FOLHA DE S. PAULO
Falar sobre uma taxa de juros de 8% ao ano em meados de 2010 não me parece uma irresponsabilidade
AGORA QUE as informações sobre o comportamento da economia brasileira nos últimos meses criaram uma convergência de previsões, podemos encarar o ano de 2009 de frente. Até a divulgação dos dados recentes sobre o PIB e dos últimos indicadores da inflação no atacado, ainda existiam bolsões de dúvida sobre o impacto da crise externa sobre a economia brasileira.
De um lado, o governo vendendo seu discurso otimista sobre os efeitos da crise e apostando em um crescimento ainda vigoroso neste ano; de outro, os economistas mais conservadores, inclusive na diretoria do Banco Central, chamando a atenção para os riscos inflacionários criados pela desvalorização do real. Habituados a olhar apenas para o passado, justificavam os juros altos como defesa contra eventual choque inflacionário causado por um real desvalorizado em quase 40%.
A decisão do Copom da última quarta-feira mostra que o BC finalmente convenceu-se de que o chamado "pass through" do câmbio não vai ocorrer e que a queda da atividade econômica abre espaço para taxas de inflação mais baixas. Nossa autoridade monetária ainda esboça um discurso cauteloso em relação ao futuro, mas o mercado acredita que exista um espaço maior para redução dos juros. No mercado futuro da BM&F, os juros na virada de 2010 estão sendo negociados a uma taxa Selic de 9,60%.
A Selic abaixo dos 10% ao ano traz uma carga simbólica importante para nós, brasileiros. O mercado dá muita importância a taxa de juros de apenas um dígito como sinal de seriedade na condução da política econômica do país. Desde sua criação, em 1999, a Selic nunca havia cruzado essa fronteira. Por isso ainda existe o receio em segmentos da opinião pública sobre os riscos associados a esse movimento.
Mas a taxa de juros não é um fetiche a ser tratado com medo e insegurança. Ela é o instrumento mais importante na gestão macroeconômica e visa alcançar uma situação de crescimento econômico com estabilidade de preços. No quadro atual de desaquecimento bastante forte e com o aparecimento de uma capacidade ociosa expressiva no tecido produtivo brasileiro, o BC tem a oportunidade de olhar de forma mais concreta para a questão da preservação do crescimento.
Outro elemento importante no desenho da política monetária é o estado do mercado de trabalho. Antes do choque externo de setembro do ano passado, as pressões salariais eram um componente importante nas preocupações do Banco Central. No quadro atual, o aumento do desemprego, que vai acontecer ao longo dos próximos meses, reduzirá de forma importante essas pressões e permitirá uma queda mais acentuada da inflação.
Finalmente, uma força de natureza conjuntural que vai agir sobre a inflação em 2010 -a indexação ao IGP de vários preços de serviços importantes- também ajuda na redução mais agressiva dos juros. O IGP deve chegar a 3% neste ano, contra mais de 9% em 2008, reduzindo a rigidez dos preços administrados. As previsões sobre a inflação no próximo ano já mostram que uma taxa de 3% a 3,5% poderá ocorrer.
Se isso se confirmar ao longo dos próximos meses, não haverá por que a taxa Selic não bater novos recordes de baixa. Não me parece irresponsabilidade falar sobre 8% ao ano como um número a ser atingido em meados de 2010.
Entrevista:O Estado inteligente
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