O Estado de S. Paulo - 13/09/2011 |
Não é possível compreender as atuais instabilidades da economia global, nem muito menos avaliar a dimensão e a profundidade da presente crise, sem acompanhar a evolução dos mercados financeiros e os caminhos dos ativos que os formam. Daí a importância do retrato apresentado a cada ano pelo McKinsey Global Institute (MGI), braço de pesquisas e análises da consultoria global McKinsey.
O levantamento de 2011, atualizado até fins de 2010, acaba de ser publicado e indica que o volume total de ativos superou, pela primeira vez, o pico de 2007. Houve um aumento de US$ 11 trilhões no cômputo geral, entre 2009 e 2010, levando o total para US$ 212 trilhões. Mas a conclusão do estudo é o de que a "recuperação" continua desigual - em termos de países, regiões e tipos de ativos - e ocorreu em ambiente no qual os riscos permanecem altos.
Longe de expressar uma luz no fim do túnel da crise, esse incremento reforça as dúvidas sobre uma saída suave para as atuais turbulências. Cerca de US$ 5 trilhões, pouco menos da metade do crescimento registrado, correspondem a títulos de dívida e 80% deles foram emitidos por governos. O endividamento global - público e privado - avançou para o equivalente a 266% do PIB mundial. Em 2000, a relação dívida global/PIB mundial era de 218%.
Dívida pública. Chama atenção a rápida expansão das dívidas públicas ao redor do mundo. Em 2010, a dívida pública bruta global representava 69% do PIB mundial - 14 pontos porcentuais a mais do que em 2008. O fato de que essa correria em direção ao endividamento público tenha tomado corpo a partir do ano em que a explodiu a crise financeira de 2008, obrigando os governos a deflagrar conhecidas e vultosas operações de salvamento, enfraquece as teorias que tentam responsabilizar os gastos públicos em programas sociais e estímulos econômicos pelo quadro de dificuldades hoje enfrentadas pelo setor público, nos países desenvolvidos.
Também chama atenção o acelerado avanço das economias emergentes na acumulação de ativos financeiros. Embora ainda nem respondam por 20% do total, os emergentes, sob a liderança esmagadora da China, estão, claramente, ocupando espaços deixados pelas economias maduras. O crescimento do volume de ativos em 2010, por exemplo, foi praticamente dividido meio a meio entre os dois grupos, com a China sozinha respondendo por 20% do incremento registrado no ano passado.
A importância dos emergentes no mercado financeiro global pode ter se acelerado com a eclosão da crise, mas não é um processo tão novo. O avanço dos emergentes, em parte distorcido pelo extraordinário peso da China, explica uma parcela da marcha da financeirização na economia global. Nos últimos dez anos, enquanto a acumulação financeira nas economias emergentes cresceu a uma taxa média anual acima de 18%, nas economias maduras a expansão se deu ao ritmo médio de 5% ao ano.
Espaço de emergentes. Como risco ou oportunidade, há, como ressalta o levantamento do MGI, espaço para que o peso dos emergentes avance muito mais. Essa perspectiva se apoia, em primeiro lugar, no fato simples de que os mercados financeiros nas economias emergentes ainda são relativamente pequenos. O valor do total dos ativos financeiros no grupo dos emergentes ainda equivale a 200% do PIB - 160% se excluída a China -, enquanto nos países desenvolvidos já alcança 427% do PIB - mais de cinco vezes, portanto, a produção de bens e serviços.
Foram mais uma vez os emergentes os responsáveis pela inversão, registrada em 2010, na curva dos fluxos de capitais entre países, em que se incluem empréstimos em moeda estrangeira e investimentos diretos. Depois de tombar 85% no auge da primeira fase da crise - de US$ 10,9 trilhões, em 2007, para US$ 1,6 trilhão, em 2009 -, os fluxos financeiros entre países voltaram a crescer, alcançando US$ 4,4 trilhões, em 2010. Ainda assim, relativamente ao PIB, permanecem nos níveis mais baixos desde 1998.
Marcante, na avaliação dos fluxos de capitais externos em 2010, é a constatação de que, diferentemente do conhecido, os recursos destinados a economias maduras estão mais voláteis do que aqueles dirigidos aos emergentes. Detalhe surpreendente: a América Latina recebeu, no ano passado, mais recursos externos, do que China, Índia e Rússia juntos.
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terça-feira, setembro 13, 2011
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