O Estado de S.Paulo - 06/09/11
Apenas na semana passada, o Banco Central Europeu (BCE) gastou 13,3 bilhões de euros - o dobro do que na semana anterior - na recompra de títulos dos países da área do euro.
Essa é mais uma demonstração de que ficaram ainda mais precárias as condições de sustentação das finanças do bloco. A decepção geral foi, ontem, estampada em todos os índices de desempenho das bolsas europeias (veja o Confira).
Essa operação de recompra dos títulos soberanos da zona do euro guarda certas diferenças com a que já foi levada adiante pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), que já recomprou US$ 900 bilhões em títulos do Tesouro americano no mercado secundário.
O BCE está recomprando os títulos europeus para haver um mínimo de demanda para esses ativos, cada vez mais rejeitados, pelo risco crescente de calote que vêm inspirando aos tomadores. O objetivo do Fed é outro: elevar o volume de moeda na economia para que o crédito seja reativado e, com ele, o consumo e a produção.
Em contrapartida, para cada euro injetado na economia pelo BCE na recompra desses títulos, outro é retirado no mercado por meio da venda de mais títulos, para que a operação inteira não produza inflação. Essa tarefa de esterilização monetária não é cumprida pelo Fed.
Ontem, o presidente do Banco Central da Itália, Mario Draghi, que, em novembro, substituirá o francês Jean-Claude Trichet na presidência do BCE, se sentiu na obrigação de advertir que nenhum dirigente europeu deve esperar pela perpetuação dessas recompras que, na prática, poderiam indicar financiamento das despesas correntes dos governos pelo BCE.
No entanto, essas compras vêm aumentando e, aparentemente, tendem a continuar nesse ritmo. Desde maio de 2010, o BCE já recomprou 210 bilhões de euros em títulos soberanos de países da área.
Como cresce a perda de confiança na capacidade dos governos da área do euro, também se deterioram as condições dos bancos, justamente os maiores detentores dessas dívidas.
Em agosto, o Fundo Monetário Internacional (FMI) já alertara que os bancos europeus precisavam de mais 200 bilhões de euros em aumentos de capital, para enfrentar os rombos que vêm sendo abertos nos seus balanços somente com a exigência de marcação a mercado dessas dívidas. Ontem, a presidente do FMI, Christine Lagarde, recomendou que os países cuja dívidas estão sendo mais castigadas pelos mercados reforcem o capital dos seus bancos.
Marcação a mercado significa que os bancos têm de recalcular seus créditos em balanço de acordo com o valor real dessas dívidas, não mais com o que dizem os contratos. A principal consequência é a de que as perdas têm de ser repostas com reforço de capital, para que o próprio patrimônio dos bancos não vá à bancarrota.
Esse quadro sombrio ficou ainda mais preocupante depois que, em entrevista à revista alemã Der Spiegel, a própria Lagarde advertiu para o aumento de risco de que a economia do euro descambe para uma recessão. É mais fechamento de postos de trabalho, mais despesa com seguro-desemprego, menos arrecadação e mais dificuldades para a saída da crise.
CONFIRA
O medo da recessão, misturado com a ameaça de rebaixamento da dívida da Itália, provocou ontem fuga do risco e derrubou as bolsas.
Solução na classe média
Conclusão do ex-secretário do Trabalho dos Estados Unidos Robert Reich, publicada ontem no New York Times: quando 5% dos mais ricos detêm 37% do poder de consumo do país, argumenta ele, fica claro que a economia americana só conseguirá se recuperar quando as classes médias, hoje altamente endividadas, puderem aumentar mais fortemente seu nível de endividamento.
Entrevista:O Estado inteligente
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