JORNAL DO BRASIL
Da rata recordista ao responsabilizar os países ricos pela crise na economia mundial, com a alegação de que nunca conheceu banqueiro negro ou índio, mas todos de cabelos louros e olhos azuis, para a volta por cima em menos de uma semana, com o desempenho solto e desembaraçado no encontro com o presidente Nicolas Sarkozy em Paris e do G-20 em Londres, quando pousou na foto oficial no Palácio de Buckingham sentado ao lado da rainha Elizabeth II, o presidente Lula percorreu um longo caminho.
A simpatia desembaraçada com que trata os líderes do mundo, com a mesma simplicidade com que se entende com a turma do PT, não apenas degelou as possíveis restrições, como as que surpreenderam Gordon Brown, segundo a versão que transmitiu ao presidente Barack Obama, presidente dos Estados Unidos: "Quando eu era sindicalista, eu culpava o governo, quando era da oposição culpava o governo, quando virei governo culpei a Europa e os Estados Unidos".
Nada mais espanta depois de tais proezas. O presidente Barack Obama aparece na foto que está na primeira página de todos os jornais, de pé, exatamente atrás de Lula, ao lado da rainha Elizabeth II. E, quando surgiu em meio à entrevista coletiva do premier britânico, o presidente Barack Obama saudou Lula com o "Este é o cara! Adoro este cara, que é o líder mais popular do planeta".
Lula estava com a melhor tese, a mais popular, ao criticar "o mundo real que investe no setor produtivo e uma economia que acaba de esconder o dinheiro do crime organizado, do narcotráfico na lavagem do dinheiro". E a aragem de otimismo que se espalhou pelo mundo com as decisões do G-20 chega ao Brasil sem alterar a crise doméstica da decadência ética do Legislativo.
Para a retaguarda política em tempo de crise e de campanha política atropelando os prazos constitucionais, Lula mandou o recado que acaricia o orgulho da população: "O Brasil não vai agir como se fosse um paizinho pequeno e sem importância", mas está pronto para injetar dinheiro no Fundo Monetário Internacional, o FMI de antigas e ásperas desavenças, e foguetes quando o governo liquidou a sua dívida histórica.
Mas necessita conservar reservas de bom humor para contornar os desafios domésticos, com sinais claros de alerta no atalho da sua sucessão. A ministra-candidata Dilma Rousseff, na medida em que se consolida como a candidata única do esquema governista, cutuca as reações dos desajustados e descontentes e, na contramão, desperta a oposição para os sinais de um racha na até aqui improvável acomodação dos governadores José Serra, de São Paulo, e do mineiro Aécio Neves numa chapa única, que é a única com possibilidades, ainda não conferidas, de enfrentar a candidata lulista.
A esfarrapada dissimulação das viagens semanais do presidente com a ministra a tiracolo para fiscalizar as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) não resiste à galhofa oposicionista. O discreto senador Sérgio Guerra, presidente do PSDB, teceu a carapuça com lã grossa: "Roupa de campanha, cara de campanha, cabelo de campanha, discurso de campanha, e não é campanha!". Na mosca. Numa frase a série de evidências, que mistura a elegância da ministra-candidata depois de severa dieta, a plástica que esticou as rugas no rosto remoçado e sorridente e o discurso que vai sendo polido na campanha que não é campanha.
Não param aí os aborrecimentos. Ao contrário, é o que não falta. Não é oportuno, pois chega com atraso de décadas a derrubada da caduca Lei de Imprensa, promulgada em 1967, no endurecimento da ditadura militar do rodízio dos cinco generais-presidentes e que agoniza no julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF), com os votos dos dois dos 11 ministros a favor da sua extinção, defendida pela ação do PDT carioca, assinada pelo deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), que sustentou da tribuna a revogação de todos os artigos do monstrengo.
Parece inevitável o fim da Lei de Imprensa, um filhote da ditadura, coerente na defesa da censura. Governo gosta de censura. E de imprensa a favor, mesmo da oficial, generosamente fortalecida.
Viria mesmo a calhar para o governo uma nova rodada de pesquisas sobre intenção de voto com o salto da ministra-candidata para a faixa das duas dezenas. Uma queda faria soar as sirenes do alarme.
Da rata recordista ao responsabilizar os países ricos pela crise na economia mundial, com a alegação de que nunca conheceu banqueiro negro ou índio, mas todos de cabelos louros e olhos azuis, para a volta por cima em menos de uma semana, com o desempenho solto e desembaraçado no encontro com o presidente Nicolas Sarkozy em Paris e do G-20 em Londres, quando pousou na foto oficial no Palácio de Buckingham sentado ao lado da rainha Elizabeth II, o presidente Lula percorreu um longo caminho.
A simpatia desembaraçada com que trata os líderes do mundo, com a mesma simplicidade com que se entende com a turma do PT, não apenas degelou as possíveis restrições, como as que surpreenderam Gordon Brown, segundo a versão que transmitiu ao presidente Barack Obama, presidente dos Estados Unidos: "Quando eu era sindicalista, eu culpava o governo, quando era da oposição culpava o governo, quando virei governo culpei a Europa e os Estados Unidos".
Nada mais espanta depois de tais proezas. O presidente Barack Obama aparece na foto que está na primeira página de todos os jornais, de pé, exatamente atrás de Lula, ao lado da rainha Elizabeth II. E, quando surgiu em meio à entrevista coletiva do premier britânico, o presidente Barack Obama saudou Lula com o "Este é o cara! Adoro este cara, que é o líder mais popular do planeta".
Lula estava com a melhor tese, a mais popular, ao criticar "o mundo real que investe no setor produtivo e uma economia que acaba de esconder o dinheiro do crime organizado, do narcotráfico na lavagem do dinheiro". E a aragem de otimismo que se espalhou pelo mundo com as decisões do G-20 chega ao Brasil sem alterar a crise doméstica da decadência ética do Legislativo.
Para a retaguarda política em tempo de crise e de campanha política atropelando os prazos constitucionais, Lula mandou o recado que acaricia o orgulho da população: "O Brasil não vai agir como se fosse um paizinho pequeno e sem importância", mas está pronto para injetar dinheiro no Fundo Monetário Internacional, o FMI de antigas e ásperas desavenças, e foguetes quando o governo liquidou a sua dívida histórica.
Mas necessita conservar reservas de bom humor para contornar os desafios domésticos, com sinais claros de alerta no atalho da sua sucessão. A ministra-candidata Dilma Rousseff, na medida em que se consolida como a candidata única do esquema governista, cutuca as reações dos desajustados e descontentes e, na contramão, desperta a oposição para os sinais de um racha na até aqui improvável acomodação dos governadores José Serra, de São Paulo, e do mineiro Aécio Neves numa chapa única, que é a única com possibilidades, ainda não conferidas, de enfrentar a candidata lulista.
A esfarrapada dissimulação das viagens semanais do presidente com a ministra a tiracolo para fiscalizar as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) não resiste à galhofa oposicionista. O discreto senador Sérgio Guerra, presidente do PSDB, teceu a carapuça com lã grossa: "Roupa de campanha, cara de campanha, cabelo de campanha, discurso de campanha, e não é campanha!". Na mosca. Numa frase a série de evidências, que mistura a elegância da ministra-candidata depois de severa dieta, a plástica que esticou as rugas no rosto remoçado e sorridente e o discurso que vai sendo polido na campanha que não é campanha.
Não param aí os aborrecimentos. Ao contrário, é o que não falta. Não é oportuno, pois chega com atraso de décadas a derrubada da caduca Lei de Imprensa, promulgada em 1967, no endurecimento da ditadura militar do rodízio dos cinco generais-presidentes e que agoniza no julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF), com os votos dos dois dos 11 ministros a favor da sua extinção, defendida pela ação do PDT carioca, assinada pelo deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), que sustentou da tribuna a revogação de todos os artigos do monstrengo.
Parece inevitável o fim da Lei de Imprensa, um filhote da ditadura, coerente na defesa da censura. Governo gosta de censura. E de imprensa a favor, mesmo da oficial, generosamente fortalecida.
Viria mesmo a calhar para o governo uma nova rodada de pesquisas sobre intenção de voto com o salto da ministra-candidata para a faixa das duas dezenas. Uma queda faria soar as sirenes do alarme.