ESTADÃO - 28/08
Um expressivo número de relatórios e de análises técnicas vem advertindo para o forte impacto negativo sobre a indústria brasileira que começa a ser causado pela importante revolução energética em curso nos Estados Unidos. No entanto, nem o governo nem os dirigentes da indústria parecem mobilizados para uma resposta adequada para o que vem vindo aí.
A novidade, que já tem três anos, é a abundante produção de gás de xisto que vai sendo colocado no mercado dos Estados Unidos a preços correspondentes a cerca de 20% dos praticados tanto no Brasil como na Europa.
Esse tema já foi objeto de vários comentários neste espaço, mas é preciso recuperar o principal. Trata-se da produção de gás por meio de microfraturamento de formações de xisto (rochas que contêm petróleo e gás) por meio de injeção a alta pressão de uma mistura de água, areia e certos compostos químicos.
Hoje cerca de 2 mil empresas nos Estados Unidos atuam nesse negócio. Em mais alguns anos deverão dobrar e contribuir para a autossuficiência em gás e petróleo dos Estados Unidos, que a Agência Internacional de Energia prevê para 2025.
Independentemente das importantes consequências geopolíticas a serem provocadas pelo fim da dependência americana do suprimento de países problemáticos, a perspectiva de abundância de gás a preços baixos deverá deflagrar nova onda de industrialização nos Estados Unidos e nos países que vierem a adotar a nova tecnologia.
A presidente da Petrobrás, Graça Foster, tem repetido que, nas atuais condições, não há possibilidade de competir com esse gás. Em outras palavras, essa é uma forte ameaça à indústria brasileira, especialmente as eletrointensivas e aquelas altamente dependentes do gás natural como matéria-prima, como os setores do vidro, cerâmica e petroquímica, que deverão enfrentar uma concorrência dizimadora.
Este governo, sempre tão disposto a proclamar as excelências de sua política industrial, ainda não esboçou nenhum movimento em direção à definição de uma estratégia para enfrentar essa nova situação.
O Brasil tem vastos reservatórios de xisto. A Agência Nacional do Petróleo (ANP) avalia que apenas três formações (Parecis, Recôncavo Baiano e Parnaíba) têm potencial para produção de 17 trilhões de metros cúbicos de gás.
O primeiro leilão de concessão de gás não convencional está agendado para novembro, mas até agora não há clareza nas suas regras. O pressuposto é o de que as operadoras terão liberdade para adotar a nova tecnologia do microfraturamento. Mas os eventuais interessados terão de operar quase às cegas, por falta de mapeamento geológico que indique a extensão e as características das jazidas.
Também falta balizamento ambiental para esse tipo de atividade, dado o risco de contaminação dos lençóis freáticos e a forte demanda de suprimentos de água. Esse é um fator que, por si só, aumentará os riscos e reduzirá o potencial de receita do Tesouro em bônus de assinatura.
Um expressivo número de relatórios e de análises técnicas vem advertindo para o forte impacto negativo sobre a indústria brasileira que começa a ser causado pela importante revolução energética em curso nos Estados Unidos. No entanto, nem o governo nem os dirigentes da indústria parecem mobilizados para uma resposta adequada para o que vem vindo aí.
A novidade, que já tem três anos, é a abundante produção de gás de xisto que vai sendo colocado no mercado dos Estados Unidos a preços correspondentes a cerca de 20% dos praticados tanto no Brasil como na Europa.
Esse tema já foi objeto de vários comentários neste espaço, mas é preciso recuperar o principal. Trata-se da produção de gás por meio de microfraturamento de formações de xisto (rochas que contêm petróleo e gás) por meio de injeção a alta pressão de uma mistura de água, areia e certos compostos químicos.
Hoje cerca de 2 mil empresas nos Estados Unidos atuam nesse negócio. Em mais alguns anos deverão dobrar e contribuir para a autossuficiência em gás e petróleo dos Estados Unidos, que a Agência Internacional de Energia prevê para 2025.
Independentemente das importantes consequências geopolíticas a serem provocadas pelo fim da dependência americana do suprimento de países problemáticos, a perspectiva de abundância de gás a preços baixos deverá deflagrar nova onda de industrialização nos Estados Unidos e nos países que vierem a adotar a nova tecnologia.
A presidente da Petrobrás, Graça Foster, tem repetido que, nas atuais condições, não há possibilidade de competir com esse gás. Em outras palavras, essa é uma forte ameaça à indústria brasileira, especialmente as eletrointensivas e aquelas altamente dependentes do gás natural como matéria-prima, como os setores do vidro, cerâmica e petroquímica, que deverão enfrentar uma concorrência dizimadora.
Este governo, sempre tão disposto a proclamar as excelências de sua política industrial, ainda não esboçou nenhum movimento em direção à definição de uma estratégia para enfrentar essa nova situação.
O Brasil tem vastos reservatórios de xisto. A Agência Nacional do Petróleo (ANP) avalia que apenas três formações (Parecis, Recôncavo Baiano e Parnaíba) têm potencial para produção de 17 trilhões de metros cúbicos de gás.
O primeiro leilão de concessão de gás não convencional está agendado para novembro, mas até agora não há clareza nas suas regras. O pressuposto é o de que as operadoras terão liberdade para adotar a nova tecnologia do microfraturamento. Mas os eventuais interessados terão de operar quase às cegas, por falta de mapeamento geológico que indique a extensão e as características das jazidas.
Também falta balizamento ambiental para esse tipo de atividade, dado o risco de contaminação dos lençóis freáticos e a forte demanda de suprimentos de água. Esse é um fator que, por si só, aumentará os riscos e reduzirá o potencial de receita do Tesouro em bônus de assinatura.