“Nós assumimos um país com a inflação fora de controle”, recitou Dilma Rousseff ao longo da campanha eleitoral, depois de decorar aplicadamente outra lição que Mestre Lula ensinou. Falso. A inflação andou regurgitando no fim de 2002 porque investidores e empresários ficaram inquietos com a história irresponsabilidade do PT, mas em nenhum momento os índices assumiram dimensões perturbadoras. O dragão enjaulado pelo Plano Real continuou dormindo profundamente.
“Graças ao governo Lula, vou assumir um país com a economia sem problemas”, deu de declamar Dilma depois de eleita. Falso. Como demonstra a reportagem de capa de VEJA, a taxa anual registrada pela inflação em janeiro avisa que a fera ameaça acordar de um sono de 17 anos. O índice oficial de 6.5% já era preocupante. Vê-se agora que a realidade camuflada pelas contas federais é alarmante.
O quilo da carne, o quilo do feijão, o ingresso nos estádios de futebol, os gastos com transportes — é extensa e incontestável a lista dos itens que decolaram espetacularmente no período de 12 meses. ”O poder aquisitivo dos brasileiros subiu”, fantasia o ministro Guido Mantega. Ainda que dissesse a verdade, aumento de poder aquisitivo não resulta automaticamente em elevação de preços, os americanos estariam pagando 100 dólares por um cachorro-quente.
O país pode descobrir mais cedo do que imaginava que Dilma recebeu de Lula o que Lula fingiu ter recebido de Fernando Henrique Cardoso. A “herança maldita” de FHC só existiu na discurseira oportunista do chefe da seita e seus devotos. Dilma vai saber o que é lidar com uma herança maldita sem aspas. Se não sabia de nada, foi uma gerente-geral inepta. Se sabia de tudo, mentiu. E terá de administrar o legado sozinha.
Não adianta pedir ajuda ao padrinho. Ele mora no Brasil Maravilha que registrou no cartório.