão - NELSON MOTTA
- Ano novo, real fraco, de novo - VINICIUS TORRES FR...
- A tentação hegemônica - ELIANE CANTANHÊDE
- CLAUDIO HUMBERTO
- 2014: o ano que já acabou Alexandre Schwartsman
- Um ano fraco Celso Ming
- Roberto Damatta -Entre tempos e sentimentos
- Claudio Humberto
- Dias de cão no jardim das ilusões de Dilma - José ...
- Há alguém de parafuso solto na GM - Elio Gaspari
-
▼
janeiro
(87)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA