Entrevista:O Estado inteligente

sábado, agosto 11, 2012

Pibinho geral CELSO MING

O Estado de S.Paulo
Não é só o governo brasileiro que amarga o seu pibinho. No mundo inteiro, dirigentes políticos, homens de negócio, analistas e consultores se mostram decepcionados com a prostração global e com a incapacidade de reação das economias.
É nessa paisagem desolada que as esperanças se voltam para os países emergentes, como se fossem as únicas locomotivas capazes de dar algum empuxo ao trem que quase não avança. É por isso que cada informação que dá conta de problemas com o crescimento da China, do Brasil e da Índia vem produzindo tanto impacto no mercado financeiro global.
A China, por exemplo, continua crescendo 8,2% ao ano, uma enormidade nestes tempos de vacas magras. Mas, se uma nova projeção de boa credibilidade indicar quebra de alguns décimos porcentuais nesse resultado, os mercados reagirão traumatizados, como se fosse grave contusão de atleta candidato à medalha olímpica.
A percepção geral era a de que, há alguns anos, a economia global era bem mais resiliente, ou seja, recuperava-se prontamente de um golpe.
Em parte, a falta de reação acontece porque os bancos centrais agiram mais rapidamente do que no passado. Trataram de criar demanda para títulos podres, inundaram os mercados com uma abundância nunca vista de dinheiro e intervieram para impedir novas quebras de bancos. Tudo isso evitou novos e traumatizantes choques, mas também tirou tração da recuperação. Não limpou de uma vez os mercados. Os esqueletos seguem depositados em muitos armários.
Outro fator de prostração é a situação do euro. É a primeira vez que um grupo importante de países não consegue fazer os ajustes, porque não tem como manejar os mecanismos cambiais. Nessas condições, o quase único recurso é a redução de salários, de aposentadorias, o desemprego e as duras reformas econômicas (a solução alemã), que não encontram respaldo político suficiente.
Uma saída para o impasse seria "criar um país para o euro", o que implicaria a coordenação (e unificação) dos orçamentos do bloco e alto grau de integração política, o equivalente à criação dos Estados Unidos da Europa. Como não há suficiente disposição de abrir mão das soberanias nacionais do continente, não há até agora o que possa reparar o pecado original do euro e, de tal modo, remover um dos maiores obstáculos à superação da crise global - como vem reclamando o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Tim Geithner.
Um terceiro bloqueador de uma virada são as "limitações históricas" que impedem um avanço mais rápido dos países emergentes. São economias que não têm disponibilidade e qualidade da infraestrutura, são carentes de investimentos e de tecnologia avançada e enfrentam atrasos na capacitação de sua mão de obra. São impedimentos para um bom e rápido desempenho da economia.
Esta até pode não ser a maior crise da economia capitalista da história. Mas é uma crise diferente das outras. Tanto é que vai desafiando não só o conhecimento dos especialistas, mas a capacidade de resposta dos dirigentes políticos.

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