O GLOBO - 16/07
Uma boa notícia desta semana virá da prévia da inflação de julho, pelo IPCA-15.Ela pode ficar muito perto de zero, um pouco acima. Oscilará entre zero e 0,1%. É ainda a preliminar, mas indica que o IPCA deste mês ficará bem baixo, e a taxa em 12 meses voltará para dentro do espaço de flutuação da meta. No mês de agosto, também a taxa de um ano vai cair mais um pouquinho.
Essa é a previsão mais comum no mercado. Os números oscilam um pouco, e no Boletim Focus a previsão é de 0,2% para o IPCA-15, mas os cinco economistas que mais acertam apostam em 0,13%. O economista Luiz Roberto Cunha acha que ficará mesmo nesse nível, podendo até ser menor.
Não é a vitória sobre a inflação que tanto nos esquentou a cabeça nos últimos meses, mas é um período sazonal de redução, somado ao fim da expectativa de que o Banco Central assistiria a tudo sem reagir. A redução é um alívio para as famílias e para o BC.
Uma parte da queda da inflação em julho tem a ver com a revogação dos aumentos de tarifas, que, como todos sabem, só é sustentável se forem dados novos passos que não tornem esse movimento artificial. Inflação reprimida acaba explodindo um dia. É preciso ver se havia mesmo gorduras a serem tiradas das tarifas.
Outra parte é queda da inflação de alimentos. Os preços subiram muito durante muito tempo, mas agora começam a parar de subir. Leite, feijão preto, derivados de trigo continuam em alta, mas feijão rajado, café, óleo, batatas, hortaliças, verduras estão em sua maioria com tendência de queda, avalia Luiz Roberto Cunha, analisando as tabelas do IBGE:
- A inflação acumulada em 12 meses, que está em 6,7%, pode cair para 6,4% e, em agosto, para 6,2% e ir em direção a 5,7%, no final do ano, se não houver novos sustos.
O dólar é uma pressão sobre os preços, mas a maioria dos economistas acredita que ele parou de subir. Ficando entre R$ 2,20 e R$ 2,30, ele não produzirá novos efeitos. De qualquer maneira, já produziu um estrago e cria dificuldades para algumas empresas, principalmente a Petrobras, pela diferença do preço da gasolina.
Os números de julho e agosto vão dar um alívio no orçamento das famílias, mas não muito, porque os preços subiram tanto nos últimos meses que elas estão sem margem para novos gastos. Os compromissos financeiros comem uma parte importante do orçamento e agora, mesmo com demanda maior por crédito, a oferta está mais seletiva.
Isso não resolve todos os problemas da economia, longe disso, mas pelo menos é uma notícia boa no front, que só teve más notícias durante muito tempo. Não é apenas queda da inflação mensal, como a puxada pela inflação de alimentos, que chegou a estar em 15%.
- As expectativas dos empresários continuam muito pessimistas, principalmente pelo quadro político instável e as incertezas regulatórias. Se o leilão do pré-sal e os leilões de concessões das estradas forem um sucesso, haverá um aumento do otimismo. Mas hoje o cenário mais provável é de baixo crescimento este ano e no próximo. Se a inflação ficar mais baixa, ajudará a melhorar o quadro - diz o economista.
O IPCA-15 será divulgado na sexta-feira e deve trazer a boa notícia da desaceleração dos aumentos de preços. Os cálculos dos economistas também mostram que, apesar de várias surpresas negativas, haverá algum crescimento no segundo trimestre. Nada animador, no entanto. O grande problema continua não tendo solução à vista: como fazer para retomar o ritmo mais forte. Não há mais espaço fiscal para novas desonerações e elas só conseguiram produzir várias distorções na economia. Mas, pelo menos, a inflação será baixa em julho.