VALOR ECONÔMICO
EX-GOVERNADOR NEGA AÇÃO CONTRA GUERRA PARA PRESIDIR PSDB
Cristiane Agostine | De São Paulo
Sem mandato eletivo e sem cargo de destaque no PSDB, o ex-governador José Serra (PSDB) afirma que pretende continuar como liderança da oposição no país e trabalhará para que ela seja mais "viva" e "eficiente". Serra, no entanto, não deixa claro se pretende comandar o PSDB. Diz que não sabe ao certo quando será a eleição interna, mas ressalta que não fará "nenhum gesto" para encurtar o mandato do presidente do partido, deputado Sérgio Guerra (PE). Derrotado na disputa presidencial de 2010, Serra descarta candidatar-se em 2012 para a Prefeitura de São Paulo, e desconversa sobre suas pretensões eleitorais para 2014. Abaixo, a entrevista que o ex-governador concedeu ao Valor, por e-mail:
Valor: Como o senhor pretende retornar à cena política nacional? Quais são os seus planos?
José Serra : Eu não vou retornar, pelo simples fato de que não sai dela. É o sentido de vida que escolhi. As formas variam desde que me engajei na política, quando líder estudantil, passando pelo exílio, pela universidade, Congresso e Executivo. O conteúdo é que não varia: servir a nosso povo e ao nosso país. Parafraseando aquele poeta espanhol, o caminho será feito pelo andar.
Valor: O senhor pretende candidatar-se à presidência do PSDB?
Serra : Apesar de todas as especulações sobre isso, devo dizer que a questão é extemporânea. Nem sei bem quando será a eleição. Não vou fazer nenhum gesto que possa, de alguma maneira, encurtar o mandato do presidente Sérgio Guerra. Vou agir como gostaria que agissem comigo. E sempre pensando no interesse do Brasil. E o Brasil precisa de uma oposição com unidade de ação, ideias claras, coragem e disposição para fiscalizar, cobrar, empurrar o governo para as posições que atendam ao interesse dos brasileiros. Vou trabalhar, com minha experiência, meus conhecimentos e minha liderança, para que a oposição seja cada vez mais ágil, mais viva, mais coerente e mais eficiente. Dentro e fora da estrutura partidária. É preciso fazer embate vivo de ideias e propostas. Isso tudo é necessário ao funcionamento da democracia, melhora o país. No Brasil, às vezes, pensa-se que o vencedor leva tudo, "the winner takes all". Mas não é assim. Tivemos o voto de quase 44 milhões de brasileiros. Perto de 44% dos eleitores que votaram, no segundo turno, apoiaram a nossa proposta. Embora tenha perdido, o PSDB cresceu. Temos de honrar esses votos. Temos de representar esses eleitores. Temos de manter esses eleitores informados e orgulhosos de sua escolha.
Valor: Qual a avaliação do senhor sobre a manifestação da bancada do PSDB da Câmara em apoio à reeleição do deputado Sérgio Guerra no comando do partido?
Serra : Criou-se um mal-entendido, um equívoco. Se os deputados estão em uma reunião e alguém propõe uma manifestação de apoio ao atual presidente do partido, é natural que todos apoiem. Todos assinaram. Em nenhum momento se colocou se haveria, ou não, outro candidato. Não era fulano contra beltrano. Eu apoiei a eleição do presidente Sérgio Guerra e o escolhi para coordenar a minha campanha. As assinaturas não devem ser interpretadas como uma manifestação contra mim, ou contra o [senador] Aécio [Neves], ou contra o [ex-presidente] Fernando Henrique [Cardoso], ou contra o [ex-senador] Tasso [Jereissati]. Como disse o [governador de São Paulo, Geraldo] Alckmin, ainda é cedo para se decidir sobre a futura direção do PSDB.
Valor: O senhor pretende candidatar-se a algum cargo eletivo nas próximas eleições, em 2012? E em 2014?
Serra : Não vou me candidatar em 2012. E 2014 ainda está muito longe. Seria burrice especular sobre o que vai acontecer daqui a quatro anos. É um erro grave trazer 2014 a valor presente.
Valor: Caso o senhor não pretenda se candidatar à Prefeitura de São Paulo em 2012, qual nome o senhor apoiaria para a disputa?
Serra : Vou apoiar o candidato que o meu partido, o PSDB, indicar.
Valor: Como poderá ser a relação política entre o senhor e o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, caso ele migre do DEM para o PMDB?
Serra : Tenho com o prefeito Kassab uma boa relação, pessoal, de amizade, pessoal e política. Mas seria tolo especular sobre algo hipotético, que pode ou não acontecer num futuro ainda indeterminado.
Valor: Como tem sido a sua relação com o governador Geraldo Alckmin? O senhor aprova a aproximação do governo paulista com o governo federal? E concorda com as mudanças que estão ocorrendo em secretarias estaduais como as de Transportes Metropolitanos, Saúde, Educação, Habitação e Desenvolvimento Social?
Serra : Minha relação com o governador é ótima. Temos conversado com bastante frequência, e vou torcer e ajudar para que ele faça um excelente governo. Tenho certeza de que fará. Qualquer governante, de qualquer partido, tem de trabalhar em cooperação com outras esferas de governo, de qualquer partido. O interesse da população deve prevalecer. É assim que eu fiz quando fui ministro, prefeito e governador. Assim que vejo o governador Alckmin agir. Sobre as ações estaduais, não estou preocupado se há esta ou aquela diferença em relação a eventuais decisões que eu tenha tomado no passado. Cada governante tem o seu jeito, seu "timing", sua visão, sua avaliação e as condições objetivas para trabalhar. Tenho plena confiança de que o governador Alckmin vai fazer uma gestão muito boa. Além da certeza, o governador Alckmin tem o meu apoio, a minha torcida, a minha solidariedade e a minha ajuda, se precisar.
Valor: O senhor tem conversado com o senador Aécio Neves? Acredita que ele poderá ser o grande líder da oposição no Congresso?
Serra : Se ele vai ser ou não um grande líder da oposição no Congresso, depende dele. Ele tem experiência pra isso.
Valor: O senhor disse que passaria a dar palestras, a partir deste ano como forma de obter recursos. O senhor já começou a dar palestras? Quais foram os convites que o senhor recebeu?
Serra : Vou trabalhar para viver, fazendo palestras, dando aulas e escrevendo. Também sei governar e legislar. Mas, no momento, estou sem mandato.
Entrevista:O Estado inteligente
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