O Estado de São Paulo
Tom Jobim previra tudo, menos Cristo Redentor em Londres.
Que lindo.
Não entendo porque no Rio de Janeiro não se construiu uma réplica da mãe-parlamento, Westminster, ano passado, na moita. Ou no peito e na marra, que fosse. Em homenagem aos Jogos Olímpicos deste ano aqui em Londres.
Já dava para ter erguido e caído com muitos poucos mortos e nenhum laudo pericial. Teria sido uma bela homenagem digna dos ideais do barão de Coubertin.
Os ingleses não têm jeito para essas coisas.
Já nós, brasileiros, vejam o que vem sendo publicado aqui. A manchete que mais me feriu os olhos, fazendo também suas cócegas, foi a do Evening Standard de 27 de janeiro: "Brasil quer escultura gigante em Primrose Hill".
Primrose Hill é uma parte simpática, quase que dá para se dizer bucólica, do bairro de Camden, aqui em Londres.
"Escultura gigante" é coisa beirando os 10 metros.
E traduzindo o graúdo em miúdos, o esquema é simples - ou complicadérrimo -: descobriu-se que correm planos secretos para se construir uma réplica do Cristo Redentor no local mencionado como homenagem pouco espontânea, frise-se, às Olimpíadas de 2016, a terem lugar, em ainda havendo construções em pé a essa altura, no Rio de Janeiro.
O projeto, que leva fundos do governo brasileiro, segundo pelo menos o diário londrino Standard já mencionado (circulação: 610.226 exemplares) dividiu a opinião pública, de Camden e fora de Camden, inclusive a bela cabecinha da top model Kate Moss, residente do bairro, e outras pessoas apenas pessoas, top apenas para seus entes queridos.
Segundo o Standard, o projeto é tão importante que a população local vem sendo consultada por equipes especializadas inglesas contratadas pelos brasileiros para angariar dados.
Logo depois, sem cantinho, sem violão, os resultados serão apresentados às autoridades do bairro em questão.
Consta que os brasileiros querem a estátua erguida próxima ao pináculo da região, Primrose Hill, de forma a ser vista, como nosso Cristo Redentor (...e eu que era triste...), até onde os olhos puderem alcançar.
Tudo isso para comemorar o momento em que a tocha olímpica passará da mão dos ingleses para a dos brasileiros ao final dos atuais Jogos Olímpicos após a cerimônia de encerramento a ter lugar no dia 12 de agosto do ano corrente.
Os organizadores de Corcovado II (a Junta de Turismo Brasileira) exigem, ou querem, silêncio total em torno do evento. (Muita calma pra pensar?) Tal não foi possível. O Bom Tom, poeta e compositor, previra tudo, até as gravações com Sinatra, menos Corcovado em Primrose Hill.
Malcolm Kafetz, diretor da Associação de Amigos de Primrose Hill, considera a estátua unsuitable (inadequada). Um gentleman este senhor Kafetz.
Já um porta-voz para a firma Dalton Warner Davis, que trabalha com, como diz o samba, "muita coisa pra pensar" e a Junta de Turismo Brasileira, declarou que há um "número de outras opções em vista e qualquer comentário seria prematuro".
Não sendo minha vista, ou de minha janela, danem-se e "prematuro" é os tinflas. Para variar, a besteira ronda Londres.
Sou mais Chega de Saudade ou Desafinado. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
Não entendo porque no Rio de Janeiro não se construiu uma réplica da mãe-parlamento, Westminster, ano passado, na moita. Ou no peito e na marra, que fosse. Em homenagem aos Jogos Olímpicos deste ano aqui em Londres.
Já dava para ter erguido e caído com muitos poucos mortos e nenhum laudo pericial. Teria sido uma bela homenagem digna dos ideais do barão de Coubertin.
Os ingleses não têm jeito para essas coisas.
Já nós, brasileiros, vejam o que vem sendo publicado aqui. A manchete que mais me feriu os olhos, fazendo também suas cócegas, foi a do Evening Standard de 27 de janeiro: "Brasil quer escultura gigante em Primrose Hill".
Primrose Hill é uma parte simpática, quase que dá para se dizer bucólica, do bairro de Camden, aqui em Londres.
"Escultura gigante" é coisa beirando os 10 metros.
E traduzindo o graúdo em miúdos, o esquema é simples - ou complicadérrimo -: descobriu-se que correm planos secretos para se construir uma réplica do Cristo Redentor no local mencionado como homenagem pouco espontânea, frise-se, às Olimpíadas de 2016, a terem lugar, em ainda havendo construções em pé a essa altura, no Rio de Janeiro.
O projeto, que leva fundos do governo brasileiro, segundo pelo menos o diário londrino Standard já mencionado (circulação: 610.226 exemplares) dividiu a opinião pública, de Camden e fora de Camden, inclusive a bela cabecinha da top model Kate Moss, residente do bairro, e outras pessoas apenas pessoas, top apenas para seus entes queridos.
Segundo o Standard, o projeto é tão importante que a população local vem sendo consultada por equipes especializadas inglesas contratadas pelos brasileiros para angariar dados.
Logo depois, sem cantinho, sem violão, os resultados serão apresentados às autoridades do bairro em questão.
Consta que os brasileiros querem a estátua erguida próxima ao pináculo da região, Primrose Hill, de forma a ser vista, como nosso Cristo Redentor (...e eu que era triste...), até onde os olhos puderem alcançar.
Tudo isso para comemorar o momento em que a tocha olímpica passará da mão dos ingleses para a dos brasileiros ao final dos atuais Jogos Olímpicos após a cerimônia de encerramento a ter lugar no dia 12 de agosto do ano corrente.
Os organizadores de Corcovado II (a Junta de Turismo Brasileira) exigem, ou querem, silêncio total em torno do evento. (Muita calma pra pensar?) Tal não foi possível. O Bom Tom, poeta e compositor, previra tudo, até as gravações com Sinatra, menos Corcovado em Primrose Hill.
Malcolm Kafetz, diretor da Associação de Amigos de Primrose Hill, considera a estátua unsuitable (inadequada). Um gentleman este senhor Kafetz.
Já um porta-voz para a firma Dalton Warner Davis, que trabalha com, como diz o samba, "muita coisa pra pensar" e a Junta de Turismo Brasileira, declarou que há um "número de outras opções em vista e qualquer comentário seria prematuro".
Não sendo minha vista, ou de minha janela, danem-se e "prematuro" é os tinflas. Para variar, a besteira ronda Londres.
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