O Estado de S. Paulo
Não dá para afirmar que se trata de surpresa porque a inflação baixa em março (avanço do IPCA de 0,20%) e a primeira prévia do IGP-M de abril fortemente negativa (-0,53%) já eram esperadas pelos analistas e pelo mercado.
Mas não se pode deixar de levar em conta as consequências não só positivas, mas também as negativas desta inflação mais baixa, que aponta para uma evolução dos preços igualmente mais baixa nos próximos meses.
A desaceleração do avanço dos preços mostra que a indústria está sendo obrigada a conter as remarcações porque não consegue escoar mais rapidamente seus estoques. A média diária das exportações de manufaturados está neste ano 27% abaixo da média do ano passado, o que indica como foi forte a perda de mercado externo, situação que obriga o produtor a canalizar mais produção para o mercado interno.
Mas a crise também atingiu o mercado interno na medida em que o crédito ficou mais caro e mais raro. Além disso, atento ao impacto da crise e ao que pode vir a acontecer no seu poder aquisitivo, o consumidor está bem mais conservador nas suas compras. Isso ajuda a explicar, por exemplo, a forte queda dos preços industriais no atacado, como os números do IGP-M estão mostrando. Em grande parte, isso tem a ver com o recuo das cotações das matérias-primas, especialmente dos produtos siderúrgicos e dos petroquímicos.
As análises da evolução dos preços medidos pelo IGP-M indicam evolução negativa nesse segmento também em maio. A importante participação dos preços no mercado atacadista no IGP-M (nada menos que 60%) pode estar antecipando nova redução da pressão sobre os preços do varejo (custo de vida ou inflação) e, portanto, prenuncia uma inflação abaixo da meta e sob controle. As previsões do mercado medidas pela Pesquisa Focus do Banco Central apontam para uma inflação de 4,26% ao final deste ano.
A consequência mais importante é a de que se antevê continuidade da redução agressiva dos juros pelo Banco Central.
Mas não dá para ignorar uma consequência negativa dessa queda da inflação, que é seu impacto sobre a arrecadação tributária.
A maioria dos impostos incide sobre os preços. Por isso, quando os preços evoluem mais devagar e, mais do que isso, quando o mercado atacadista acusa forte queda dos preços, como agora, é inevitável a redução da base tributária.
É o que leva o governo a frear seu ímpeto de renúncia fiscal (redução ou isenção de impostos) com o objetivo de reativar o consumo e a produção.
A partir daí já se pode avaliar o desdobramento político em plena temporada pré-eleitoral. A própria ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, vem se queixando de que a falta de verbas para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) não ajuda a alavancar sua candidatura à Presidência da República.
Este é, também, um período em que aumentam as pressões dos políticos sobre o governo federal para que esqueça a austeridade e solte a franga. A romaria de prefeitos e governadores sobre Brasília e a vacilação do presidente Lula sobre o tema dão uma boa ideia do que isso significa.
Confira
Jogo duplo - Toda punição pública precisa servir de exemplo. Por isso, tem de ser exposta. Esta é a razão por que o governo não pôde esconder o motivo da demissão do presidente do Banco do Brasil (BB), Antônio Francisco de Lima Neto.
O ministro Mantega bem que tentou passar a impressão de que foi uma saída a pedido. Mas a ministra Dilma Rousseff criticou os bancos estatais por atuarem como bancos privados.
O próprio presidente Lula garantiu que é ponto de honra derrubar o spread. Tanto BB como Caixa Econômica Federal estão entre os que cobram mais juros no crédito e tarifas mais altas.
Entrevista:O Estado inteligente
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