Desde fins de setembro, o BC promoveu várias rodadas de liberalização de recursos, diminuindo os níveis de recolhimento compulsório e estimulando a venda de carteiras dos bancos pequenos e médios que sofreram com a crise de crédito.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, acredita que a oferta de crédito crescerá 16% em 2009. É um porcentual bem inferior aos 27,8% de 2007 e aos 32,8% estimados para 2008, pois já se dá como certa a redução dos empréstimos em algumas linhas, como as destinadas ao financiamento de veículos.
Como proporção do PIB, a oferta de crédito cresceu 41,9% nos últimos dez anos, passando de 28,4%, em novembro de 1998, para 40,3% do PIB, em novembro de 2008. Mas o ritmo não foi uniforme. Às vésperas da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em dezembro de 2002, o crédito chegou a cair para 22% do PIB - e, em relação a essa base de comparação, cresceu 83,1% neste governo.
As operações de crédito começaram a arrefecer em outubro, segundo o Relatório de Inflação do BC. A tendência só não foi mais forte porque o BNDES aumentou os empréstimos e os demais bancos públicos foram incumbidos pelo governo de ampliar suas operações.
Mas para que o crédito cresça em 2009 os bancos privados terão de aumentar as operações. Eles respondiam, em outubro, por 65% da oferta de empréstimos. A outra condição é o interesse dos tomadores. Mas não há certeza quanto a isto. Muitos consumidores estão apreensivos com seus empregos e as empresas, com a preservação de seus mercados.
O BC agiu corretamente ao ampliar a disponibilidade de recursos para empréstimos. Mas o próximo passo é crucial: trata-se de retomar um processo de redução cuidadosa da taxa básica de juros, a partir da reunião de janeiro do Copom.
O BC não dispõe, segundo a reportagem, de instrumentos para avaliar em que medida a redução dos compulsórios ajudará a elevar o crédito. A explicação é que só agora o compulsório está sendo usado para estimular os empréstimos.